Desenvolvimento

6 jun, 2011

O que nossos projetos devem aprender com SitComs

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Séries como Friends, Two And A Half Men e The Big Bang Theory são alguns Sitcoms
de sucesso que, ao analisarmos seus processos de produção, percebemos vários aspectos comuns à projetos de
software. Essa comparação pode parecer estranha de início, mas além das
semelhanças, devemos avaliar também quais práticas do Show Business
deveriam ser aplicadas na nossa área a fim de melhorá-la.

Analisando algumas semelhanças

  • Um bom time traz bons resultados: Não importa se existem ganhadores do Oscar no elenco. Se o time não estiver entrosado, o resultado não será bom. O resultado de qualquer SitCom nunca é um mérito individual (ao contrário do que pensa Charlie Sheen),
    mas sim de um esforço coletivo, capaz de gerar obras surpreendentes.
    Projetos de software também são dependentes das pessoas. Pensar que um
    processo ou um profissional certificado irá garantir o resultado é, em
    minha opinião, insistir em um erro. Um bom time é o que constrói um bom
    projeto.
  • Incertezas iniciais: A produção de um episódio piloto
    é cheia de incertezas, assim como a primeira Sprint de um projeto. O
    time não está entrosado, a “receita” não está definida e a relação com o
    cliente (para os Sitcoms, o público) ainda não está estabelecida. No
    início, só existem altas expectativas e uma dificuldade imensa para se
    gerar resultado, pois nada está definido.
  • Feedback constante: A cada episódio, o time de
    produção avalia o feedback do público para saber o que deu certo e o que
    precisa mudar. Esses feedbacks definem o que irá se tornar recorrente
    na série (como as batidinhas do Sheldon)
    ou o que será removido. Essa prática é basicamente o que fazemos com
    entregas constantes de software. Se o produto não se adaptar aos
    feedbacks, a chance de cancelamento é alta.
  • Fazer apenas o essencial: A duração dos episódios de
    um SitCom é menor do que a de uma serie convencional, por isso, os
    episódios se tornam mais relevantes, pois todas as cenas agregam valor à
    história. Esse efeito é semelhante ao que acontece com as Sprints
    curtas do Scrum, onde fazemos apenas o essencial, pois não temos muito
    tempo a perder.
  • Sem resultados vem o cancelamento: Arrastar uma
    série que não tem audiência é inaceitável para qualquer emissora. O
    cancelamento de um contrato é encarado como algo “normal” no ramo de
    entretenimento, o que acredito que também deveria ser no ramo de
    desenvolvimento de sistemas, prática essa que a agilidade busca
    introduzir na nossa área.
  • Não há garantias: Por mais que um Sitcom tenha um
    processo de produção, uma boa equipe de roteiristas e excelentes atores,
    nenhum desses fatores garantem o seu sucesso. Projetos de software
    também sofrem dessa incerteza, onde mesmo aplicando um método qualquer e
    tendo bons profissionais, o projeto tem grandes chances de fracassar.

Característica essencial que poderíamos copiar

Produzir um SitCom não é prestar um serviço, mas sim lançar um
produto no mercado. Produto esse que, ao gerar resultados, conquista seu
espaço definitivamente como opção de entretenimento para os clientes e
como fonte de renda para seus produtores.

Grande parte das empresas que produzem software tem a prestação de serviços como meio de negócio. Em minha visita à Endeavor,
percebi a importância de conseguir “escalar” seus produtos ou serviços,
coisa que não vejo aplicada nas empresas do nosso ramo. Com todas as
variáveis que determinam o sucesso, qualquer projeto que consiga
resultados em uma área específica deveria se tornar um produto. Isso não
só iria gerar uma “renda fixa” para a empresa e definir sua
especialização, como também facilitar o processo de compra para os
clientes.

Em resumo, muitas práticas do ramo de entretenimento se mostraram
eficientes no ramo de desenvolvimento. A percepção que
falta para as empresas do nosso ramo é que prestar serviços deveria ser
uma atividade temporária, até que algum produto emergisse das
experiências dessa etapa da empresa. Um mercado baseado em produtos
ajudaria os nossos clientes no processo de aquisição de software, já que
assim como os Sitcoms, projetos de software também não são garantia de
sucesso.

Até a próxima!