Deixe-me contar a triste história de Edward. Pobre Edward é um operador de escada rolante que trabalha para uma empresa chamada Escalators-R-Us (ERU). A ERU notou que pessoas abaixo da altura média (pessoas baixas) tendem a não se tornar operadores de escada rolante. Na verdade, na ERU, apenas 20% dos operadores de escada rolante são baixos. Assim, a ERU deu aulas para pessoas baixas, incentivando-as a assumir empregos de operadores de escada rolantes. A ERU também ajustou suas práticas de contratação a fim de privilegiar mais pessoas baixas do que pessoas altas. O objetivo da ERU era aumentar a grande diversidade de operadores de escada rolante. Os gerentes da ERU sentiram que a diferença de altura era resultado de uma acentuada valoração social por maiores alturas profundamente arraigada. Eles acreditavam que suas políticas eram uma forma de promover a justiça social.

Edward, sendo alto, não pensou que essa era a abordagem certa. Ele sentiu que a questão não era realmente um problema. Sua ideia era que há algo biológico sobre pessoas baixas que as predispõe contra operações de escadas rolantes. Então, Edward escreveu suas ideias em um memorando e publicou-o em um dos grupos internos de discussão.

O memorando dizia que, em média, as pessoas baixas estão mais ansiosas quanto à operação de escadas rolantes do que as pessoas altas. Continuou a dizer que há muita sobreposição entre pessoas baixas e altas quando se trata de escadas rolantes, e que há muitas pessoas baixas que não têm problema com escadas rolantes. É só que, em média, as pessoas baixas tendem a ficar ligeiramente mais ansiosas com as escadas rolantes e, portanto, tendem a não estar interessadas em empregos de operadores de escada rolante.

Edward passou a recomendar que a política da ERU de dar preferência a pessoas baixas era discriminatória e prejudicial para a empresa.

Pobre Edward. Não era uma ideia nova, é claro; e a pesquisa já havia sido realizada e foi conclusiva. As pessoas baixas nunca mostraram ser mais ansiosas com a operação de escadas rolantes. Além disso, as pessoas baixas se mostraram ser de forma conclusiva tão capazes, e otimistas, em operar escadas rolantes tal como pessoas altas. Então, a ideia de Edward estava errada. Ele deveria ter feito melhor a sua tarefa de casa.

Agora, previsivelmente, muitas pessoas baixas e altas ficaram indignadas com o memorando de Edward. Eles achavam que suas ideias eram ofensivas. Eles achavam que suas ideias eram prejudiciais. Eles estavam firmemente convencidos de que o motivo da grande diferença era que a valoração por altura maiores estava profundamente enraizada na nossa sociedade. Alguns ficaram tão ofendidos que eles enraiveceram-se, reclamaram e declararam que Edward era um preconceituoso e deveria ser demitido por supor uma ideia tão tóxica.

E assim, o pobre Edward foi demitido. Ele foi demitido por expressar uma ideia. Uma ideia desagradável e incorreta, com certeza; mas uma ideia, no entanto.

Manual de instruções para Criar uma Monocultura.

1. Demita pessoas que expressam ideias com as quais você não concorda.

Final do Manual de Instruções.

Agora essa história era fictícia. Mas se ela fosse real, e se eu fosse um operador de escada rolante na ERU, então eu CORRERIA!

Eu correria para tão longe e tão rápido quanto pudesse! Eu daria o fora de lá!

Porque uma empresa que demite pessoas por expressar ideias está morrendo. Está morrendo porque expressar ideias tornou-se intolerável. Portanto, toda a criatividade, toda a imaginação, toda a tomada de riscos, todas as coisas que tornam uma companhia, uma comunidade e uma sociedade vital estão sendo suprimidas.

Se as pessoas no poder despedem aquelas que expressam más ideias, então ninguém além das pessoas no poder jamais expressará uma ideia.

Se isso não fosse ficção, e eu dosse presidente do Conselho de Administração da ERU, eu faria – em termos inequívocos:

Demitir as pessoas que demitiram Edward. Eu os despediria com preconceito extremo. Eu reuniria seus pertences e os colocaria na calçada, AGORA! Eu cancelaria seus cartões-chave. Eu não os deixaria em qualquer lugar perto da empresa, nunca mais! E então, talvez … talvez … a empresa sobreviveria.

Porque, veja você, existe uma regra simples sobre empresas, comunidades e sociedades vitais e gratuitas:

Você nunca pune más ideias.

Em vez disso, você contrapõe as ideias ruins com ideias melhores.

As pessoas e as empresas nesta postagem são fictícias. Qualquer semelhança com pessoas ou empresas reais é uma coincidência. Os eventos aqui descritos são exclusivamente sobre os indivíduos e entidades fictícios e não devem ser interpretados em nenhum outro contexto.

E tenho dito.

 

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Uncle Bob faz parte do time de colunistas internacionais do iMasters. A tradução do artigo é feita pela Redação iMasters, com autorização do autor, e você pode acompanhar o artigo em inglês no link: http://blog.cleancoder.com/uncle-bob/2017/08/09/ThoughtPolice.html