Desenvolvimento

17 jul, 2015

Google, Microsoft e Apple unidas por uma web menos livre

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A “web” (www) e a Internet têm como uma de suas características fundamentais a utilização de padrões abertos, públicos e transparentes.

As três principais tecnologias que constroem as páginas web são o HTML, o CSS e o JavaScript (linguagens de programação). Durante muitos anos, a Microsoft utilizou de sua posição privilegiada no mercado para tentar criar uma variante do JavaScript que fazia com que os recursos funcionassem apenas em seu navegador e não nos concorrentes. Com isso, durante muito tempo os desenvolvedores sofreram para conseguir criar páginas que funcionassem em mais de um navegador e muitas vezes era necessário praticamente criar duas páginas para conseguir atingir tal objetivo.

Com o passar do tempo, os demais navegadores começaram a ganhar espaço no mercado por sua clara superioridade – e parte desta superioridade era devido à adesão aos padrões abertos definidos. Com isso, os desenvolvedores passaram, pouco a pouco, a desenvolver dentro dos padrões, se importando cada vez menos com o Internet Explorer, que passou a enfrentar problemas de compatibilidade e apresentar falta de recursos que os demais apresentavam.

Hoje este problema de falta de adesão a padrões é muito menor, mas o Google, a Microsoft e a Apple anunciaram uma iniciativa conjunta que deve impactar muito na característica aberta da web.

Como funciona hoje?

Hoje quando um usuário acessa uma página, todo código JavaScript da página é entregue em “texto plano” para o navegador, que vai interpretar este código e realizar as ações devidas. Com isso, é possível que os usuários, desenvolvedores e “a comunidade” analisem os códigos que cada site executa no computador do usuário.

Porque isso é importante?

Hoje uma das maiores (senão a maior) fontes de dinheiro na Internet é a coleta e venda de dados pessoais de todo mundo. Existem dezenas, senão centenas, de empresas especializadas em coletar todo tipo de informação, são as chamadas Data Brokers. Eles sabem quais páginas você visitou, quando você visitou, o que você fez em cada página, e tudo isso sem o seu consentimento.

Mas pelas características da web e, em especial, pelo fato dos códigos JavaScript poderem ser analisados e auditados por nós, usuários, nós podemos nos proteger dessas práticas invasivas utilizando algumas extensões nos navegadores que bloqueiam tais códigos.

Ou seja, hoje nós temos condições de saber quais são os códigos executados em nossas máquinas – o que deveria ser sempre um direito de autonomia nossa.

O que está sendo proposto?

As três empresas estão propondo, sob a justificativa de “melhora na velocidade dos serviços prestados”, que este código que hoje é entregue em formato texto – aberto, transparente e auditável; seja entregue num novo formato (binário/compilador), que não poderá mais ser auditado pelos usuários e será apenas executado pelo navegador. Com isso, nós, usuários, não saberemos mais o que está sendo executado em nossos navegadores e nem quais informações nossas estão sendo coletadas.

Esta é uma verdadeira afronta à autonomia e à privacidade de todos usuários da web.

A melhora de desempenho pode ser atingida de diversas maneiras, dentre elas reduzindo o número de scripts que coletam nossos dados – façam o teste, depois de passar a utilizar plugins/extensões/add-ons que bloqueiam estes “trackers“, as páginas irão abrir numa velocidade muito maior em seu navegador.

Para saber mais sobre a iniciativa em questão, acesse aqui.