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14 jul, 2008

iPhone 3G: os bastidores do lançamento

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Muitos aguardam na fila para serem os primeiros a ter um iPhone 3GMuitos aguardam na fila para serem os primeiros a ter um iPhone 3G

O iPhone 3G foi lançado no dia 11 de julho em 22 países, conforme anunciado pelo CEO da Apple, Steve Jobs, no WWDC 2008. O aparelho é mais fino nas bordas que o original, com a parte de trás em plástico, câmera integrada, GPS, plug para fones de ouvido convencionais 3,5 mm e o novo software iPhone 2.0.

Além disso, o novo modelo traz 300 horas de bateria em modo stand-by, até dez horas de conversação em modo 2G e até cinco horas de conversação com o 3G contra três da concorrência. Segundo Jobs, a bateria agüenta até sete horas de vídeo e 24 horas de reprodução de áudio.

Nos Estados Unidos, o iPhone 3G de 8 GB é vendido a US$ 199, e o de 16 GB, por US$ 299 – a AT&T comercializa o produto com exclusividade. Já no mercado europeu, as operadoras móveis Vodafone e Optimus vendem o aparelho por preços entre 129,90 euros, para planos pós-pagos de dois anos, e 599,90 euros sem vínculo com as operadoras. O aparelho desbloqueado é vendido por 499,90 e 599,90 euros, nas versões de 8 e 16 gigabytes, respectivamente.

Expectativas

A expectativa do mercado é de sucesso estrondoso das vendas do novo aparelho da Apple, e não faltam exemplos para isso.

Clientes da operadora O2, no Reino Unido, puderam, no dia 7 de julho, comprar um iPhone 3G com o início da pré-venda dos aparelhos pela internet. Entretanto, o número de pessoas atraído pela possibilidade foi grande demais, o que fez com que a O2 emitisse um comunicado afirmando que o aparelho estava esgotado online, além de ter retirado o sistema do ar.

Filas se formaram em vários locais de venda, como em frente às várias Apple Stores norte-americanas e a Softbank, no Japão, onde mais de mil pessoas aguardaram a chegada do iPhone.

No Brasil, onde ainda não há informações sobre a chegada do aparelho, a operadora Claro já obteve mais de 100 mil cadastros em seu site, no ar desde 9 de junho.

A Apple, por sua vez, espera alcançar muito mais consumidores com o iPhone 3G do que com a versão original lançada no ano passado. Em parte, porque a empresa abandonou a política de exigir que as operadoras revertessem a ela uma parte das receitas geradas com as ligações.

Lançamento

Entretanto, o início da comercialização do iPhone 3G foi marcado por falhas e descontentamento de usuários em vários locais.

Poucas horas antes de as vendas oficiais terem início, piratas virtuais anunciaram na véspera do lançamento, 10 de julho, que haviam conseguido desbloquear o sistema do aparelho para funcionar com qualquer chip da tecnologia GSM.

A fim de tentar diminuir o desbloqueio ilegal, a Apple anunciou a cobrança de US$ 400 a mais dos consumidores nos Estados Unidos que quisessem comprar um iPhone 3G sem ficar preso a um contrato com a AT&T. Além disso, as lojas que vendiam os aparelhos pediam para o usuário ativar seu número da AT&T no próprio estabelecimento.

Com a grande demanda, os servidores da AT&T não agüentaram o excesso de ativações e falharam em vários momentos. Como resultado, os consumidores foram orientados a ir para casa e tentar a ativação em seus computadores pessoais, de acordo com comunicado da própria operadora.

O objetivo era que o usuário fornecesse o número de seu aparelho iPhone 3G e o número do chip da AT&T. Apenas depois da aprovação dos servidores da operadora é que os usuários podiam sair usando o iPhone.

Os que já possuíam uma conta na AT&T com o iPhone antigo e resolveram adquirir o novo modelo precisaram cancelar a conta antiga. Com a falha do 3G, parte desses usuários ficou sem celular no primeiro dia de vendas.

O que também prejudicou a ativação do telefone foram falhas nos servidores da iTunes. Os funcionários da empresa não completavam o processo porque não conseguiam conectar-se ao site da iTunes. Isso fez com que vários clientes saíssem das lojas sem aparelhos funcionando, além daqueles que não conseguiram atualizar o sistema operacional para a nova versão 2.0 do seu iPhone antigo, que também parava de funcionar.

Essa não foi a primeira vez que aplicativos de bloqueio causaram danos ao funcionamento do iPhone. Quando a Apple realizou os primeiros updates no celular, a fim de trazer novidades e inutilizar telefones desbloqueados por hackers, alguns usuários com contrato com a AT&T viram seus telefones deixar se funcionar. Na época, o telefone foi apelidado de iBrick.

Em Londres, onde o telefone é vendido pela operadora O2, clientes enfrentaram problemas para ativar o aparelho nas lojas devido a uma sobrecarga no sistema de processamento da O2.

