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9 nov, 2011

HTC Ultimate, o Windows Phone monstro

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O HTC Ultimate é o primeiro aparelho com o Windows Phone 7.5 no Brasil, e o maior também. Por R$ 1.799, desbloqueado (por enquanto exclusividade da Vivo), ele também é dos mais caros e certamente um smartphone bastante diferente do que você está acostumado. Será que este gigante é o que você estava procurando? Descubra no nosso completíssimo review.

Aviso

Um aviso que acho importante: tentamos sempre ser o mais objetivos possível, mas temos consciência que nossos reviews serão pontuados por comparações que têm a ver com o que temos e gostamos, aliado a conhecimento e experiência de outros aparelhos – nunca espere aqui ler algo estritamente técnico.

No meu caso, um background rápido: depois de passar por E71 e 5800, eu tive e amei meu Milestone, usei por muito tempo um Galaxy S e depois de vários meses com um iPhone 4 como celular principal (e testando novos Androids paralelamente, como Atrix e S II), fiz o upgrade para o 4S. O iPhone é hoje o smartphone que mais gosto de usar: é tudo mais estável e rápido, especialmente para o que eu uso (navegar na internet, fotos e jogos).

Não sou hacker, já instalei mas acho um saco customizar o Android com ROMs diferentes e acho que um celular  deveria vir absolutamente pronto para uso tirando da caixinha. Este é o meu filtro. Considere tudo isso ao ler o review que se segue e entenda que você é diferente de mim, e pode dar mais ou menos valor a determinadas vantagens/defeitos do aparelho.

Introdução

Um processador de 1,5 GHz single-core, 16 GB de espaço interno, tela de 4,7” com cores vívidas (mas resolução apenas OK), câmera excelente, bateria surpreendente, construção impecável. Em termos de hardware, não há muito o que reclamar do Ultimate: ele está ali no topo da cadeia. Se você acha que 4,7” e 160g é confortável, todo o resto é excelente, e a única coisa que está entre você e este smartphone incrível (além da dinheirama) é o Windows Phone 7.5. Então vamos mudar a ordem do review e examinar este diferente sistema operacional que logo voltamos para dissecá-lo. Vem comigo.

Como é esse tal de Windows Phone 7.5?

Tem 15 minutos sobrando aí? Eu posso escrever um bocado, mas o melhor é ver o sistema em ação:

Desde que o conceito de “PDAs” apareceu, com seus atalhos para programinhas em aparelhos com tela sensível ao toque (então, canetinha), parecem ter decidido que esta era a melhor maneira de fazer um sistema operacional para smartphone. O iPhone refinou a ideia em 2007, o Android incluiu notificações e incorporou os widgets (que já vinham do Symbian).

A lógica era análoga ao computador: para ver o que os amigos falam no Twitter, basta entrar no app correspondente; mandar um SMS, app de “mensagem”; para ver a letra de uma música, app de letra de música. Parece fazer sentido, mas o resultado é que os usuários mais pesados ficam entrando e saindo de apps o tempo todo – e falta um Alt+Tab no sistema.

Curiosamente a Microsoft, que prega essa lógica em seus Windows para computadores, mudou o paradigma quando em 2010 jogou fora o – funcional, mas horroroso – Windows Phone 6.5 e fez tudo do zero. O Windows Phone 7 segue outra lógica: tudo é concentrado em “hubs”: Quer ver fotos? Entre no hub “fotos” que você poderá ver seus álbuns do Facebook, as fotos da câmera e as últimas imagens adicionadas pelos seus amigos.

Em “contatos”, é possível ver não só nome, telefone e e-mail, mas últimas atualizações em redes sociais, e-mails e mensagens trocadas – mais ou menos como o Motoblur ou a interface Sense nos Androids já faz, mas de maneira mais elegante. Em “Música e Vídeo” você poderá checar não apenas a música que está tocando, mas também acessar apps específicos relacionados a música, como um editor de áudio ou visualizador de letras.

