Cloud Computing

7 jan, 2013

A relação entre cloud computing e mobilidade

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Na minha opinião, cloud e mobilidade têm uma relação tão íntima e sinérgica que não podemos falar de um assunto sem incluir o outro. Sem um ambiente dinâmico de cloud computing no background, torna-se impossível atender aos requisitos de escalabilidade e flexibilidade que os apps demandam. Além disso, com cloud, os apps inovadoras podem explorar novas funcionalidades, como as proporcionadas por imensos volumes de dados (Big Data), impossíveis de serem coletados individualmente. Esta sinergia já aparece em aplicações como o DropBox e iCloud. O serviço Google Maps Coordinate também é um outro belo exemplo desta sinergia. Na verdade, estamos visualizando duas nuvens sinérgicas: de um lado, uma nuvem de dispositivos móveis que as pessoas possuem, sejam smartphones e tablets, de diversos fornecedores e tecnologias e de outro, o imenso poder computacional concentrado em “cloud data centers”. Estas duas nuvens, conectadas, criam o espaço para criarmos apps inovadores.

Nos próximos anos, mais e mais apps inovadores vão surgir e se tornar, pelo menos por algum tempo, “killer applications”. Isto significa que elas terão dezenas ou até mesmo centenas de milhões de downloads por mês durante algum tempo. Estas aplicações, quando utilizadas,  demandarão uma imensa capacidade computacional para atender aos seus usuários. E um complicador a mais, com demanda  altamente variada, quase impossível de prever. Um data center tradicional, configurado para atender os períodos de pico será excessivamente custoso e tornaria o projeto inviável.

Este cenário não é nada impossível, uma vez que hoje já existe mais de um bilhão de smartphones e em 2, ou 3 anos teremos dois bilhões deles. Com o surgimento de smartphones mais baratos, produzidos na China, como os ZTE e Huawei, este numero deverá aumentar significativamente. Apesar da capacidade computacional dos smartphones e tablets ser bem poderosa, seu elevado consumo de bateria em aplicações intensivas em computação, demanda que as operações computacionais mais complexas sejam efetuadas na retaguarda, em cloud data centers.

E estes novos apps demandarão recursos computacionais complexos que precisam de um forte suporte  de computação e armazenamento. Alguns exemplos? Imaginemos aplicações para varejistas, que explorem a personalização de ofertas baseadas no conhecimento contextual do cliente. Onde ele está, seus gostos, seus hábitos de consumo, etc, tudo obtido em tempo real, exatamente quando ele se encontrar diante de um produto na gôndola de uma loja. Estes dados não estarão armazenados no dispositivo móvel, mas na nuvem. Além disso, acrescente análises comportamentais baseadas nas emoções demonstradas pelos rostos das pessoas diante de um produto. Vejam o caso da empresa suiça de tecnologia de reconhecimento facial, a Nviso, que se intitula software de reconhecimento emonional baseado no movimento dos olhos e micromovimentos faciais.

Analisar e tomar decisões baseados em todo este complexo emaranhado de dados demanda alta capacidade de processamento, que só pode ser efetuado em cloud data centers. Além disso, os apps em smartphones e tablets terão interfaces com a Internet das Coisas, com objetos, como sua própria casa interagindo om você. Aliás, hoje você sai de casa com seu smartphone, suas chaves de casa e seus cartões de crédito e débito. Em breve, estes cartões e as chaves estarão no seu smartphone. Este será seu unico objeto. Mas além da casa teremos o carro, os eletrodomésticos,  etc. A interface natural será via cloud, uma vez que estes dispositivos demandarão diversas interfaces e precisarão acessar informações que garantam a segurança no seu uso. Tudo isso tem que estar em uma nuvem e não no próprio smartphone, mesmo porque você vai ter mais de um aparelho móvel. Ou trocá-lo com frequência…

Estes apps serão de negócios e não apenas para usuários finais com a maioria dos apps atuais. A cada dia, tablets e smartphones absorvem o trabalho profissional feito hoje em desktops e laptops e nos próximos anos eles passarão a ser a principal interface dos funcionários das empresas com os seus sistemas corporativos. Uma simples aritmética ajuda a visualizar esta situação: de maneira geral um tablet ou smartphone dobra de capacidade computacional a cada ano e meio ou menos. O ciclo de troca dos desktops e laptops em uma empresa é de três ou quatro anos em média. Bem, basta imaginar como estarão os smartphones e tablets daqui a três anos, quando  empresa for renovar seu parque computacional de desktops e laptops. Será que os tablets e  smartphones não atenderão plenamente aos requisitos de segurança e capacidade? E com as novas apps em nuvem, que estará bem mais consolidada daqui a trÊs anos, é, na minha opinião, inevitável que os dispositivos móveis passarão ser maioria no ambiente de trabalho após o próximo ciclo de renovação tecnológico.

O resultado final é que devemos começar desde agora a desenhar as novas arquiteturas de aplicativos focando mobilidade e cloud computing de forma sinérgica. O processamento estará distribuído, parte no dispositivo móvel, qualquer que seja ele, e parte, a de maior intensidade computacional, na nuvem. E quando falamos em nuvem, a computação pode estar distribuída por mais de uma nuvem. Daí as questões de interoperabilidade entre nuvens começa a ganhar importância. Enfim, novos tempos e novos desafios. Esta é a graça de estarmos trabalhando em TI. Se pararmos um ano, ficamos obsoletos…