Carreira Dev

11 abr, 2012

Na contramão do mercado de TI, Brasil perde bons profissionais para outros países

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Que o homem é um ser migratório não existe dúvida. Desde o começo de sua odisséia pelo planeta, ele anda de lá para cá em busca de recursos para sua sobrevivência ou fugindo de pestes, guerras e ambientes que não lhe são tão convidativos. Somando-se a esses motivos, encontra-se também, já na idade contemporânea, a necessidade de melhores oportunidades laborais e até mesmo simplesmente uma oportunidade de trabalho que não encontra em sua terra nativa.

O Brasil, seja por incentivos ou por opção, sempre foi (e ainda o é) uma terra de oportunidades para muitos; alemães, chineses, espanhóis, italianos, japoneses, libaneses, polacos, portugueses e outros tantos chegaram a nossos portos em busca de trabalho e de condições mais dignas para os seus, contribuindo com a mistura cultural que tanto nos difere de outros países e trazendo junto conhecimento e experiências enriquecedoras.

Porém, da mesma forma que muitos chegaram, muitos também saíram e estão saindo em busca de outras terras, criando um buraco intelectual em nossa sociedade que deve trazer grandes problemas no futuro. Mesmo com o crescimento da economia e uma forte demanda interna, especificamente na área de tecnologia, não é raro encontrar profissionais de quilate colocando a mochila nas costas e indo bater à porta de imigrações espalhadas por todos os continentes. Somente no último ano, oito amigos meus resolveram trocar o país tropical abençoado por Deus e por outros, e não desejam voltar tão cedo.

Movidos não somente por salários, mas principalmente por melhores condições de vida, profissionais da área de TI brasileira debandam e vão parar em empresas americanas, europeias e asiáticas sedentos por elementos que possuem o conhecimento técnico necessário aliado à força de vontade e à capacidade de adaptação. Com esse perfil, brasileiros são assediados de todas as formas para gerar riqueza em outras paragens, estando no topo da lista os Estados Unidos, que, diante do desafio de manter-se na vanguarda tecnológica, sai para uma verdadeira caçada humana de bons profissionais nos quatro cantos do globo.

No empreendedorismo, não é diferente. Amargando um 12º lugar na lista dos países mais empreendedores, atrás de primos pobres como Argentina, Peru e até mesmo Trinidad e Tobago, o Brasil anda na contramão, espantando aqueles que desejam criar e contribuir para a economia nacional. Falta de financiamento, burocracia e outros conhecidos motivos de todos nós adicionam um pouco mais de energia no desejo de tirar o passaporte. Os que tentam são engolidos pelas engrenagens enferrujadas ou se candidatam a hóspedes vitalícios de hospitais psiquiátricos. Poucos são, infelizmente, aqueles que conseguem se manter com a cabeça fora d’água.

Muitos leitores podem achar que a busca por oportunidades fora do país é uma fuga. Pode ser uma fuga, mas também pode ser uma estratégia de longo prazo. Como fora daqui o fair game é realmente jogado, profissionais procuram aliar a oportunidade de um bom emprego com incremento curricular. Não raro são aqueles que aproveitam o ensejo para acrescentar cursos em seus currículos, sejam especializações, idiomas ou até mesmo certificações profissionais. Tendo a necessidade de reter o profissional, as empresas acenam com diversos mimos e opções dificilmente encontradas em solo nacional.

Diante desse cenário, o único a perder realmente é o país. Com uma estrutura deficiente para educação, pouca ou nenhuma visão a longo prazo dos empresários e relações que muitas vezes beiram a escravidão, exportamos cérebros Made In Brazil e importamos a manufatura Made In China sem nenhum valor agregado e que irá, em pouco tempo, desafiar nossa economia a não se tornar somente uma produtora de mão de obra eficiente para os outros.