E-commerce

9 abr, 2013

10 mitos sobre a mobilidade comentados

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Recentemente, eu li uma matéria muito interessante no Meio&Mensagem com o Marcelo Castelo, um dos sócios da F.Biz (que abriu um escritório em Miami), um dos papas de mobile no Brasil e um profissional que admiro muito. Sempre que puder, faça uma visitinha ao blog dele, é referência para todo mundo que estuda/gosta do tema.

Este artigo cita 10 mitos da mobilidade e razões para termos certeza de que não passam realmente de mitos.

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Tomei a liberdade de transcrever aqui os 10 pontos citados pelo Marcelo, e inseri alguns comentários meus para enriquecer o conteúdo e expor alguns de meus pensamentos.

Seguem os mitos:

1) “Tem pouca gente navegando na internet móvel”
A pesquisa F/Radar de abril do ano passado, feita em parceria entre a F/Nazca e o Datafolha, mostrou que 41 milhões de brasileiros já acessavam a Internet por dispositivo móvel naquele período. Castelo estima que, hoje, esse número beire os 50 milhões.

Outra informação relevante: usando o mercado norte-americano como referência do que pode acontecer no Brasil nos próximos anos, vemos que, em 2012, 22% de todo o tráfego da Internet nos EUA foram através de dispositivos mobile, e a previsão para 2013 é que esse número passe de 27%.

2) “Internet móvel é coisa de rico”
De acordo com o mesmo estudo, o acesso móvel superou o via LAN houses no país em 2012. A migração das classes C e D para celulares da categoria Web Phone serve como pano de fundo para derrubar esse segundo mito.

“Os usuários desses aparelhos podem acessar a Internet por Wi-Fi, 2G ou 3G. Eles só não permitem downloads de aplicativos”, explica Castelo, lembrando que o internauta móvel é muito parecido com o internauta de PC quando se faz o recorte do percentual de usuários brasileiros por classe social.

Daí a importância de o seu site ser rápido e bem acessível para dispositivos mobile. Conhece aquela expressão “nivelar por baixo”?

Um bom site móvel é antes de tudo acessível, o que quer dizer rápido e que pode ser visto em qualquer aparelho, mesmo com velocidades baixas.

3) “Acessos móveis vêm do pós-pago”
O F/Radar de 2012 apontou que o acesso pré-pago é a principal fonte de tráfego para a internet móvel (77%), bem à frente do pós-pago (21%) e do Wi-Fi (2%). Para ilustrar o cenário, Castelo cita como exemplo a sua empregada, que mora numa comunidade carente de São Paulo. “Ela largou as LAN houses porque comprou um Web Phone de R$ 150 parcelado e hoje paga 50 centavos num plano da Oi para navegar durante 24 horas”.

Nem preciso comentar sobre a penetração do mercado mobile em todas as classes sociais do Brasil né? 🙂

4) “Internet móvel é para donos de smartphone”
Em abril do ano passado, cerca de 20 milhões de brasileiros acessavam o Facebook – 11 milhões deles em smartphones ou tablets e quase a metade, ou 9 milhões, em celulares mais simples.

Não temos como negar que a velocidade da internet móvel no Brasil é ridícula, mas não está sendo impeditivo para que milhões de brasileiros utilizem seus aparelhos para navegar. Isso não é luxo apenas de donos de smartphones.

5) “Ninguém acessa meu site móvel”
A F.biz liderou o projeto do site mobile da Netshoes, lançado em outubro de 2011. Hoje, a empresa soma 1,5 milhão de acessos móveis por mês, número que não inclui tablets.

Ninguém acessa seu site móvel porque ele é ruim, ou ele é ruim porque ninguém o acessa?

É interessante nesse ponto relembrar uma palavra importantíssima para todo o mercado digital: monitoramento. Como é o comportamento da pessoa que acessa o site via mobile? Que horas é mais acessado? Por qual dispositivo? Qual dispositivo gera uma maior taxa de rejeição?

Entendendo um pouco do comportamento do usuário no seu site você vai conseguir entender em que ponto você tem que melhorar.

6) “Ainda não é necessário ter um site móvel”
Para contestar esse item, Castelo cita um estudo do Google, feito em 2012, que mostrou: mais da metade dos entrevistados (52%) acredita que uma experiência mobile ruim diminui as chances de engajamento com a marca.

“Acho que as empresas brasileiras estão entendendo que precisam de um site móvel, finalmente”, diz ele. A audiência do Facebook é ilustrativa: no Brasil, 73 milhões de pessoas acessavam a rede social em dezembro passado, 23 milhões delas no celular. “Esse é um número muito grande. Qual é o canal a cabo, a rádio, a revista ou jornal que tem um público de 23 milhões de pessoas?”

Comentário: O Google possui um site chamado The Mobile Playbook, onde levanta várias informações sobre o mercado e organiza diversos números e dicas para empresários.

Uma parte interessante desse estudo é a de busca local.

Observe os números: 88% de todos os usuários de smartphone já fizeram uma busca local quando precisaram de algum produto/serviço. E o melhor: 63% ligaram para a empresa após acessarem seus sites móveis, e 66% visitaram o local pessoalmente.