Além do conceito de hubs, há os “Live Tiles”, que são os quadradinhos que ficam na tela principal e são animados: as fotos mudam toda vez que você volta à página principal, o de “contatos” mostra as fotos dos últimos amigos que entraram nas redes sociais e escreveram algo

Há alguns que trazem informações relevantes, como o de tempo (você vê a temperatura sem precisar clicar), mas a ideia deles parece ser mais te incentivar a explorar o conteúdo do telefone do que se informar sem entrar nos apps específicos, o que seria o caso das notificações do iOS ou widgets do Android.

Acima desses dois conceitos, há uma padronização gráfica não vista em qualquer outro aparelho: em basicamente qualquer app há sempre as letras grandes com a mesma fonte, quadradões e vários “paineis” navegáveis horizontalmente (com o gesto de deslizar), ao invés de botões de menu. A ideia é que mesmo quando você entre nos apps seja fácil entender a interface.

Não há muita diferença visual, por exemplo, entre o app do Foursquare e o app nativo de música. É uma sacada muito interessante e funciona bem na maioria das vezes, mas pode afastar alguns desenvolvedores receosos sobre o futuro da plataforma.

A customização é limitada aos papeis de parede da tela de bloqueio e a maneira com que você fixa os quadrados: quais apps, contatos, grupos ou favoritos de internet ficam na homescreen. Se você gosta de mil atalhos ela pode ficar meio longa, verticalmente, mas mesmo vindo de um sistema que organiza as pastas de maneira fácil, não achei que faltou espaço para por os apps, se você se acostumar com a ideia dos hubs e usar a busca (bem rápida).

E funciona bem?

Ele é incrivelmente rápido e estável. Entre os apps nativos, não há qualquer soluço entre entrar e sair e as transições acontecem de maneira bastante fluida – até as animações de espera, com as bolinhas, são elegantes.

A multitarefa é ótima, e pega o melhor que a do iOS (em vez de deixar o app aberto comendo recursos, ele usa uma espécie de savestate) com o que se vê no Honeycomb (miniaturas). Basta segurar o botão de voltar, selecionar alguma coisa e pronto, você está de volta onde parou. A questão é que, como no iOS, a velocidade de retomada depende do app.

Quando você sai de alguns jogos, por exemplo, o app reinicia até você selecionar “continuar” e voltar à jogatina. Isso pode se dever aos 512 MB de RAM, mas não sabemos. De todo modo, o Ultimate é tão rápido quanto o Galaxy S II ou o iPhone 4S na média – talvez mais consistentemente rápido que ambos por um fio de cabelo. Isto posto, por algum motivo a taxa de transferência de dados na rede 3G poderia ser um pouco melhor.

Um “refresh” no Facebook levava 15 segundos no mesmo lugar e com o mesmo chip que o iPhone 4S levava 5. É um problema notado por vários desenvolvedores, inclusive, e dependendo da aplicação pode diminuir a sensação de velocidade. Acho que hoje o gargalo de velocidade está muito mais na conexão do que no hardware do smartphone, mas isso é conversa para outro dia.

Tão ou mais importante que a velocidade é a estabilidade. E em meu período de testes, ele travou totalmente apenas uma vez e para reiniciá-lo precisei apenas desligar e ligar de novo. Li vários comentários temerosos com a “Tela Azul da Morte”, mas não foi isso que vi. Fiquem tranquilos.

Produtividade, nuvem e Office

Se você gosta de trabalhar num smartphone, o HTC Ultimate é provavelmente a melhor solução hoje. A tela grande permite a digitação tranquila, e a qualidade da tela e o dicionário do teclado ajudam. Por ser um smartphone da Microsoft, você pode não apenas abrir arquivos do Office, mas modificá-los também, de maneira integrada, sem um app extra.

Se você encontrou aquela odiosa planilha no e-mail, é possível abrí-la rapidamente, reordenar os dados e inserir alguma regra, por exemplo. A experiência é mais ou menos assim:

O cliente de e-mail também tem boas sacadas se você usa um e-mail corporativo ou sincronizado com o Outlook, com bastante destaque para o remetente. Eu particularmente ainda acho a organização e velocidade de busca do app do Gmail no Android imbatíveis, mas se você tem um e-mail corporativo e está acostumado em marcar coisas como “importantes” e organizar em pastas, vai apreciar a experiência de e-mail aqui.