O sistema de ativação utilizado pela operadora exige o navegador Internet Explorer, da Microsoft, mas como o iPhone vem com o browser Safari, o sistema não funcionava.

Com o objetivo de sanar o problema, a Apple instalou o software de virtualização VMware Fusion em alguns dos computadores Macintosh da loja na Regente Street, para que eles rodassem o Internet Explorer, mas a solução não dava o resultado esperado.

Entretanto, chegou-se à conclusão de que o problema ocorreu com os sistemas de processamento da O2, que não agüentaram a demanda, e não com o navegador.

Além de tudo isso, por mais incrível que possa parecer, no dia do lançamento do iPhone 3G as ações da Apple caíram 2,29%.

MobileMe

A Apple anunciou, para o mesmo dia do lançamento do novo iPhone, o serviço MobileMe, em substituição ao .Mac, que sincroniza contatos, e-mails e calendários de serviços online para iPhone, iPod touch, Macs e PCs e cujo preço varia entre US$ 99 e US$ 149.

Mas a migração de um serviço para o outro também apresentou problemas. Usuários se queixaram de o serviço estar fora do ar ou de não conseguirem realizar sua instalação.

No último sábado, 12 de julho, a Apple disponibilizou o primeiro update para o MobileMe, versão 1.1. Os problemas ainda não foram totalmente resolvidos, mas, aos poucos, os recursos começam a funcionar.

O update MobileMe 1.1 está disponível através de Software Update e traz correções gerais de sistema para usuários do serviço no Mac OS X 10.5.4.

Números

O lançamento não trouxe apenas problemas. Devido ao fascínio que a Apple e o iPhone exercem sobre as pessoas (senão por que tanta gente ficaria horas numa fila para adquirir um “simples” celular?), os primeiros números são bastante promissores, e o iPhone 3G parece ter tido um bom começo.

De acordo com a empresa de investimentos Piper Jaffray, a Apple vendeu cerca de meio milhão de iPhones no fim de semana de lançamento.

A marca foi contabilizada entre as 18h de sexta-feira e o fechamento das vendas no domingo.

Piper Jeffray afirmou que a Apple tinha o aparelho disponível em todas as suas lojas no sábado, mas no domingo, em apenas 84% delas.

Segundo uma pesquisa elaborada pela empresa, 90% dos compradores de São Francisco, Nova York e Minneapolis adquiriram o modelo de 8GB. Dentre as 253 pessoas consultadas na avaliação, aproximadamente metade era de novos clientes da AT&T.

A Apple, por sua vez, anunciou ter atingido a marca de um milhão de iPhones 3G vendidos no final de semana. O modelo anterior levou 74 dias para chegar a esse patamar, de acordo com comunicado da empresa.

Brasil

O Brasil está na segunda leva de países para receber o iPhone ainda este ano, segundo a Apple.

Entretanto, aqui no país, o mobile ainda não chegou à Anatel, pré-requisito necessário para a comercialização do aparelho. Além disso, o celular da Apple precisa ser aprovado pela agência.

As empresas técnicas, num total de 13, credenciadas pela agência para a aprovação dos novos celulares que entram no mercado nacional, ainda não cadastraram o iPhone em sua lista de equipamentos sob análise.

O processo de estudo e homologação geralmente leva entre 60 e 90 dias. Daí a declaração do presidente da TIM Brasil, Mario Cesar Pereira, que acredita que as vendas do iPhone 3G no país só comecem a partir de outubro.

A Claro, primeira empresa a anunciar a venda do iPhone no país, não dá pistas sobre a data do lançamento do aparelho no varejo. A operadora afirma que acompanha a movimentação do mercado, mas não tem informações sobre quando poderá colocar o telefone em suas lojas.

A Vivo também anunciou a comercialização do telefone no país.

Considerações finais

No final de junho, o iPhone completou um ano de vida. Nesse período, a Apple vendeu seis milhões de exemplares do aparelho. Com o 3G, o banco de investimento norte-americano Morgan Stanley espera que a Apple dobre as vendas do seu mobile em 2009, chegando a 27 milhões de unidades vendidas.

Apesar do sucesso de vendas que o iPhone 2G obteve nos Estados Unidos, o aparelho não alcançou os mesmos resultados na Europa, mercados de telecomunicações que os analistas consideram mais maduros com consumidores mais exigentes. O iPhone 3G tem por objetivo preencher essa lacuna, procurando combinar as funcionalidades multimídia com uma maior velocidade permitida pela rede 3G.

Será que essas expectativas serão confirmadas?

Será que a Apple e as operadoras deixaram a desejar no seu planejamento para receber o iPhone 3G ou simplesmente “deram azar” com problemas de software?

Será que as redes 3G estão sendo expandidas adequadamente para atender à crescente demanda da nova tecnologia móvel?

Só o tempo dirá. A princípio, fica a mancha do lançamento, marcado por problemas, e não por satisfações.