DevSecOps

28 set, 2010

Como e por que o Chrome está superando o Firefox entre usuários experientes

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O Firefox tem sido há muito tempo o navegador preferido pelos
usuários experientes, por seu conjunto impressionante de funções,
extensibilidade e abertura. Mas o Chrome – navegador ágil, leve, também
extensível e aberto – conquistou a base de usuários central do Firefox.
Eis o porquê:

Na semana passada, o Lifehacker pediu a seus leitores que votassem em seu navegador preferido, e os resultados foram surpreendentes. Nós esperávamos ver um salto na utilização do Chrome desde a última enquete
(onde o Firefox estava em 57% e o Chrome, em 21%), mas não esperávamos
ver o Chrome ultrapassar o Firefox em preferência em quase 10 pontos
percentuais. Mais especificamente, das 40.000 respostas, 42% dizem
preferir o Chrome; 33% escolhem o Firefox.

Aqui no Gizmodo Brasil, temos as estatísticas de utilização de
navegador, o que não é o mesmo que a enquete acima – nem sempre você usa
seu navegador preferido para entrar no Gizmodo. Os números: em
setembro, 34% dos leitores acessavam o site com o Firefox; o Chrome ficava
em segundo lugar, com 30% dos acessos. Ano passado, o Firefox correspondia a quase 50% dos acessos, e o Chrome só a 10%.

Nós usamos e apoiamos o Firefox no Lifehacker desde que
abrimos nossas portas, lá nos idos de 2005, e nós talvez nunca sejamos
capazes de expressar o amor que sentimos pelo Firefox por nos resgatar
das garras do Internet
Explorer. Mas se nossa enquete indica alguma coisa, é que temos um novo
xerife na cidade. Eis como e por que o Chrome está superando o Firefox
entre usuários experientes.

Resolvendo problemas despercebidos

O Chrome consertou problemas e fez melhoras na experiência de
navegação que muitos de nós nem percebíamos, até que o Chrome os
consertasse. Você pode instalar e começar a usar as extensões do Chrome
sem reiniciar o navegador; o Chrome isola as abas em processos separados
para que, se uma aba travar, o navegador não trave todo; e uma das
minhas coisas favoritas: quando eu fecho uma aba, as outras não se
redimensionam até que o ponteiro do mouse saia da barra de abas – ou
seja, não preciso me preocupar em atingir alvos em movimento.
(Experimente; é uma ideia bem inteligente.)

O Chrome vem trazendo várias novas soluções criativas para os
navegadores, pensando em interface ao usuário (consolidar a barra de
endereços e de busca é tão óbvio agora), e eles são bons o bastante para
que o Firefox pareça estar correndo atrás do prejuízo em muitas
frentes, e alternando entre os dois, o Firefox pode começar a parecer
desajeitado. Não quer dizer que o Firefox não esteja inovando: por exemplo, uma nova interface para gerenciar abas, chamada Firefox Panorama,
é uma das funções futuras da versão 4. Mas a inovação no Firefox pode
parecer banal (e lenta, veja o próximo ponto) quando fazendo uma comparação com o
Chrome.

Atualizações frequentes e incrementais

Desde julho, o Chrome acelerou o ciclo de lançamentos,
para que uma versão nova e estável do Chrome esteja disponível a cada
seis semanas. O benefício para o usuário? Em vez de esperar por uma
versão enorme que consolide toda uma lista de atualizações, novas
funções vão parar no seu navegador logo que estejam prontas, algumas de
cada vez. Na perspectiva do usuário, isso é ótimo. Seu navegador fica
incrementalmente melhor, e em vez de ter que aprender a usar um monte de
funções novas cada vez que há um grande lançamento, você pode se
familiarizar com uma ou duas funções novas de cada vez.

Ou seja, você não precisa rodar a versão beta (ou dev) mais recente
para obter funções novas logo depois de serem desenvolvidas.

A experiência do usuário é tudo


De meses em meses, nós comparamos as versões mais recentes dos navegadores mais populares em uma série de testes de desempenho,
e quase sempre o Chrome sai na frente. O Firefox vem melhorando
bastante em questão de velocidade nos últimos anos, e apesar de usar
menos memória que seus concorrentes na última rodada de testes,
o Firefox tem um grande problema: quem usa a raposa acredita que o
Firefox está ficando cada vez mais lento e mais inchado, e no fim a
percepção do usuário é sempre mais importante do que todos os testes de
velocidade do mundo.

