Recentemente, pesquisei pelo Google o termo “Internet of Things” (IoT) e encontrei mais de 1,9 milhão de respostas. É realmente um assunto que começa a despertar interesse entre os profissionais de TI, mas o que é realmente esta Internet das Coisas? Basicamente, são objetos interagindo com outros objetos, ou com seres humanos, via Internet. Claro que para isso é necessário que eles tenham alguma capacidade de interação, seja esta ativa (como sensores com processadores que rodem softwares, ou um parquímetro inteligente que avise que a vaga será liberada em alguns minutos), ou passiva (como um cartaz em uma parede com um simples código 2D, ou uma tag na coleira de um cãozinho de estimação). Também pode ser um objeto com operação autônoma, como uma “vending machine”, que solicite diretamente ao ERP a reposição automática do seu estoque de pacotes de salgadinhos.
A crescente disseminação da Internet das Coisas nesta década vai impactar significativamente a nossa sociedade. Algumas estimativas já apontam que, em cerca de dez anos, a maior parte das conexões à Internet será feita com objetos que não são PCs, nem tablets ou smartphones.
Alguns estudos apontam que, em 2020, cerca de 200 bilhões de objetos estarão ligados à Internet e provavelmente eles gerarão um tráfego de IP maior do que o gerado pelos seres humanos. Estas estimativas me parecem bem razoáveis, porque os custos dos equipamentos que fazem a IoT acontecer diminuem a cada ano. Colocar um acelerômetro, uma placa bluetooth ou Wi-Fi em um dispositivo custará, em cinco anos, a metade do preço que custa hoje. E em dez anos, será menos de um quarto do preço atual, popularizando mais e mais seu uso.
Outro fator que impulsionará a IoT será a maior facilidade em construir protótipos de soluções, com tecnologias que demandem menos capacitações técnicas. Um exemplo são os microcontroladores programáveis, como o Arduino – um projeto open source que permite a um profissional sem profundos conhecimentos de eletrônica a construir objetos inteligentes. Sua linguagem de programação é simples e pode ser comparável, em complexidade, ao JavaScript.
Mas no que a Internet das Coisas poderá afetar para os gestores de TI? Essa é uma área que tem sido a responsável por colocar as empresas na Internet. Os CIOs, ou os Chief Innovation Officers (os CIOs tradicionais, voltados apenas à operação do dia a dia, tenderão a desaparecer. Assim como os engenheiros de vôo despareceram das cabines dos aviões modernos), começarão a analisar o potencial de oportunidades que a IoT pode trazer para suas empresas, inclusive criando novos produtos, serviços ou mesmo novos negócios. Alguns exemplos? Criação de serviços baseados em “smarter homes”, integrando cameras de vigilância, sensores de movimento e temperatura, luzes, etc, controlados pelos usuários via seus smartphones.
A indústria automobilística será, também, um belo exemplo. Automóveis conectados à Internet podem obter informações em tempo real das condições de trânsito acoplados a seu GPS, gerar alertas de potenciais defeitos para o motorista e dirigir o veículo automáticamente. Serão os e-car ou veículos conectados.
Por outro lado, temos grandes desafios. Um deles é a sobrecarga nas redes de comunicação que constituem a Internet. Um artigo muito interessante que debate esta questão e os aspectos de regulação no mercado brasileiro é “Is Brasil ready for Internet of Things?”, da consultora da Anatel, Maria Luiza Kunert.
Outro desafio será a segurança. Claro que em determinadas situações será preciso uma “Intranet das Coisas” ou uma rede interna, sem conexão externa, de modo a garantir acesso seguro aos objetos que estejam conectados. Mas, na maioria das vezes, teremos que conectar objetos à Internet e as preocupações com segurança se potencializarão. Por exemplo, uma rede elétrica com medidores inteligentes conectados aos sistemas empresariais e estes conectados ao mundo externo pela Internet, abre uma potencial brecha na segurança. Um e-car deverá ter mecanismos de proteção para que não seja acessado de forma indevida, sem autorização de seu proprietário.
Hoje a maioria das chamadas “tecnologias operacionais”, ou “tecnologias que estão fora de TI”, como sensores, ou equipamentos médicos computadorizados, são gerenciados pelas próprias áreas de negócio. E estas áreas de negócio não têm a cultura e experiência de TI – em termos de segurança de acesso. Com estes dispositivos passando a fazer parte da Internet das Coisas, com certeza os seus processos de segurança atuais, se existirem, deverão ser revistos.
Aí está um papel importante para TI. Atuar de forma pró-ativa, de modo a inserir nas iniciativas de Internet das Coisas das suas empresas a sua prática em métodos e processos de segurança. Portanto, os CIOs também devem começar a olhar a IoT pela ótica da segurança. Como vemos, para os gestores de TI, serviço é o que não vai faltar.