Desenvolvimento

10 jul, 2012

Existirá convergência entre soluções móveis de negócios e as direcionadas para consumidores

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Conceitos, tecnologias e ferramentas com foco em mobilidade, originalmente desenvolvidos para atender a demanda do mercado B2C, vêm sendo analisadas e utilizadas também pelo segmento corporativo para atender suas demandas internas B2B e B2E. Isso é devido à massificação da mídia especializada sobre o tema, em que mobilidade agora representa números na escala dos milhões: milhões de usuários, milhões de equipamentos, milhões de aplicações. Por isso a pergunta: aplicações com foco no B2C e B2B/B2E possuem as mesmas características e finalidade, compartilhando então a mesma abordagem tecnológica?

É neste momento, em que o mercado da tecnologia de mobilidade está extremamente aquecido e abarrotado com ferramentas que permitem maior facilidade e velocidade em criar aplicações, que se faz necessária a separação da estratégia tecnológica destinada ao consumidor final (B2C), daquela que se destinaria a atender os processos de negócio de uma corporação (B2B e B2E). Devemos atender usuários corporativos da mesma maneira que atendemos o consumidor final? Em todos os aspectos?

Tecnologias e conceitos como WebOS, HTML5, 3G, 4G, Small Apps e Apps Stores atendem efetivamente muitas das necessidades e demandas do consumidor final e também alguns processos B2B e B2E. Mas não é verdadeira a afirmação de que essas tecnologias e conceitos são a resposta para todas as questões. Ainda não! Principalmente se o foco não é o “consumidor final”.

O investimento em ferramentas que permitam um desenvolvimento de software mais rápido e portável para quase todos os sistemas operacionais móveis (iOS, Android, Windows Phone, entre outros), utilizando cada vez mais desenvolvimento “clicar e arrastar”, é um desejo antigo da indústria que passa a ser  atendido na atualidade por meio dos chamados frameworks de mobilidade (Corona SDK, Appcelerator, Rhomobile, SUP, JQuery, entre outros).

Mas isso tem o seu preço: sistemas generalistas não terão a mesma eficiência dos sistemas especialistas. Principalmente quando falamos de frameworks de desenvolvimento.

Aproveitando a afirmação de Chris Anderson em seu livro A Cauda Longa (The Long Tail) de que existe uma nova dinâmica no mercado, de maneira que as empresas têm que estar preparadas para a fragmentação desse mercado, pode-se dizer que o fenômeno chamado mobilidade fragmentou a indústria do software. Essa fragmentação deve ser vista como algo extremamente positivo, pois criaram-se vários nichos de softwares em um curtíssimo período de tempo e surgiram novos ecossistemas de negócio com demandas específicas de desenvolvimento de software especializado.

As Apps Stores estão ficando abarrotadas de aplicativos justamente devido a essa facilidade. Mas, para funcionarem, é necessário que o usuário esteja conectado a algum tipo de rede de dados, Wi-Fi ou 3G. Mesmo que apenas algumas dezenas de informações sejam necessárias, sem essa conectividade o usuário não terá o que precisa. A maioria dessas aplicações é desenvolvida por meio dos frameworks de desenvolvimento rápido, citados anteriormente.

O fato de termos o 3G e de estarmos nos preparando para o 4G, quer dizer apenas que onde houver acesso à rede de dados das operadoras teremos alguma conectividade, mas não quer dizer que a rede de dados será onipresente ou eficiente. Para isso, ainda vamos esperar alguns anos (quem se lembra da promessa do Wimax? O seu 3G de hoje funciona com 100% da velocidade 100% do tempo? Aliás, o 3G funciona 100% como prometido e em todo lugar?).

Para alguns usuários, principalmente os corporativos, não ter a informação crítica naquele exato momento pode significar a perda de um negócio, um prejuízo ou atraso em um processo, por exemplo. Portanto, para esses usuários, utilizar aplicativos que dependam de redes de dados sempre é um risco alto. É aí que entra a importância de aplicações que possam armazenar, localmente, as informações indispensáveis, dando acesso a elas mesmo quando não há conectividade. Característica essa que geralmente não é atendida por boa parte das soluções existentes nas lojas de aplicativos.

Não entendam isso como: “morra online, vida longa ao offline”. Não é isso. Afinal, o ideal é sempre o equilíbrio: soluções híbridas. Apenas precisamos ter o cuidado de entender a dinâmica do “como” e do “que” realmente precisamos no decorrer do dia (informações, imagens, vídeos, regras de negócio etc.) e do seu impacto se não estiver lá com você, a fim de determinarmos melhor qual a abordagem tecnológica mais adequada: maior, menor ou nenhuma dependência de conectividade. E, aí sim, partir para a adoção das ferramentas e dos frameworks adequados à sua realidade e não cair na imposição de campanhas de marketing ou mídia, que utilizam como modelo apenas a realidade do consumidor final, para quem, nem sempre, não ter a informação naquele momento não é crítico.