Os 25 GB do Skydrive são bem melhores que qualquer coisa da concorrência também. Por ali dá pra criar documentos ou armazenar músicas que podem ser ouvidas por streaming no Ultimate. O Windows Phone também pode ser configurado para mandar as fotos automaticamente quando estiver pelo Wi-Fi e sincronizar com o Zune (um software bem mais elegante que o iTunes, mas igualmente pesado) sem fios.

E o que não é legal então?

Os principais problemas: a falta de apps e a experiência do Internet Explorer mobile. O IE é, na falta de uma palavra melhor, inconsistente. Em algumas páginas ele entra rapidíssimo e em outras demora inexplicavelmente ou mostra fotos e imagens aparecerem fora de lugar/alinhamento em um punhado de sites que testamos.

Às vezes ele mostra vídeos do Youtube embed nas páginas (trocando para HTML5 ou jogando para o player externo do Youtube, como o iOS), às vezes não. Não há suporte nativo para Flash (como no Android) nem browsers capazes ver estes sites (como o Puffin do iOS). Além de tudo isso, a renderização das fontes em zoom out é imperfeita, então mesmo uma tela grande você precisa constantemente ir pra um lado e outro e dar zoom para ler.

Em outras palavras, mesmo com uma tela menor, é mais fácil ler coisas sem dar um zoom no iPhone 4 do que no Ultimate. Não é um problema de processamento: uma vez que você entra na página, tudo é lindamente rápido. Mas há espaço para melhoras, certamente.

Apps

A cesta básica do smartphone está lá: Whatsapp, Dropbox, IMDB, Runkeeper, Accuweather, Evernote e etc. Além disso, o Facebook é mais ou menos incorporado ao sistema e o Office não demanda apps extras (normalmente caros em outros sistemas).

O próprio WhatsApp, que todo mundo adora hoje em dia, é mais ou menos desnecessário por aqui. Suponha que alguém comece uma conversa com você por um SMS. No hub de mensagens você poderá responder com outro torpedo ou com uma mensagem do Live Messenger ou Facebook, pelo Wi-Fi, sem gastar dados. É uma alternativa interessante e, como no caso de várias funcionalidades básicas do Windows Phone 7.5, não precisa de outros apps.

Mas a verdade é que senti falta de bastante coisa: algo para subir vídeos no Vimeo ou postar em blogs ou um leitor de RSS que sincronize com o Google Reader que dê gosto.

Há coisas que quebram o galho, mas quanto mais específico você quer, mais você vê que faltam coisas. Não é exatamente quantidade – há um número suficiente até, e acho que uma app store de 10.000 apps já é mais que suficiente para 99% das pessoas. Mas, de novo, o problema é a inconsistência.

Enquanto há programas que entendem a programação visual do Windows Phone e rodam melhor que em outros sistemas (como o imdb ou Foursquare), há coisas que eu não esperava que passariam pelo crivo da Microsoft, tipo o Google Plus News ou Angry at Birds, com ícones enganadores.

Outros vários apps são apenas feeds de terceiros (como o blog do National Geographic ou a ESPN), então há tanta picaretagem quanto no Android, mas como não há tanta gente assim baixando, faltam filtros para mostrar o que realmente é relevante.

É sério, passeie pelo Marketplace BR e veja os “melhores apps”. É depressão instantânea, especialmente porque não há comparativamente muitas coisas boas gratuitas. O preço mínimo de R$ 1,99 é ok, mas há pequenas coisas com funcionalidade limitada que você encontraria de graça no iOS e Android e que custam esse valor no Marketplace.

O Marketplace brasileiro ainda está engatinhando, então faltam muitas coisas que não fazem muito sentido. Quando fizemos o vídeo, ainda não havia um único jogo. Já há umas duas dezenas (Minesweeper é incrivelmente viciante!) deles e a Microsoft promete acelerar a vinda dos “Xbox Live enabled” para cá, mas comparando com o Android Market ou a App Store a coisa é um deserto.

