O e-mail é, em 2010, um meio de comunicação arcaico. Criado em
1971, foi pensado como uma metáfora das cartas em papel enviadas
pelo correio. O objetivo era trocar mensagens curtas de texto entre
computadores com configurações ínfimas para os dias de hoje, em
conexões lentas, de maneira assíncrona. Você pode esperar uma
hora, ou um mês, para responder uma mensagem com poucos
participantes. Uma discussão com mais de 10 pessoas pode se tornar
um martírio de identação, citações multicoloridas, códigos com
cabeçalhos de remetentes e destinatários.
Anunciado no fim de maio de 2009 e lançado em 30 de setembro de
2009, o Google Wave é confuso à primeira vista e logo nos faz
pensar: o que fazer? O e-mail continuará a existir, mas o Wave já é
o e-mail colaborativo e instantâneo, uma plataforma inovadora de
comunicação e colaboração como um cliente de mensagens
instantâneas muito poderoso, onde os envolvidos veem em tempo real o
que você escreve. E as conversas têm elementos colaborativos
multimídia como mapas, enquetes, vídeo, áudio e aplicativos.
Essas conversas, ou seja, as waves, podem ser inseridas em qualquer
blog ou site, fazendo a função até de uma wiki. Isso se torna
atraente quando pensamos em utilizá-lo dentro de Ambientes Virtuais
de Aprendizagem. Os programadores conseguem desenvolver seus próprios
programas por meio da API, como jogos educativos em tempo real. As
waves ainda possuem a função playback, onde você consegue rever
toda conversa em ordem cronológica de como foi gerada, mantendo a
organização do diálogo. O Wave faz a auto-correção ortográfica
e sabe diferenciar palavras parecidas em contextos diferentes. Para
cursos com alunos que falam mais de um idioma diferente, há a
possibilidade de tradução em tempo real. Arrastar e soltar para
compartilhar arquivos é como o computador: apenas arraste e solte
arquivos dentro do Google Wave para outras pessoas.
Em uma das primeiras discussões do Google Wave na educação, Lore
Baum da Ben Gurion University e Sam Boland (estudante de política da
Occidental College, Los Angeles) reuniram mais de 100 pessoas na Wave
in Class, entre professores, estudantes de Phd, profissionais de TI e
universitários. As conclusões foram de que enquanto o Google Docs
apenas compartilha documentos, com o Wave os estudantes conseguem
colaborar em tempo real e obter melhor aproveitamento com isso. Em
outra ocasião, 3 estudantes experimentaram o Wave em uma aula, e o
resultado foram anotações mais completas do que se não tivesse
sido usado.
As aplicações imediatas que visualizamos no uso do Wave em sala de
aula são encontros síncronos para compartilhamento de tipos de
informações em formatos diferentes (conteúdo didático, mapas,
arquivos, pesquisas e outros), discussões assíncronas para fora da
sala de aula, integração com o ambiente virtual de aprendizagem,
ferramenta de tutoria para responder dúvidas, verificação das
contribuições em grupo (via playback), estudo de outros idiomas
(tradução em tempo real) e brainstorming. Futuramente, gadgets e
extensões customizadas deverão fazer parte da plataforma, assim
como uma loja online com aplicativos educacionais no estilo da App
Store da Apple.
Na educação à distância a contribuição deverá ser ainda mais
significativa, considerando que os recursos possibilitarão avaliar
melhor a participação do aluno em trabalhos em grupo e até ter
mais envolvimento do tutor. Os LMSs deverão se preparar para receber
as waves, mas por enquanto tudo pode ser colocado na página do
Facebook, WordPress ou Blogger. Outra facilidade é que as
instituições poderão rodar seu próprio servidor no Wave, por meio
do Protocolo da Federação do Wave sem depender dos servidores do
Google para quem não tem acesso externo.
Referências