DevSecOps

3 jul, 2025

OWASP SAMM: O Guia Prático para Integrar DevSecOps ao seu SDLC

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A integração da segurança ao ciclo de vida de desenvolvimento de software (SDLC) não é mais uma opção, mas uma necessidade estratégica. Em um cenário onde vulnerabilidades geram riscos crescentes, o OWASP SAMM (Software Assurance Maturity Model) surge como um guia essencial para estruturar, executar e medir a evolução da segurança de forma contínua.

Este artigo demonstra como aplicar o modelo de maturidade do OWASP SAMM de forma prática e incremental, permitindo que as equipes adotem o DevSecOps de maneira sustentável e eficaz.

Por que adotar um modelo de maturidade?

Iniciativas de segurança em DevSecOps, quando isoladas — uma análise de código aqui, um teste de penetração ali — carecem de consistência e não garantem uma evolução real do processo. Reconhecendo esse desafio aqui na Facti, entendemos que adotar o DevSecOps é, antes de tudo, uma mudança de cultura que exige um norte claro. É exatamente por isso que um modelo de maturidade como o SAMM resolve o problema, ao fornecer:

  • Direcionamento Estratégico: Define metas claras de curto e longo prazo.
  • Evolução Gradual: Estrutura a jornada em etapas progressivas, do manual ao automatizado.
  • Métricas Objetivas: Permite acompanhar o progresso e demonstrar o valor das ações de segurança dentro da adoção de metodologias ágeis para orquestração das atividades.

O OWASP SAMM organiza as práticas de segurança em cinco funções de negócio, com cada uma sendo avaliada em três níveis de maturidade.

Aplicação Prática: Integrando o SAMM ao seu dia a dia

A implementação bem-sucedida do OWASP SAMM depende do seu mapeamento direto no ciclo de vida dos projetos.

  1. Mapeamento com o Processo de Desenvolvimento Integração de cada função do SAMM às fases do seu SDLC:
  • Governança: Alinhe as políticas de segurança a normas como a LGPD e a ISO/IEC 27001.
  • Design: Realize a modelagem de ameaças e defina requisitos de segurança desde a fase de concepção.
  • Implementação: Adote padrões de arquitetura segura e automatize builds com verificações de segurança.
  • Verificação: Integre ferramentas SAST, DAST e SCA (como SonarQube, OWASP ZAP e Trivy) aos pipelines de CI/CD.
  • Operações: Automatize a gestão de infraestrutura (Infrastructure as Code – IaC) e mantenha um plano proativo de resposta a incidentes.
  1. As Fases da Maturidade: Uma Jornada Incremental O avanço pode ser estruturado em quatro fases:
  • Fase 1: Fundacional
    • Implementação inicial de SAST e linting no CI/CD.
    • Definição de requisitos mínimos de segurança.
  • Fase 2: Expansão
    • Introdução de DAST (análise dinâmica) e SCA (análise de componentes).
    • Criação de políticas de qualidade (Quality Gates).
  • Fase 3: Fortalecimento
    • Execução periódica de testes de penetração (pentests).
    • Coleta e análise de métricas de segurança.
    • Formalização do processo de gestão de incidentes.
  • Fase 4: Otimização
    • Integração da segurança na arquitetura como padrão.
    • Automação da conformidade com frameworks (NIST SSDF, ISO 27034).
    • Provisionamento de ambientes totalmente via IaC.

  1. Ferramentas Essenciais Para apoiar essa jornada, considere ferramentas como:
  • Análise de Código e Qualidade: SonarQube (SAST).
  • Análise de Aplicação em Execução: OWASP ZAP (DAST).
  • Análise de Dependências: Trivy (SCA).
  • Gestão de Segredos: HashiCorp Vault.
  • Infraestrutura como Código: Terraform, Ansible (com validação de segurança via tfsec).
  • Monitoramento: Grafana.

Medindo o progresso

A grande vantagem de um modelo de maturidade é a capacidade de medir o avanço com indicadores-chave de desempenho (KPIs), como:

  • Percentual de builds com verificação SCA > 95% (nível ideal: 100% para builds de produção).
  • Tempo médio para correção de vulnerabilidades (MTTR) 

Críticas: < 7 dias

Altas: < 14 dias

Médias: < 30 dias

Baixas: < 60 dias

  • Nível de aderência aos padrões de arquitetura segura.

Novos projetos: > 90%

Legados (críticos/modernizados): > 70%

Global (em maturidade avançada): 80-100%

  • Taxa de sucesso na resposta a incidentes > 80%

Isso permite não apenas justificar investimentos, mas também ajustar prioridades de forma inteligente através do que chamamos de Shift Left, ou seja, antecipar as atividades de segurança e testes para as fases iniciais do ciclo de vida de desenvolvimento de software (SDLC).

Conclusão

Construir um SDLC seguro é uma jornada contínua, não um projeto com data de término. Ao adotar um modelo como o OWASP SAMM, as equipes transformam o DevSecOps em um processo estruturado e mensurável. A segurança deixa de ser um “freio” e se torna um pilar de confiança e uma vantagem competitiva.

O segredo é começar: escolha as práticas mais críticas para o seu contexto, integre-as ao seu pipeline e evolua com consistência e visibilidade.