Vimos no artigo anterior que, no filme Homem de Ferro 2, tanto Tony Stark quanto seu oponente
seguiram receitas de gerenciamento desastrosas. A definição de um
vencedor teria sido questão de pura sorte. Veremos hoje como o
vencedor foi definido por possuir, ele próprio, Nick Fury como
“gerente”. E veremos que modelo Fury adotou.
O que Nick Fury Fez Certo Neste Filme
- Gerenciou sem parecer que era gerente
Fury agiu de uma forma que Stark nem mesmo se deu conta de que estava
sendo gerenciado. Ele se encontrou com Stark em momentos chave, passou
informações interessantes quando foi necessário, manteve membros de sua
equipe de olho na Stark Enterprises para obtenção de informação e apoio
operacional de forma não-intrusiva, como os agentes Phil Coulson e
Natasha Romanoff.
- Descentralizou e delegou responsabilidades para pessoas
Ao invés de resolver os vários problemas do Universo Marvel
Cinematográfico sozinho, Fury está montando um time de pessoas capazes
para isso. Temos lampejos, ao longo do filme, de que ele está ao mesmo
tempo lidando com a destruição causada pelo Hulk, buscando o local de
queda de Mjolnir e outras coisas. Cada um desses problemas foi delegado
a uma pessoa especializada – no caso de Vanko, o próprio Stark fica
encarregado. Ao final vemos que há algo sendo organizado chamado
“Iniciativa Vingadores” e vemos também que isso será um time de
pessoas escolhidas a dedo, e não uma coleção sem critério de “supers”.
- Era ele mesmo um herói experiente
Ao contrário de Hammer e outros gerentes que não sabem que tipo de
coisa estão gerenciando e nem como funciona a mente de seus
gerenciados, Fury tem anos de experiência em combate, seja com
superseres ou não. Isso é importante não apenas para tomada de decisões
adequadas, mas também para obtenção de respeito por parte da equipe. Se
numa reunião com os desenvolvedores o gerente falar algum absurdo, os
desenvolvedores logo pensam “iiii, coitado” e passam a ignorar o que
ele diz. Ou, como disse Joel Spolsky, setam pra true o “bit Bozo”.
- Interferia da maneira correta
Fury ajudou Stark com o problema do paládio de forma que, deixado
por conta própria, Stark teria morrido envenenado. Ele não entregou a
solução de bandeja. Seria inviável Fury resolver todos os problemas de
todos os seus gerenciados, não somente por uma questão de tempo e
custo, mas também de especialização: Stark era o mais indicado para
resolver o problema do paládio, devido a seus conhecimentos. Mas ele
tampouco disse o tradicional “se vira e resolva”. Ele agiu em dois
níveis: o motivacional, insistindo com Stark que ele ainda não havia
tentado de tudo e não deveria desistir, e também fornecendo uma pista
para que ele encontrasse a solução, na forma de um objeto que pertenceu
a seu pai.
- Falava a mesma língua
A comunicação entre Fury e seus gerenciados fluiu bem durante o
filme. Mesmo não sendo um cientista nuclear, ele conseguia conversar
sobre paládio e outros tecnobables.
- Se punha no mesmo patamar
Ele tratava a equipe como seus iguais e não como um ditador. Numa
equipe de desenvolvimento isso é fundamental, pois todos podem sugerir
ou criticar idéias sem medo de confrontar uma autoridade. E sem receio
de que suas sugestões e opiniões expressadas sejam perda de tempo, pois
o gerente irá chegar num ponto e dizer “vai ser do meu jeito e ponto
final”.
Aproveite e leia também:
- How to bea project manager – http://www.joelonsoftware.com/items/2009/03/09.html
- Why can’t we manage large projects? – http://www.stsc.hill.af.mil/crosstalk/2010/07/1007Humphrey.html