Tecnologia

15 fev, 2016

Chips de próxima geração da Intel vão sacrificar velocidade para aumentar eficiência

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Após anos em que rapidez, preço e tamanho comandaram a inovação no Vale do Silício e em todo o mundo, a Intel agora reconhece que o futuro dos semicondutores pode contar com tecnologias que reduzem o desempenho absoluto em troca de um melhor consumo de energia. William Holt, chefe do Grupo de Tecnologia e Manufatura da Intel, fez o anúncio na International Solid State Circuits Conference (ISSCC) na semana passada. Essas tecnologias não serão lançadas no próximo ano ou no ano seguinte, mas sim depois de 2021.

“Nós vamos ver grandes transições”, disse Holt. “A nova tecnologia será fundamentalmente diferente. As melhorias tecnológicas puras que podemos fazer trarão melhorias no consumo de energia, mas vão reduzir a velocidade”.

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É estranho ouvir a Intel, que passou décadas impulsionando o desempenho de computadores, falando sobre como vai integrar novas tecnologias para construir circuitos de baixo consumo, mas é difícil culpar o raciocínio da empresa. Há quinze anos, a indústria de computadores teve como foco dar aos usuários mais desempenho para executar tarefas mais avançadas. Hoje, as discussões giram em torno da vida da bateria, dispositivos interconectados, Internet das Coisas e a nuvem. O velho paradigma era um computador que poderia renderizar, recuperar ou calcular dados de forma mais rápida, e o novo paradigma é um sistema que recupera com precisão o seu calendário, se comunica com seus sensores de treino, ou lida com a sua agenda.

Um dos gráficos da palestra de Holt ilustra bem os objetivos da Intel. Nesse gráfico, vemos vários tipos de tecnologia em termos de velocidade absoluta e em consumo de energia. A nossa tecnologia atual é a linha verde. O objetivo é nos mover mais para baixo no eixo y, por meio da adoção de poços quânticos, spintrônica, ou outros tipos de projetos de vanguarda.

energia-velocidade

Infelizmente, todas as tecnologias que podem fazer isso são muito mais lentas do que as que usamos hoje. O argumento de Holt e de outros é que, aumentando muito a eficiência de energia, podemos compensar com a diminuição das velocidades de clock em muitos dispositivos. Isso tem uma relevância particular para a computação exascale, na qual os requisitos de energia de peças de alta densidade dominam a equação e tornam praticamente impossível montar hardware de densidade suficiente para criar um sistema exascale.

“Particularmente quando olhamos para a Internet das Coisas, o foco vai passar de melhorias de velocidade para reduções dramáticas na bateria”, disse Holt. “A bateria é um problema em todo o espectro da computação. E os chips necessários para conectar objetos domésticos, comerciais e industriais, desde torradeiras a carros, à Internet precisarão exigir o mínimo de energia possível para serem viáveis”.

No entanto, a grande desvantagem de processadores que ficam mais lentos a cada ano, e não mais rápidos, são impactos no desenvolvimento tecnológico, uma vez que, sem poder extra de processamento, criadores de software e de novos projetos acabam limitados em seus ciclos.

A Intel declarou recentemente que pretende competir agressivamente na Internet das Coisas, mas ofereceu poucos detalhes sobre as metas de seus futuros produtos que dependem de CPUs high-end. A empresa não está abandonando o silício, mas há várias pesquisas no mundo para substituí-lo como matéria-prima para a fabricação de processadores. Materiais como grafeno, germânio, além de outras ideias que englobam carbono e nanotubos, são consideradas para o futuro.

Com informações de Extreme Tech