7) “A conexão 3G é muito ruim”
Aqui, o comportamento do usuário pode amenizar a ressalva do mercado, já que existe outra migração em curso – do desktop para dispositivos móveis, no Wi-Fi de casa, em determinados dias da semana e horários do dia.

“Em casa, cada vez mais a pessoa usa o tablet e o celular, tanto que o pico de uso dos aparelhos móveis acontece nos finais de semana. Essa é uma tendência no mundo inteiro”, observa Castelo. Segundo o F/Radar, os usuários de tablet que acessavam a Internet via Wi-Fi eram 54% em abril de 2012.

Estamos acompanhando um fenômeno quase é consequência de outro. Há algum tempo, existiu o fenômeno “Casas Bahia”, em que registramos absurdos de aumento de venda de computadores e notebooks provocados basicamente pelo grande parcelamento, com mensalidades com que praticamente todas as classes sociais pudessem arcar.

Mas agora com computador em casa, as pessoas estão buscando o acesso à Internet domiciliar e, com notebook, não faz sentido ter acesso com cabo. Logo, todas as provedoras de acesso à Internet desenvolvem promoções de pacotes de acesso já com “wi-fi” incluído, e não com roteador wireless, entende?

Esse wi-fi em casa permite que não só o notebook tenha acesso à Internet, mas todos os gadgets que possuem esse recurso, como tablets e smartphones. Num mercado mais avançado, como nos EUA, as compras via tablets já possuem ticket médio de U$100. Agora pensa: entre 2009 e 2012 foram vendidos cerca de 200 milhões de tablets nos EUA.

8) “Mobile é só Facebook”
No ano passado, a audiência do UOL Celular dobrou, chegando a 4 milhões de usuários únicos em setembro.

De acordo com pesquisa do Google, 46% dos donos de smartphones usam o mesmo assistindo TV. Outros 26% o usam enquanto estão lendo jornais ou revistas. 29% deles o usam enquanto estão assistindo a filmes.

Ou seja, quando a pessoa está utilizando o smartphone não significa que ela esteja apenas com aquela tarefa, mas sim dividindo a atenção entre outras tantas.

De acordo com a mesma pesquisa, 88% dos donos de celulares acessam redes sociais, e 53% deles o fazem pelo menos uma vez por dia. É muita coisa! 🙂

9) “A tela é pequena, não se pode fazer nada”
“Dá para fazer praticamente de tudo em mobile, de site móvel à realidade aumentada, passando por geolocalização, que só o mobile permite”, afirma Castelo. Sua agência já criou, no ambiente móvel, campanhas de richmedia para Motorola e banners dinâmicos para Netshoes.

Acho que o principal da plataforma mobile não é a parte física, o aparelho em si, mas tudo que a mobilidade pode trazer. Por exemplo: a Gol, junto com a agência Almap criou um jogo dentro do site da companhia aérea que era controlado pelo celular. Outro exemplo: a agência Ginga criou uma ação interativa no cinema para Carefree, que você controlava, num game, uma fada em busca de pontos, e ao final ganhava um brinde.

Um banco turco criou uma mecânica extremamente bem feita para ativar seus serviços de internet banking, em que integrava vídeo, ligação personalizada e mensagem altamente impactante.

Ou seja, o limite da plataforma móvel não é o aparelho. Nunca foi! O limite é a imaginação do que pode ser feito com o aparelho, com a facilidade da mobilidade.

10) “Não dá resultado”
Para ele, as empresas brasileiras devem fazer o básico em 2013: site móvel e campanhas de mídia. Um bom ponto de partida, diz, é comprar mídia nos veículos em que já se é comprador – a audiência do UOL no desktop e no mobile, por exemplo, consome praticamente os mesmos conteúdos.

“Se eu sou santista, não é porque estou no celular que vou virar corintiano”, Castelo explica, lembrando que o nível de engajamento é maior no mobile. “Como a tela é pequena, 100% da atenção do usuário vão para lá.”

Para exemplificar resultados utilizando a plataforma mobile, vou falar sobre dois cases emblemáticos, que tiveram dois objetivos bem distintos.

O primeiro é da Omo na África do Sul (clique para conhecer o case). Numa integração inteligente de mídia centralizando as ações na plataforma mobile, ela conseguiu atingir mais de 1 milhão de pessoas, convertendo 85% desse número numa base opti-in para futuras promoções. Não só vendeu mais, mas também gerou uma enorme base para futuras vendas.

O segundo é do lançamento no New Beetle (ou seria New New Beetle?) no Canadá. A ideia era apenas impactar o público com uma novidade tão legal quanto o próprio carro. E conseguiram. Através de um app de realidade aumentada, as pessoas puderam usar os próprios anúncios em outdoors para brincar com o carro e rir um bocado.

Para finalizar, dois pontos importantes que resumem bem o texto todo:

  1. É preciso pensar o mobile como uma plataforma, e não restringir seus efeitos e capacidades pela característica física do aparelho.
  2. Se você não fez o básico ainda, já ficou pra trás.

Abraços!