Agile

18 mai, 2011

Cultura e atitude primeiro, perfis técnicos depois

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Baby Steps é um termo utilizado em XP. Em essência, o termo significa realizar pequenas mudanças e então ter a certeza de que essa esteja madura e segura ao máximo para a partir daí realizar a próxima alteração.

Quando se trata de um time agile, tudo deve levar em conta este princípio e não somente o desenvolvimento, mas desde a contratação até a correta adequação do profissional à cultura em si.

Para exemplificar melhor vou contar um pouco das vitórias e derrotas que passamos em 2010.

Exemplos na prática

No primeiro semestre demorávamos muito para contratar. O profissional adequado precisava não apenas de conhecimento técnico, mas de um perfil que se encaixasse na cultura de auto-gestão – que se faz necessário quando se trabalha com agile.

Até o número de aproximadamente 30 pessoas, estávamos todos com um nível de cultura homogêneo. Nossos projetos eram entregues sempre com um nível de qualidade excelente e tínhamos o reconhecimento do cliente como diferencial em qualidade.

Depois de seis meses de bons trabalhos, a grande maioria dos projetos do nosso cliente acabaram sendo encaminhados para nós. O que era para ser um ponto positivo começou a se tornar um problema.

Ganhamos tantos projetos que a nossa equipe cresceu mais de 300% – das 30 pessoas do time inicial crescemos para pouco mais de 120 funcionários. Além de termos que contratar mais pessoas, o que já estava sendo difícil, tornou-se ainda pior com o mercado mais aquecido.

Devido à estes fatores, tomamos uma decisão que se mostrou errada ao longo do tempo. Contratamos pessoas focando apenas no perfil técnico, deixando que a cultura fosse adquirida no dia-a-dia. 

O problema não foi apenas este em si, pois formar pessoas também é necessário, mas principalmente o volume destas contratações. O volume foi tão alto que não conseguimos formar profissionais suficientes. Ao final acabamos tendo mais pessoas que precisavam ser formadas (em cultura agile) do que as que possuíam esta cultura.

Depois de um segundo semestre turbulento, barramos a entradas de novos clientes ou projetos, iniciamos a organização de um processo de melhores práticas que devem ser realizadas por todos – desde a venda à entrega dos projetos, e passamos a dar foco no coaching deste processo.

Passada a fase de turbulências, gostaria de compartilhar alguns aprendizados adquiridos:

  • Devemos sempre crescer num ritmo que seja possível disseminar a cultura, caso contrário os times passam a ser um conjunto de pessoas e não times. Como diriam os sócios da 37 signals no livro Rework, devemos sempre analisar friamente a necessidade de crescimento.
  • Abrir mão de padrões culturais e focar somente em requisitos técnicos nunca deve ser opção. Mesmo em casos onde há opção por formação destes perfis, esta formação deve ocorrer antes de entrar em projetos ou com um número mínimo que não cause impacto nos projetos.

Referências

  1. Havard Business Review: How My Company Hires for Culture First, Skills Second
  2. Baby steps
  3. Bluesoft Vídeo: Rework
  4. Podcast: Rework