DevSecOps

16 jul, 2009

Não brinca: Hollywood não sabe de onde vêm os filmes pirateados

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Cory Doctorow escreveu um artigo no The Guardian explicando por que é estúpido confiscar telefones celulares
nas portas das salas de cinema em pré-estreias: ninguém está pirateando
filmes usando celulares, e os verdadeiros vazamentos vêm de dentro da
indústria.

O artigo entra em maiores detalhes a respeito dos riscos de
segurança em ter aparelhos celulares confiscados por
policiais-de-cinema aleatórios, e Doctorow demonstra desconforto com o
fato de ninguém contar para ele exatamente o que acontece com estes
telefones durante o filme. Eu me preocupo menos: acho que a razão
de ninguém saber o que acontece com telefones é que ninguém se
importa, e provavelmente nunca houve uma única instância de roubo de
dados de celulares nessa situação. Mas é realmente um mau sinal que
qualquer pessoa dentro da indústria cinematográfica pense que é daí que
surgem as cópias piratas.

Como qualquer pirateador habitual vai saber informar, há vários
níveis de filmes ilegalmente obtidos, variando enormemente em
qualidade. Em qualquer site “respeitável” de BitTorrent, estes níveis
estão claramente indicados no nome do arquivo – ou ao menos alguém
avisa nos comentários. O primeiro tipo que aparece é quase sempre a
“versão camcorder”, que é frequentemente uma enorme perda de tempo. Os
“Cams”, como são chamados, são geralmente filmados dos cantos da sala,
para evitar serem detectados, e a qualidade do áudio é elogiada se os
diálogos forem minimamente reconhecíveis com muito esforço. A grande
maioria dos piratas ignora este lixo e espera uma cópia mais legítima,
então não vale a pena ficar encrencando demais com quem entra com uma
câmera na sala.

A seguir, vem a coisa que realmente vale a pena ser roubada. O
último ponto de vazamento de qualquer filme antes do lançamento em DVD:
o “screener”.

Screeners são cópias em DVD enviadas para críticos e outros membros
da indústria, e é daí que praticamente todos os vazamentos vêm. Eu
repito: as cópias vazadas e pirateadas vêm de dentro da indústria.
Então talvez a MPAA (Motion Picture Associated of America) devesse
parar de choramingar e bolar um sistema anti-cópias um pouco melhor, em
vez de ficar fazendo papel de boba ao confiscar celulares por aí. [The Guardian]

Pra deixar mais claro os formatos mais comuns:

CAM: O CAM é um “rip” feito no cinema, normalmente com
uma câmera digital. Às vezes é usado um tripé, mas na maioria das vezes
isso não é possível, deixando a filmagem tremida. Devido aos lugares
disponíveis no cinema também não serem sempre no centro, pode ser
filmado com ângulos diferentes. Se cortado (cropped) adequadamente, é
difícil diferenciar, a não ser que tenha legendas na tela, mas muitas
vezes os CAM são deixados com bordas pretas na parte de cima e de baixo
da tela. O som é gravado com o microfone embutido da câmera e,
especialmente em comédias, risadas são ouvidas durante o filme. Devido
a esses fatores, a qualidade de som e imagem costumam ser muito ruins,
mas às vezes, com sorte, o cinema está quase vazio e apenas baixos
ruídos serão ouvidos.

TELESYNC (TS): Um telesync tem as mesmas
características de um CAM, só que usa uma fonte externa de áudio
(normalmente um fone de ouvido na poltrona para pessoas que não ouvem
bem). Uma fonte de áudio direto não garante uma boa qualidade de áudio,
pois muitos barulhos podem interferir. Muitas vezes um telesync é
filmado em um cinema vazio ou da cabine de projeção com uma câmera
profissional, gerando uma melhor qualidade de imagem. A qualidade varia
muito, por isso veja um sample (amostra) antes de baixar o filme por
completo. A maior parte dos Telesyncs são CAMs que foram rotuladas de
forma errada.

R5: R5 se refere a um formato específico de DVD
região 5. Em um esforço para competir com a pirataria, a indústria
decidiu criar esse novo formato que é produzido mais rápido e mais
barato do que os tradicionais DVDs. O que os difere dos DVDs
tradicionais é que os R5 são transferidos diretamente de um telecine sem
qualquer tipo de processamento de imagem, e sem nenhum adicional. Às
vezes os DVDs R5 são lançados sem áudio em inglês, exigindo que os
grupos de pirataria usem o áudio de outra fonte. Nesse caso o release
possui a descrição “.LINE” para distinguir daqueles que possuem o áudio
do original. A qualidade da imagem de um R5 geralmente pode ser
comparada com um DVD screener. No final de 2006 alguns grupos como o
DREAMLIGHT, mSs e PUKKA passaram a nomear seus Releases de “.R5 – e
sugeriram a outros grupos que fizessem o mesmo.

DVDRip: Uma cópia do lançamento final do DVD. Se
possível, é lançado na internet antes mesmo do DVD de venda e/ou
aluguel ser lançado. A qualidade deve ser excelente. DVDrips são
lançados em SVCD e DivX/XviD.

(Valeu marcusfelippe pela aula!)