O quanto que um universo vasto de apps é importante é uma questão um bocado pessoal, mas tenha em mente que a situação do Marketplace para Windows Phone ainda é precária aqui. Especialmente porque é muito mais difícil se fingir estrangeiro – não há atalhos como “comprar gift cards” e usar mais de uma região no mesmo aparelho.

É preciso usar uma conta totalmente diferente, resetar o aparelho, mudar a região da Live, ter a sorte de o endereço da fatura do seu cartão ter o mesmo CEP que alguma cidade americana… Enfim, não vale. E não é só isso.

A diferença de um Windows Phone manco

O Bing é um mecanismo de buscas cada vez melhor e está profundamente integrado com o Windows Phone. Mas aqui no Brasil ele é um bocado limitado. Lá fora há a função “Local Scout” que indica, por exemplo, bons restaurantes e baladas próximos, ou dá a navegação curva a curva com comandos de voz – nada disso está presente aqui.

O Zune Pass, que permite download ilimitado de músicas (outra funcionalidade que poderia ser matadora) também não está presente, bem como os comandos de voz que aceitam várias ações em inglês, mas nada em PT-BR. A Microsoft Brasil promete que ao longo de 2012 implementará tudo isso, mas por enquanto ficaremos apenas na torcida.

Hardware

Não decidi qual é o melhor material para se construir um celular. Sei que a traseira emborrachada do Ultimate está ali junto do N8 como smartphone com melhor construção que já vi. O design não tem muitas frescuras: é uma tela gigante com os 3 botões padrão do Windows (voltar, busca no Windows/Home e  busca no Bing) e atrás uma leve protuberância para a câmera.

Uma cor levemente diferente do padrão preto. Na verdade ele é sóbrio, até normal. Não fosse pelas dimensões: 131,5 x 70,7 x 9,9 mm. Ele não é grosso e no papel parece poucos milímetros maior que o S II (125,3 x 66,1 x 8,5 mm), mas está no limite do aceitável e é certamente maior que qualquer outro aparelho que você mexeu. É bom segurar na mão antes de decidir se é isso que você quer. Culpa da tela.

Mas pra que essa tela tão grande, vovó?

É pra te ver melhor. Ou deveria ser. Com 4,7”, você pode ver melhor a foto na hora de tirar e afastar o rosto do Ultimate, pode ver filmes sem muitos problemas, jogar com mais espaço para controlar com os dedos e algumas outras pequenas vantagens relacionadas a imagens. Mas na hora de ler páginas na web ou ver gráficos, fica claro que faltam pixels.

A resolução padrão do Windows Phone, de 480×800, é ok numa tela menor, mas faz com que as coisas fiquem em alguns momentos meio pixeladas, com serrilhado aparente, em uma tela deste tamanho. Há um problema de ausência de anti-aliasing na renderização das fontes, então, de novo, falta legibilidade – você não consegue ler melhor um livro do Kindle com este tanto de espaço a mais. Vindo do “retina display”, isso é evidente. Não é que ele seja ruim, mas que a menor densidade de pixels deixe a sensação de que esse tanto de tela seja um grande exagero.

Mas sejamos justos: a tela do Ultimate desaponta apenas no quesito resolução, porque em termos de brilho, contraste (com o excesso de pretos do WP) e ângulo de visão, ela é ótima.

O vidro não é o famoso Gorila Glass, mas algo “resistente a quedas” – na apresentação do produto um representante da HTC deixou-o cair de 1,5 metro umas duas vezes e ficou tudo bem. Aliás, parênteses rápido, o Gorilla Glass é cada vez mais uma grife que qualquer outra coisa.

O Motorola RAZR que está na nossa redação rachou o seu Gorilla Glass na primeira queda de 50 cm. Em resumo: a tela do Ultimate se garante quando não falamos de pixels.

