Desenvolvimento

30 ago, 2017

Conheça as mulheres do WWCode Recife

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Nesta entrevista ping-pong, falamos com a Andreza Leite, cofundadora da WWCode Recife, que apresentou a comunidade, suas maiores ações em Recife e região e como ela enxerga o meio de comunidades no Brasil.

Com vocês, WWCode Recife!

Rodrigo Pokemão: Como surgiu o WWCode Recife?

Andreza Leite: A Karina Machado, diretora da WWcode Recife (https://www.womenwhocode.com/), conheceu a comunidade Women Who Code pela Internet em 2013. Ela ficou interessada em representar a comunidade na rede de Recife e entrou em contato com a CTO do WWcode, a Zassmin Montes de Oca. Depois disso, ela convidou outras colegas para fundar a organização em Recife. O grupo de cofundadoras era formado inicialmente por nós duas, Josilene Santana, Lidiane Monteiro, Vitória Vasconcelos, Ludmilla Veloso e Jennifer Payne.

Hoje, a comunidade cresceu, temos em torno de 400 membros oficiais e uma estrutura organizacional definida entre duas diretoras, que representam o WWCode e lideram a rede de uma cidade, além de organizarem eventos e treinarem e orientarem outras líderes (a Karina Machado e eu); Temos também duas líderes técnicas, que organizam eventos em sua área de especialização (Willany Silva e Simone Amorim) e três evangelistas, que são gurus da comunicação e servem como embaixadoras do WWCode na cidade. Elas lidam com mídia social, stand em conferências, acolhimento, entre outras ações (Veridiana da Silva, Isabele Isis e Josilene Santana). Ainda temos as gerentes de projeto, que são voluntárias de curto prazo para ajudar a coordenar ou liderar um projeto específico.

RP: Hoje, quais são as principais atividades da comunidade?

AL: O WWCode é conhecido pelos seus grupos de estudo técnico semanais gratuitos e eventos mensais maiores, incluindo palestras técnicas, hackathons e treinamentos de carreira. Com essas ações, o WWCode busca não só divulgar e atrair mulheres para a área, mas também estimular as mulheres a desenvolverem habilidades que melhorem seus perfis e impulsionem suas carreiras. Entre essas habilidades estimuladas pela organização, destacam-se:

  • Técnica: promove a aquisição e o compartilhamento de conhecimentos em linguagens de programação, novos frameworks, ciência de dados, entre outros;
  • Escrita: estimula a criação de blogs para escrita de conteúdo técnico;
  • Speaking: possibilita a execução de lightining talks para keynotes/palestras de conferências e eventos;
  • Carreira: faz aconselhamento, mapeamento de oportunidades, whiteboarding, empreendedorismo e facilita o contato das mulheres com vagas disponíveis;
  • Liderança: permite que as mulheres em cargos de liderança possam influenciar outras mulheres, gerenciar projetos e liderar equipes.

O WWCode possui uma conferência anual para desenvolvedores, a Connect, que é aberta aos 100 mil membros da organização Women Who Code, e reúne oradores de todo o mundo para compartilhar suas histórias e conhecimentos sobre tecnologia, além de workshops técnicos, keynotes e conselhos práticos para o avanço da carreira.

RP: Sobre os eventos locais, quais vocês organizam/realizam?

AL: Os eventos técnicos promovidos pelo WWCode podem ser desde grupos de estudos até palestras, workshops, meetups online, hackathons e treinamentos de carreira. Em Recife, temos grupos de estudos de CSS, Web Mobile, Ruby, banco de dados e empreendedorismo. Esses eventos podem ser conduzidos por líderes técnicas da própria comunidade, permitindo que elas desenvolvam suas habilidades técnicas e de speaking. Em Recife, o WWCode já impactou aproximadamente 400 mulheres com mais de 50 eventos realizados.

RP: O que torna essa comunidade tão peculiar?

AL: O WWCode tem um grande diferencial que é o foco no desenvolvimento da carreira profissional das mulheres. Um exemplo do estímulo dentro da nossa comunidade é o desenvolvimento de liderança. Com o intuito de amenizar a carência de exemplos femininos a serem seguidos, apontada como uma das razões para a falta de interesse das mulheres pela área, o WWCode promove oportunidades para as mulheres ocuparem cargos de liderança dentro da própria organização. O WWWCode acredita que as líderes são a força motriz da comunidade.

Outro grande estímulo da comunidade é a participação em grandes eventos. O WWCode já concedeu mais de US$ 434 mil em bolsas de estudos e US$ 285 em ingressos de conferências internacionais.

Eu e a Karina já participamos de grandes conferências internacionais nos Estados Unidos com a ajuda da comunidade. A Karina foi para o WWDC Apple Developer Conference, em 2015, e o Google I/O 2017, em São Francisco. Eu participei da MesosCon, em 2015, em Seattle.

Participar de grandes conferências internacionais é uma experiência profissional excelente, pois temos a oportunidade de ter acesso a diversos conteúdos técnicos, conhecer as pessoas que desenvolvem a tecnologia, conhecer pessoas de diversos países que trabalham na mesma área que a sua e poder trocar experiência, fazer network com os participantes do evento e com as pessoas da comunidade em que você está engajada. Como o WWcode é uma comunidade global, tivemos a oportunidade de conhecer mulheres de diversos países que trabalham com o mesmo objetivo, e isso foi incrível! Essas oportunidades aumentam as fronteiras profissionais e pessoais dos membros da comunidade.

RP: Existe uma troca de experiências com outra comunidade?

AL: Além das outras redes do WWCode, que nos permitem uma troca de experiências em nível global, temos relação com outros grupos e redes como: Meninas Digitais, Pyladies, Women Techmakers, Django Girls, Women Makers, Multi-Platform Audience Contributor – MTAC etc.

RP: Qual a importância da sua comunidade para a região em que está localizada?

AL: O Women Who Code desenvolveu, desde a sua fundação, diversas ações e atividades com três principais focos de atuação, que podem ser sintetizados em: estimular o interesse de estudantes pela área de computação, diminuir a evasão das alunas nos cursos da área de computação e estimular o desenvolvimento na carreira profissional tecnológica.

A evolução da carreira profissional das mulheres no setor tecnológico tem sido pouco estudada, e a falta de motivação das mulheres resulta em uma distribuição desproporcional dos gêneros no mercado de trabalho tecnológico. Existem diversas organizações e iniciativas que buscam atrair mulheres para os cursos de computação, mas faltam iniciativas que procurem estimular essas mulheres a se desenvolverem em carreiras tecnológicas para diminuir a desigualdade de gêneros nesse setor, principalmente quando se trata da ocupação de cargos de liderança.

RP: Como você enxerga o meio das comunidades no Brasil (o pessoal se ajuda, troca experiências, vão uns nos eventos dos outros)?

AL: O propósito de uma comunidade é ajudar seus membros por meio do compartilhamento de conhecimento e experiências. Uma comunidade só se torna realmente ativa e alcança resultados concretos quando sua liderança e membros estão engajados, trabalhando em conjunto para o bem de todos.

Essa vivência comunitária não alcança resultados significativos se restringindo a apenas uma das diversas comunidades. Devem-se estimular parcerias entre as comunidades para a criação de um conjunto colaborativo no qual já compartilhamos objetivos e podemos trabalhar juntas para aumentarmos o impacto de nossas ações.

O WWcode Recife sempre que possível apoia e participa da organização de eventos e programas de outras comunidades, isso fortalece o crescimento das comunidades e cria uma sinergia entre todos – afinal, estamos trabalhando com o mesmo propósito.

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