Depois de tanto tempo esperando pela oportunidade de pagar uma fortuna pelo Google Glass (mais de R$ 4 mil), semana passada fui ao escritório do Google no Chelsea Market em Nova Iorque para trazer uma unidade 2.0 para casa. A novidade, além de um hardware melhor, tem os óculos escuros que vem junto e o fone de ouvido como acessório.
A experiência no Glass Studio do Google foi fantástica! Eles montaram um estúdio dentro do escritório onde cada “Glass Explorer” (a pessoa que recebeu o convite para comprar uma unidade) é recebida por uma pessoa muito bem treinada do Google para te apresentar o produto.
E a experiência começa, claro, com você recebendo a caixa e abrindo-a como quem ganha um presente novo. Posso dizer que o Google caprichou aqui. Tive uma sensação superior a de abrir a caixa de um produto Apple – talvez por conta do ambiente e da exclusividade de finalmente possuir um Google Glass. A embalagem está à altura do hype do produto também.
Ao tirar o Google Glass da caixa ele foi logo para o meu rosto e o rapaz do Google me ajudou a ajustá-lo. Se você usa óculos, como eu, o ajuste não será perfeito, por cima de seus óculos. É por este motivo que o Google está para lançar uma nova versão do Google Glass que vai se acoplar à armação de óculos comuns. Como a tela projetada no seu olho direito pelo Google Glass é fácil de ler, tenho conseguido usá-lo sem meus óculos. O ajuste serve então para que você consiga ver perfeitamente o “holograma” que é a tela de interação com o aparelho. “Holograma” porque parece um holograma mesmo; é uma projeção de tela que se sobrepõe ao que você vê a sua frente; uma sobreposição entre realidade e tela de computador. Só vendo para saber como é.
O funcionário do Google passou pelo básico das funções do Glass logo depois de eu instalar uma app no meu celular para que eu pudesse conectar o Glass a ele e instalar aplicações no Glass. Não é possível hoje instalar uma app direto no Google Glass, você tem que fazer isso ou da app para smartphone ou de um portal na web. Importante também o fato de que o Glass usa a conexão do celular (quando não está conectado em Wifi) e também o GPS do celular. A primeira coisa que você se toca é que sem um teclado, algumas coisas simples, como digitar a senha de uma Wifi, não tem como serem feitas direto do Google Glass, você tem que usar a app ou o portal como suporte.
Muito rapidamente você entende a timeline de cards que vai montando a sua história de uso do Glass e como navegar por ela, além de iniciar aplicações usando voz ou gestos. O grande trunfo do produto é que ele não introduz nenhum paradigma de interface homem-computador muito novo, são coisas com as quais já nos acostumamos através de várias aplicações para smartphones: toques, gestos, comandos de voz.
Caminhando na rua, dei um toque para “acordá-lo” e falei “Okay Glass, directions to ABC Kitchen”, um restaurante famoso por aqui, e ele começou a me guiar pelas ruas de Nova Iorque, uma experiência bastante interessante.
Com um gesto simples você pode ver a previsão do tempo e outras coisas acontecendo perto de você. O lado esquerdo de sua time line é o que acontece agora ou está para acontecer e à direita é o passado, tudo o que aconteceu ou você fez com o Glass. Neste endereço você pode ver vídeos de como usar o Glass e vai ver que realmente é tudo muito simples.
Depois de uma semana usando o aparelho, a minha conclusão é que o Google está tão confiante que existe espaço para este produto entre os consumidores que está fazendo direitinho: em vez de produzir em massa e ver o que acontece, está criando primeiro um sentido de exclusividade ao mesmo tempo que consegue verificar os casos em que o produto realmente traz mais benefício do que o smartphone.
É bem evidente para mim que o Google Glass não vai substituir o meu celular, mas em muitos casos será a peça de tecnologia ideal para eu ter comigo, enquanto eu mantenho o celular no bolso, tenho as mãos livres e os olhos no horizonte. Acho que não vou me cansar de tirar fotos como esta abaixo.
Enquanto não há previsão do Google Glass estar disponível no Brasil, não acho que vai demorar até que uma interface totalmente em português esteja disponível. Infelizmente alguns dos produtos do Google ainda são muito focados para o mercado americano, espero que isso mude.