Bateria, GPS e som

Com uma tela desse tamanho e um processador rodando a 1,5 GHz, havia um grande temor sobre a capacidade da bateria. Não temam: miraculosamente a autonomia do Ultimate está bem acima da média. Donos de Androids potentes ou iPhones mais antigos que precisam fazer malabarismos, desligando coisas para ver o celular chegar ao fim do dia, ficarão bem impressionados.

No meu uso comum-incommum, que envolve bastante música, e-mail, navegação ocasional e fotos, ele chegava ao fim do dia com 35%, o que é uma vitória. É mais ou menos o mesmo que consigo no iPhone 4 e mais do que tive em qualquer Android. Não rodei muitos vídeos ou abusei dos jogos, mas o ponto é que para um uso moderado para pesado você não precisa se preocupar com um carregador perto. Em standby, com um uso mais normal, sem 3G, ele passa de 2 dias numa boa.

Como a mágica acontece? São dois os principais fatores que eu desconfio: o primeiro é o “system on a chip” da Qualcomm (que tem do processador à GPU passando pela antena), um Snapdragon de segunda geração, que tem sido reconhecido pela eficiência.

O segundo é o próprio Windows Phone, que além de consumir menos recursos quando está “parado”, tem a interface toda preta, o que diminui a iluminação da tela, além de um melhor gerenciamento das notificações e atualizações – que parecem ser checadas todas de uma vez, em intervalos regulares.

O GPS funciona bem, estabelecendo a localização razoavelmente rápido – não tão rápido quanto o iPhone 4S, mas definitivamente melhor que o S II (Que eu considero os concorrentes diretos). O Bing mapas é bom, depois que você se acostuma com as cores um pouco diferentes, mas acabei usando uma versão do Google Maps.

O hardware dá conta, mas em termos de software de geolocalização, iOS e Android estão bem à frente. Vejamos o que a Nokia consegue fazer.

Ah, sim, tem um pessoal que usa esse monstro como celular. O Ultimate tem o já popular microfone extra para eliminar ruidos, a recepção é perfeita e a qualidade das ligações está ali junto dos melhores Motorolas no topo de melhores telefones.

Falando em qualidade de áudio, o Ultimate é provavelmente o melhor tocador de música: além de ter uma amplificação bem melhor que, por exemplo, o S II, o software do Zune é estiloso e o equalizador interno com tecnologia SRS ajudam a entregar sons limpos e sem distorção com fones bons. Aliás, bem que a HTC poderia incluir uns Beats, não?

Câmera

Ao contrário de muitos smartphones da HTC, a câmera do Ultimate é ótima, uma adaptação da encontrada no excelente myTouch 4G. O flash é potente, e a abertura F/2.2 permite fotos bem aceitáveis com pouca iluminação.

Em resumo, ela está ali certamente entre as 5 melhores câmeras de celular, mas ainda é uma câmera de celular, com a notória ausência de profundidade de campo e alta compressão. Os meus problemas com ela são algumas cores bastante erradas em iluminação artificial e a falta de contraste em algumas fotos externas – da mesma posição, às vezes o Ultimate acerta o branco, outras vezes não.

Bons fotógrafos costumam dizer que “a melhor câmera é a que está com você”, e neste sentido a do Ultimate tem uma vantagem sobre as outras: é estupidamente rápida. Basta tirar o smartphone do bolso com o dedo no botão disparador dedicado que quando ele está na altura do seu olho já está pronto para bater a foto – o tal “cold start” só deve ser batido pelo Galaxy Nexus com ICS e olhe lá. O intervalo entre uma foto e outra é bem impressionante, e a telona ajuda a ter uma ideia se a foto foi boa ou não.

Poderá ver as imagens acima ampliadas e mais outras amostras aqui.

Já em termos de vídeo, a filmagem deixa um pouco a desejar. O fato de ser 720p não me incomoda – ainda acho 1080p desnecessário considerando o tanto de ruído, rolling shutter e falta de estabilização. A filmadora do Ultimate não chega a ser ruim, mas ao contrário da câmera não está em pé de igualdade com S II, N8 e iPhone 4S.

