Os últimos dois dias da WWW2013, dias 16 e 17 de maio, foram recheados não apenas de apresentações de artigos científicos, industriais e técnicos, mas também de discussões a respeito da controversa DRM (Digital Right Managements), que envolve tecnologias para gerenciamento de direitos digitais.
Tim Berners-Lee participou de um painel sobre neutralidade e liberdade na internet juntamente com o deputado Alessandro Molon. Em sua fala sobre a web aberta e transparente, ele defende o uso do DRM principalmente como parte da especificação do HTML5, o que já está ocorrendo com o working draft da API Encrypted Media Extensions (EME), gerando polêmica entre a comunidade de desenvolvimento presente no evento. Além disso, Tim Berners-Lee apoiou o Marco Cívil da Internet no Brasil.
O assunto sobre a DRM foi novamente debatido no último dia do evento, com um painel intitulado “Talking About DRM” que contava com os seguintes representantes da comunidade de desenvolvimento web do Brasil: Nuba Princigalli, Leo Balter, Cláudio Berrondo e Deivi Kuhn.
Fora os assuntos polêmicos, houve atividades paralelas mais suaves e com igual riqueza de conteúdo, como a apresentação de Zeno Rocha e Philippe Le Hégaret sobre HTML5 na atividade gratuita Open Web Challenges. Zeno apresentou e comentou sobre alguns dos projetos que ele desenvolveu ou ajudou a desenvolver como o Old Radio e o Wormz. Philippe apresentou algumas novidades da respeito do HTML e CSS que estão previstas para as próximas versões das especificações.
Tim Berners-Lee e Alessandro Molon defendem a votação do Marco Civil da Internet
Durante sua participação na WWW2013, Sir Tim Berners-Lee, criador da Web, e o Deputado Alessandro Molon (PT-RJ), falaram na quinta-feira (16) sobre a importância da aprovação do Marco Civil da Internet, atualmente em tramitação no plenário da Câmara. Ambos participaram de um painel para todos os participantes da conferência e, em seguida, concederam uma entrevista coletiva.
Molon destacou que o projeto está pronto para ser aprovado, e hoje é apoiado de diversos setores da sociedade, incluindo ONG, institutos de defesa do consumidor e segmento empresarial com negócios na Internet. “Na minha concepção o texto que está na Câmara já se encontra pronto para votação. Desde que ele foi apresentado, ele se aperfeiçoou, reforçando os conceitos de privacidade e neutralidade da rede.” destacou o deputado, lembrando que estes foram os dois pontos mais discutidos do projeto.
Já Tim Berners-Lee ressaltou que o Brasil hoje pode assumir uma posição de liderança com a discussão em torno do Marco Civil da Internet. “Eu pessoalmente apoio o projeto do Marco Civil, e acho que todos nós devíamos fazer o mesmo. O Brasil é um exemplo do espírito dinâmico e cheio de vida que marcou o início da Web”, definiu.
Ambos declararam que uma Internet aberta, neutra e com privacidade é fundamental para que o meio digital seja democrático. “O maior desafio de uma democracia hoje é evitar o controle de seus governos sobre a Internet” concluiu.
Fonte: Assessoria de Comunicação – NIC.br
O outro lado sobre a DRM
No painel “Talking about DRM” Nuba Princigalli, Leo Balter, Cláudio Berrondo e Deivi Kuhn apresentaram uma visão como desenvolvedores sobre a DRM, uníssonos contra a implementação da mesma.
Deivi Kuhn, do SERPRO (Serviço Federal de Processamento de Dados) falou sobre a grande preocupação de vincular um padrão de DRM na especificação do HTML5, a EME. Mesmo como uma extensão, a inclusão da EME na especificação pode gerar uma interpretação dúbia quando se falar que uma determinada aplicação é totalmente compatível com HTML5, o que pode ser interpretado como uma aplicação que apresenta controle de DRM.
Em seus slides, ele aponta o seguinte: “as empresas têm o direito de fazer o seu próprio modelo de negócio. Mas os consumidores/usuários devem ser capazes de decidir desses modelos de negócios é o melhor para eles. A especificação técnica [do HTML5] não deve decidir em nome de seus usuários”. Em outras palavras, significa que os usuários devem ter o poder de escolha se querem ou não utilizar uma aplicação ou conteúdo com DRM.
Leo Balter, durante sua fala, defendeu que existem alternativas ao DRM para a viabilização econômica e ainda pontuou que a editora O’Reilly publica os seus livros sem o uso de DRM e ainda assim mantém recorde de venda, o que mostra que não é propriamente a DRM que vai garantir que um conteúdo seja consumido nos formatos legais.
Os números
A 22ª International World Wide Web Conference (WWW2013) chegou ao final na sexta feira (17) com números expressivos. A conferência, que pela primeira foi realizada em uma cidade na América Latina, reuniu 1097 participantes, de 46 países diferentes. Segundo os organizadores do evento, estes números correspondem à expectativa inicial de participantes. O Brasil liderou o número de participantes, com 248 pessoas, seguidos pelos EUA, que contou com 199 (fonte: Assessoria de Comunicação – NIC.br).
Outra estatística importante foi quanto à taxa de artigos aceitos: dos pouco mais de 800 artigos submetidos, 125 foram aceitos, ou seja, cerca de 15% de aceite.
WWW 2014
Em 2014, a WWW será realizada em Seul, capital da Coréia do Sul. Será realizado na região de Gangnam (sim, a mesma mencionada no hit do PSY). Nos vemos lá?