Dentro
dos corredores dessa feira moderna em que vivemos, onde o produto
da moda é a informação, faz-se necessário
estar atento aos males causados por tanta porcaria em forma de
conteúdo que está sendo ofertada no ambiente digital
e nos faz perder tempo precioso do dia. A começar por
ter que ficar limpando a toda hora a caixa de e-mails de baboseiras
sem fim nem tamanho. Quer dizer, algumas delas têm um tamanho
tão grande que até nisso elas dificultam nossas
vidas. Caso daqueles powerpoints de infinitos cliques,
que não dizem nada, e ficam tocando umas musiquetas chatas
que só elas. Para excluí-los é um custo.
Até aí tudo bem.
E quando as mensagens estão
disfarçadas de algo muito interessante? Quando você vai
ver é um texto sobre pessoas das menos às mais
conhecidas que viram ‘notícia’ por nada – considero
nada, por exemplo, essas brigas de casal ‘famoso’. Pra que eu
preciso saber que ‘fulano de tal’, que nem sabe que eu existo,
não está mais com ‘cicrana de tal’, que por sua
vez, nunca me viu mais magro? Sinceramente não preciso.
Então, delete! Declarações pífias
que viram ‘notícia’. Delete! Qualquer acontecimento banal
que vira ‘notícia’. Delete! Enfim, tudo que virou notícia
rasa o negócio é sair apertando o delete! É agora
ou nunca o momento de impor nossos próprios filtros e
fazer cada vez mais uso desse botão que dará início
na erradicação do problema. Exerça seu poder
de escolha e jogue fora tudo o que não acumular contribuições
positivas na sua bagagem.
Com
o advento tecnológico qualquer infeliz que tenha um celular
na mão pode sair por aí filmando e clicando tudo
o que tem e não tem direito. E publicando (ou ‘postando’)
em segundos, tudo o que quiser sem o menor comprometimento com
valores éticos ou morais. Cicarelli que o diga! Seja em
blogs ou em meios digitais alternativos, o fato é que
o papel da mídia acabou por perder, de certa forma, sua
importância. Sites e revistas de grandes empresas de comunicação
já incentivam o hábito da ‘contribuição’
de textos, fotos e matérias às redações.
Resguardados os cuidados pode ser um movimento interessante.
Mas direta ou indiretamente implica na ocupação
do espaço inerente ao profissional de comunicação
por aqueles que não tem faculdades para tal. Não
pretendo entrar, pelo menos por hora, nessa seara porque isso é motivo
de outra discussão.
Tratando-se
de informação de qualidade, um motivo para ficar
tranqüilo é que a imprensa brasileira é forte
e conseguiu constituir seu prestígio e credibilidade ao
longo de quase dois séculos de história. Por aqui
ela tem exercido nos últimos tempos, principalmente, um
papel decisivo e importante na defesa dos interesses sociais.
Temos veículos sérios e comprometidos com a informação
que realmente importa estar na primeira página do jornal,
nas editorias ou nas nossas caixas de e-mail. Que respeitam suas
fontes, que apuram o fato do início ao fim. Este processo
de abertura de novos canais, é verdade, está longe
de comprometê-la, mas de certa forma turva sua imagem.
Por
outro lado é inegável que o processo midiático
está se transformando e deve acompanhar as novas tendências,
ser contemporâneo, evoluir. Tudo bem, mas onde estão
os critérios para que estejam no ar formatos de mídia
cada vez mais abertos e pulverizados? No bom português,
leis que realmente funcionem em favor da privacidade e do direito
da pessoa no ambiente digital.
O
preocupante é que a sociedade em geral está tomada
pelo consumo imediato, pela rapidez avassaladora, absorvendo
tudo o que é perecível, descartável. Isto
quer dizer que opinião, mais do que uma forma de expressar
idéias, é o que você desenvolve com as experiências
acumuladas daquilo que vê, lê ou escuta. Então, é simples
como dois mais dois: se você vê, lê ou escuta
o que não presta, qual será o seu nível
de diálogo?
Não
basta ser informado, mais do que isso, é preciso ser bem-informado
e interpretar tudo o que chega até você a fim de
que consiga transformar informação, verdadeiramente,
no que mais importa e vai estar presente para o resto da sua
vida, conhecimento. E lembre-se: se não valer à pena,
delete!