Conclusões

Ufa! Cansou das comparações e excesso de adjetivos na opinião? Pois é. Os reviews do Gizmodo são como se estivéssemos respondendo a uma amigo que pergunta “ei, isso é legal? Você acha que eu devo comprar? É melhor do que Y?”. E, bem, é muito mais difícil responder no caso do HTC Ultimate.

Muitos perguntaram para mim especificamente se trocaria o meu iPhone 4S por ele. E, bem, a resposta é não. Para mim, faltam apps específicos (e como alguém que está há certo tempo no iOS, já gastei um bom dinheiro com eles), é bem mais fácil se fingir de americano e comprar o que quiser na iTunes US, a navegação na web é significativamente mais rápida e mais legível no iPhone, a tela mais bonita e a sincronização com os serviços do iTunes/iCloud e o AirPlay são mais importantes para mim que o “Office na nuvem”. Sem contar que 4,7” é grande demais pra mim.

Mas hey, isso, de novo, sou eu. Se fosse um usuário mais heavy do Office, conseguisse criar uma conta americana, fosse usuário de Facebook ou mensagens mais compulsivo, quisesse ver filmes e/ou tivesse mãos maiores não hesitaria em pegar este aqui.

Acho difícil alguém se decepcionar com ele, e se hoje eu tivesse que substituir o iPhone pelo Ultimate por algum motivo eu não ficaria triste. É uma experiência nova e interessante que me permite fazer tudo que preciso sem problemas. Mas honestamente, se fosse pular o barco para a plataforma da Microsoft iria de Nokia, basicamente pelo tamanho.

A minha comparação com o iPhone é recorrente porque, bem, é o que eu uso com mais frequência. Lá no Gizmodo, especialmente lá fora, há quase um consenso de que pela estabilidade, bom uso dos recursos, atualizações regulares para todos e proposta efetivamente diferente (que funciona!), o Windows Phone 7.5 é o segundo melhor sistema para smartphones hoje – comparando laranjas com laranjas, ou os melhores aparelhos de cada SO.

Mas e outra batalha, contra o Android? Como o Windows Phone se sai? Colocando na balança a reposta é muito mais difícil no Brasil – aqui falta o Zune e a ótima integração com os lugares do Bing, por exemplo, então ainda não me decidi se o Windows Phone é efetivamente melhor que o Android, especialmente se você tem a disposição de aplicar as ROMs certas. Ele pode ser melhor ou pior, dependendo das suas prioridades, então coloque na balança.

O que alguém vindo do Android perde se migrar para o Ultimate: customização, hackeabilidade, variedade de apps – especialmente gratuitos -, integração com os serviços do Google, mapas e Gmail de maneira crítica, qualidade de navegação na internet, aparelhos com muitos núcleos e pixels, conexão mais fácil com computadores e outros dispositivos, sem necessidade de software extra.

O que ganha: Uma experiência de fotos melhor, integração com redes sociais melhor resolvida, uma fonte decente, estabilidade, autonomia de bateria, integração com o Office, nuvem melhor aplicada, Xbox Live (Achievements em joguinhos! YAY!), teclado não-swype melhor, garantia de atualização.

Isso comparando especificamente as melhores plataformas. Em termos de hardware, no Ultimate você ganha uma câmera espetacular, uma construção incrível e uma bateria surpreendente de bônus (fora o telão, que agrada muitos).

E em relação a outros Windows Phones? Este é o primeiro que passamos mais tempo, e estamos curiosos em relação aos da Nokia. Fora a óbvia questão do design e tamanho, não vejo tanta diferença entre eles. Escolher entre os Windows Phones vai de tolerância a grandes formatos, predileção por marcas, orçamento e, claro, paciência em esperar a concorrência da Finlândia, que chega ao Brasil em fevereiro do próximo ano provavelmente um pouquinho mais em conta.

O HTC Ultimate é um monstro diferente e na minha humilde opinião, incrível. Nossa única (e talvez grande) ressalva é a questão do ecossistema – é preciso torcer para que ele ganhe mercado, mais desenvolvedores e que a Microsoft Brasil apresse a regionalização de algumas funcionalidades.

Se você confiar nisso e embarcar na proposta, terá um aparelho bastante capaz nas mãos.