DevSecOps

20 ago, 2010

SPED, nota eletrônica e o atraso tecnológico das empresas

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Passados mais de 10 anos da
histeria causada pelo ‘Bug do Milênio’, na última virada de século, quando
praticamente nada aconteceu com o funcionamento de todo o sistema e a ordem
mundial, agora o Brasil, em especial as nossas empresas, enfrentam processo
semelhante.

A implantação do Sistema Público
de Escrituração Digital (SPED) e da Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) pode não ter
o mesmo efeito psicológico do Bug, mas certamente causará enorme impacto na
economia nacional. E é aí que mora o perigo.

Sim, é isso mesmo, pois além do
atraso nessa nova etapa, com milhares de empresas obrigadas a emitir a NF-e
ainda ausentes do sistema e, com isso, atuando ilegalmente, muitos desconhecem
vários aspectos delicados dessa questão. Trata-se, sem dúvida, de uma bomba de
efeito retardado, que explodirá num futuro bem próximo. O Bug do Milênio perto
desse problema tecnológico não passa de um estalinho de criança, acredite.

O SPED e a Nota Fiscal Eletrônica
estão obrigando o mercado a rever alguns conceitos sobre segurança tecnológica.
Na verdade, é a maior transformação empresarial – nunca vista antes neste país
-, na qual até as micros, pequenas e médias empresas terão de aderir a padrões de
gestão e tecnologia tão eficientes quanto as de grandes corporações.

Esse, certamente, é um dos
maiores desafios: integrar a cadeia produtiva tecnologicamente, de tal modo que
a transmissão, a recepção pelo cliente e a guarda do documento eletrônico – esta
última por cinco anos no mínimo -, além da própria segurança não sofram danos
de qualquer espécie.

As ferramentas para tudo isso são
protocolos comuns de comunicação entre as empresas. O documento fiscal
eletrônico, por exemplo, tem seu conteúdo entendido por qualquer organização
Brasil afora.

Para se ter uma ideia, existe
atualmente um comércio clandestino de notas fiscais em papel, no qual se chega
a pagar R$ 50,00 por folha. E com a Nota Eletrônica, quanto vai custar um pen
drive de dados circulando de forma marginal no mercado?

Há pouco tempo, falar de
segurança da informação ou de software pirata era apenas para empresas de
grande porte, mas agora o assunto vale para as mais de 5,8 milhões organizações
menores espalhadas pelo país.

Assim, a legalização de softwares
é fundamental para evitar que dados sigilosos sejam enviados para outros
locais, caindo até mesmo nas redes sociais. O uso de programas piratas torna as
empresas e demais usuários extremamente vulneráveis.

Todos precisam pensar, mais do que
nunca, em um modelo de gestão confiável para as informações que trafegam. Hoje,
muitas organizações já utilizam sistemas autônomos hospedados em datacenter
para prover serviços tecnológicos e contábeis. É um outsourcing
completo. Mas isso não basta.

A preocupação número um deve ser,
a essa altura, ter um sistema de gestão para comandar a empresa que tenha
também a capacidade de compartilhar conhecimento, pois esse tesouro retido em
uma ou poucas pessoas vale tanto quanto uma pérola no fundo do oceano, ou seja,
absolutamente nada.

E a transmissão de todo esse
conhecimento deve ser feita para os clientes como um grande sistema de troca, o
que requer uma logística apropriada, povoada por novas embalagens, dentre as
quais se destaca hoje a Nota Fiscal Eletrônica.

Igualmente fundamental nos dias
de hoje é contar com a garantia da entrega no endereço certo daquilo que se
deseje transmitir. Em se tratando de informação sigilosa, torna-se extremamente
necessário observar tais critérios. A linha entre conhecimento e segurança
tecnológica é tênue, e qualquer desvio pode colocar fim à mínima pretensão de
blindagem.

Esse é o grande desafio das
empresas que entraram no século 21, em sua grande maioria, ainda com a
mentalidade de Era Industrial, embora estejamos todos – querendo ou não,
sabendo ou ignorando – participando intensamente da Era do Conhecimento.

Há muito se fala nas empresas em alinhamento estratégico da tecnologia.
As grandes mais ou menos fazem isso. Mas são raras e honrosas as exceções que
conseguem entender o caráter inovador e humano disso tudo.

Agora chegou a hora de massificar o uso da tecnologia a favor dos
negócios, e saber quem são as pessoas que a fazem de fato funcionar. Massificar
dá um enorme trabalho, porque implica sair da zona de conforto, uma vez que
atender esse mercado tão grande e diferente do usual não é uma tarefa nada
fácil, convenhamos. Mas, como diz o ditado: “sucesso só vem antes do trabalho no dicionário”, não é?