Carreira Dev

23 jun, 2008

Quem empaca a rede

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A Indonésia é um país interessante em todos os sentidos. A maior nação mulçumana da Terra, ela soca mais de 237 milhões de habitantes em um território composto por 17 mil ilhas que são conjuntamente um pouco maior que o estado do Amazonas. Além deste exercício de física, a Indonésia ainda é o país com o maior número de atividades vulcânicas do planeta e volta e meia é assolado por tufões e outros desastres naturais.

Mas mesmo com tudo isso, a Indonésia dá um show em nossa terra brasilis quando o assunto é telecomunicações. Lá você tem acesso à Internet em qualquer portinha da esquina (literalmente) por um preço extremamente baixo e quando o assunto é telefonia, a distância é ainda maior: a ligação DDI por mais cara que seja não custa mais de 80 centavos de dólar o minuto (para o Brasil, cerca de 54 centavos de dólar). O mesmo ocorre em países como Vietnã, Laos e Tailândia. Conexões bataras, serviços rápidos e deixemos a coisa fluir. Já no Brasil….

Tive a necessidade de mudar meu SoHo para São Paulo. Mesmo sendo paulistano do centro velho, não mais tenho o apreço que tinha pela capital da fumaça. A fumaça é muita hoje em dia e os carros me deixam atordoado. Mas para o bem de todos e felicidade geral da nação compradora de serviços de software, mudei. Minha primeira tarefa foi a solicitação de uma linha DSL para trabalhar. Para a compra, 1 gigabit de velocidade mas para funcionar parece um modem USRobotics de 28K; três dias de brigas com a companhia telefônica, discussões com atendentes robotizados que não sabem a diferença entre um teclado e um monitor e uma velocidade 75% abaixo do mínimo que prometem no serviço.

Nestes momentos penso como podemos crescer se nossa infra-estrutura é pífia e os serviços prestados conseguem ser piores que os de nações desconhecidas e longínquas. Perco eu, pequeno empresário desenvolvendor de software que não consigo atender meus clientes de forma competente, perde o cliente que precisa de um serviço e não tem, perde o funcionário do cliente porque se o cliente não vende, não recebe e perde o emprego, perde o país que não faz a espiral sócio-econômica andar. Quem ganha? Somente a companhia que tira daqui 13,7% de todo o faturamento mundial prestando aquilo que chamam de serviço mas que não passaria pelo crivo de nenhum órgão regulador decente em seu país de origem e muito menos pelos seus clientes do velho continente.

Enquanto isso, vamos empurrando com a barriga. Concorrência não existe, atendimento é sonho e lá se vão meus reais a juros astronômicos para as mãos de outros. Quem empaca a rede? Somos nós mesmos que não conseguimos nos desvincilhar deste DNA podre que nos acompanha há mais de cinco séculos. Mas quem sabe dia destes nos voltamos para Meca e pedimos para Maomé nos ajudar pelo menos a nos comunicar.

Fonte: Livro – Internet: O Enconto de 2 Mundos