Depois de virar do avesso a loja de aplicativos da Apple para iPhone, o que posso dizer até agora é que o resultado é decepcionante.
Desde 2001 estou habituada a buscar programas para turbinar as funções dos meus PDAs – primeiro, Palms, depois, Windows Mobile. Sempre pude procurar programinhas em sites de downloads gratuitos, como a www.freewarepalm.com e a www.freewareppc.com, além de fazer compras da loja Handango, a mais conhecida do ramo.
Quando tio Istive anunciou a possibilidade de desenvolvedores criarem soluções para iPhone, vibrei. Nesse meio tempo, iPhones e iPods touch “jailbreakados” passaram a mostrar o potencial dos dispositivos da Apple.
Então veio a solução oficial, a App Store. Com direito a uma “filial” brasileira. Mas depois de uma semana lendo e caçando tudo o que podia sobre aplicações, confesso-me decepcionada.
Enquanto estou ávida por um bom programa de agenda (felizmente uma versão do Pocket Informant para iPhone está sendo desenvolvida), um bom (e versátil) leitor de eBooks, e um gerenciador de documentos, além de outras soluções produtivas, o que a Apple nos apresenta são, na maioria das vezes, aplicações inúteis. Ou, pelo menos, ruins.
Toma-se como exemplo um gerenciador de tarefas. Foi um erro grave não ter nativamente no dispositivo, algo que os desenvolvedores imediatamente tentaram “consertar”. Faltam coisas básicas, como categorizações e contextos. Faltam alarmes. Quando encontra-se um mais completinho, ele resvala num pecado mortal: a falta de sincronismo ou backup.
Mas aos desenvolvedores, darei um desconto, pois não se criam soluções completas de uma hora para a outra. Eu fico indignada é com a Apple, que não está sabendo o que colocar à disposição dos usuários.
Fiquei passada com o caso do aplicativo do pato de borracha. Um cara criou um pato de borracha virtual, que pode ser “apertado” e fazer barulho virtualmente. E só. Tudo bem, cada um cria o que quer, e o programinha era de graça mesmo. Mas o cara esperou o pato ficar entre os “top 25” para passar a ser vendido a U$ 0,99. O pessoal que consulta rankings para separar o joio do trigo acaba comprando.
Cadê o controle de qualidade que tio Istive prometeu?
Não quero ser intransigente, nada tenho contra patos de borracha, sabres de luz ou bolhas para estourar. Todos são livres para criar. Mas fico chateada em saber que há uma “fila” e, creio eu, que bons desenvolvedores não estão tendo a chance de colocar seus trabalhos à venda ainda, enfrentando algum tipo de burocracia obscura.
Outro problema sério que constatei: a falta de período de experimentação dos aplicativos pagos. É difícil averiguar se eles realmente preenchem as necessidades do usuário sem testar antes. Que tal um trial de 5 dias para games e 15 dias para aplicativos, heim, tio Isitive? Desde meu primeiro Palm eu podia experimentar um aplicativo antes de optar pela compra…
Tenho certeza que há bons aplicativos em desenvolvimento. Espero sinceramente que nas próximas semanas surjam mais soluções produtivas do que meros simuladores de isqueiros. Enquanto isso, creio que ainda vai demorar para que um usuário profissional de Palm, Windows Mobile ou Blackberry troque seu dispositivo pelo da Apple sem involuir no trabalho.
Artigo originalmente publicado e na íntegra no blog Garota Sem Fio.