Eu posso confirmar isto: quando eu uso o Chrome, ele é mais rápido
para mim, e isso é o que importa. Eu atribuiria essa sensação a mais do
que a interface (mas não ficaria surpreso se o design mais simplificado
do Chrome estivesse alterando minha percepção também). No fim, o que eu
quero é o navegador que me entregue páginas e informações de forma
rápida e sem complicações. As extensões e outras firulas são coisa
secundária: o navegador precisa ser rápido e útil antes que outras
coisas passem a ser importantes. Para usuários que querem velocidade,
funções e extensibilidade, o Chrome está atraindo muita gente que usava o
Firefox.

Sincronização no navegador

Usuários experientes adoram coisas que sincronizam. Sincronização
significa que você pode trabalhar de qualquer computador, e ter a mesma
experiência básica em qualquer lugar. O Chrome começou a integrar a
sincronização no navegador há cerca de um ano (um pouco depois do
primeiro aniversário), e desde junho deste ano, ele conquistou a
fronteira final desta função em navegadores: sincronizar extensões.

Sim, a Mozilla tem sua própria ferramenta de sincronização, o Weave, que eles querem integrar em versões futuras do Firefox,
mas ele ainda não faz sincronização de extensões, e a notícia de que
ele seria integrado veio sete meses depois que o Chrome ganhou
sincronização integrada.

(Vale notar que uma nova extensão do Firefox, chamada Siphon,
sincroniza extensões entre instalações do Firefox. E outras ferramentas
de terceiros oferecem sincronização melhor que o Chrome ou Firefox –
por exemplo, o Xmarks para favoritos e o LastPass para senhas – mas o Chrome ainda ganha por integrar a função no navegador sem deixá-lo pesado). 

Integração com serviços do Google

Se você é fã do Google, o Chrome tem muito a oferecer. Primeiro, ele
sincroniza todos os dados do seu navegador (ver acima), e conecta tudo à
sua conta do Google. Se você usa o Gmail, o Chrome foi o primeiro a ter
suporte a enviar anexos via arrastar-e-soltar, assim como inserir imagens no corpo da mensagem e baixar anexos também usando o arrastar-e-soltar. Se você usa Android, o novo app mais extensão Chrome to Phone permite que você envie instantaneamente links do seu navegador para o aparelho com Android. O Android2Cloud (uma ferramenta não-oficial) envia os links do seu celular de volta para o computador.

Quando o Chrome OS
for lançado em versão estável, você poderá sincronizar toda a sua
experiência apenas se logando com sua conta do Google. Ele ainda não
chegou lá, mas faz parte da direção que o Chrome está tomando.

Onde o Firefox ainda ganha

O Chrome com certeza não superou o Firefox em todos os aspectos.
Pegue, por exemplo, as melhores e mais robustas extensões do Firefox.

  • Como um desenvolvedor para web, não encontrei nada no Chrome que se compare ao Firebug – se bem que o Firebug Lite for Chrome
    é um começo, e as Ferramentas do Desenvolvedor do Chrome são bem
    melhores do que as funções embutidas no Firefox – muito mais
    impressionantes do que eu me lembrava, inclusive.
  • Eu não bloqueio propagandas na web, mas pelo que ouço de usuários do Chrome, não há extensão do Chrome que se iguale ao AdBlock Plus para Firefox.
  • Se você baixa muitas coisas da web, não há melhor ferramenta para simplificar os downloads que o DownThemAll. Ele só está disponível no Firefox, não virá para o Chrome tão cedo e eu sinto falta dela sempre que baixo um arquivo grande no Chrome.

As preocupações com privacidade que perseguem o Google constantemente
também devem ter um papel importante aqui. Se você for um grande fã do
Google, o gigante das buscas já está vendo suas pesquisas, e-mails,
chats, documentos e calendários. Para alguns, trocar o Chrome pelo
Firefox é questão de não colocar muitos ovos na mesma cesta; e apesar do
mantra “don’t be evil” do Google, eles às vezes podem ser maus, sim.
E o Google prefere que você coloque todos os ovos em sua cesta: afinal,
quanto mais informações suas eles têm, melhor funcionam os serviços
deles.

Seus motivos para usar seu navegador podem variar bastante, mas se os
leitores do Lifehacker e do Gizmodo Brasil indicam alguma tendência, é
que o Chrome é – ou logo será – o novo navegador dominante entre
usuários experientes.

Dá pra ver isso e achar triste. Eu fui um fã devoto do Firefox por
anos, e ainda uso o Firefox como navegador padrão, então me senti meio
chateado. Mas então você lembra que não importa quem está na frente
hoje, a concorrência quase sempre beneficia o usuário. E é difícil
reclamar disso.