DevSecOps

18 set, 2014

HTML5 entra no vale da desilusão

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Quem está familiarizado com o Hype Cycles, do Gartner, sabe que a desilusão com novas tecnologias se instaura por um tempo e depois volta a subir lentamente por um período longo de adoção. Por isso, creio que o HTML5 está no vale da desilusão.

Como no ritmo frenético da tecnologia móvel, o Hype Cycles da maioria das tecnologias vibra em um comprimento de onda totalmente diferente. Novos produtos nascem e morrem em semanas e não mais em anos, e as super tendências de ontem tornam-se peça de museu no dia seguinte. Ainda assim, o HTML5 é uma super tendência e todas as suas extensões auxiliares estão pulsando em ciclos de vida cada vez mais rápidos. Todavia, o HTML5 parece ser uma super tendência com seu ciclo de vida, vale de desilusão e adoção em longo prazo próprio.

Tal desilusão veio à tona graças a afirmações públicas sobre iniciativas falhas ou equivocadas. Quem consegue se esquecer das declarações de Mark Zuckerberg, de dois anos atrás, afirmando que os experimentos do Facebook com HTML5 foram um erro? Pode ser útil relembrar o que o CEO do Facebook realmente disse durante a conferência Disrupt SF, em setembro de 2012:

“Quando reflito sobre os últimos anos, penso que o grande erro que cometemos, como empresa, foi ter apostado tanto no HTML5 ao invés do nativo. Porque ele apenas não estava pronto. E não é que o HTML5 seja ruim. Na verdade, estou realmente animado com ele, mas em longo prazo. Uma coisa interessante é que, na verdade, temos mais gente usando o site mobile do Facebook em seu dia-a-dia que os nossos aplicativos combinados para iOS e Android. A web móvel é realmente algo grande para nós”.

O diretor de tecnologia móvel do LinkedIn também explicou o movimento contrário ao HTML5 adotado por sua empresa: “Porque essas duas coisas (ferramentas de desenvolvimento e operações que resolvem problemas de forma rápida) não existem. As pessoas estão retornando ao nativo. Não é que o HTML5 ainda não esteja pronto, é que o ecossistema ainda não o suporta. Há ferramentas, mas elas ainda estão em seu início. As pessoas ainda estão descobrindo o básico”.

Esses tipos de comentários parcialmente negativos talvez tenham dado coragem ao analista Al Hilwa, do IDC, a ser menos efusivo em sua declaração sobre o progresso do HTML5 como tecnologia: “É justo dizer que o HMTL5, como um conjunto de tecnologias, ainda não atingiu as expectativas como plataforma de desenvolvimento e como objetivo da implementação de aplicações móveis”. Em seu relatório para o IDC, intitulado “O estado evolutivo do HTML5″, ele também sinaliza para os aspectos positivos do ciclo de adoção do HTML5: “Também é importante reconhecer que o HTML5 tem sido uma conquista tecnológica e uma política significativa que está sendo adotada em diversas áreas”.

De fato, Hilwa adota uma analogia Dickensiana de “melhores tempos, piores tempos” para descrever o HTML5: “Esses são os melhores tempos porque a tecnologia está avançando mais rápido do que nunca e conquistou a atenção do mundo. Há também os piores tempos para o HTML5, porque um número de esforços importantes para desenvolver aplicações móveis em tal tecnologia falharam efetivamente (por exemplo Facebook e LinkedIn) e, até hoje, poucas startups – sob pressão de serem bem sucedidas – arriscariam implementar suas importantes aplicações móveis em HTML5”.

Adicione a isto a recente parceria entre a Apple e IBM, que dará ênfase à IBM no desenvolvimento de aplicativos nativos para iOS, ao invés do HTML5. Assim, vê-se a desilusão geral crescer ainda mais. Assim, parece que ainda estamos no estágio de queda livre na perda de interesse e de apoio à tecnologia, e não exatamente no estágio de crescimento lento da sua adoção.

Tudo isto parece aumentar o interesse em aplicativos nativos, mas poucos podem arcar com os custos de desenvolvê-los para múltiplos sistemas operacionais. A desilusão com o HTML5 poderia redirecionar o foco para as plataformas MEAPs (plataformas de aplicações moveis empresariais), que permitem criar estas aplicações a partir de um único esforço de trabalho para sistemas operacionais diferentes, como o iOS, Android, Windows Mobile e BlackBerry.