Desenvolvimento

29 jun, 2015

12 dicas para desenvolvimento de aplicativos cívicos

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Aplicativos cívicos permitem que pessoas participem do desenvolvimento público através de tecnologia, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida, promover cidadania e debater novas políticas públicas sem a necessidade de autorização, permissão e de forma gratuita. Para isto, estamos listando neste artigo alguns pontos importantes para que sejam refletidos na construção de uma solução cívica em um aplicativo.

1. Mantenha simples sua proposta de valor

O desenvolvimento de aplicativos deve ser baseado em uma proposta de valor clara e simples. Tente se concentrar em uma funcionalidade objetiva e evite desenvolver diversas funcionalidades ao mesmo tempo, pois, caso isto ocorra, talvez seja o cenário para se construir mais de um aplicativo. Uma proposta de valor clara e simples pode ajudar o aplicativo a criar uma identificação e ser utilizado com mais facilidade pelo público alvo.

2. Conheça o público através de conversas constantes

Converse com o público que irá utilizar o seu aplicativo antes de desenvolvê-lo. Estas entrevistas são excelentes para validar desde a sua proposta de valor, até mesmo a linguagem que você irá usar para explicar o aplicativo e as “telas” (experiência) que você irá disponibilizar para os usuários utilizarem sua solução. Procure criar perguntas para validar sua ideia, leve um wireframe como material de apoio e verifique se a proposta de valor será percebida com facilidade.

3. Capacitação dos usuários

Mantendo simples e conhecendo o teu público, você provavelmente terá uma boa ideia de qual será a dificuldade dos usuários em utilizar a plataforma, por isto desenvolva um plano para capacitar os usuários que você quer atingir. Inicialmente, seu plano pode contemplar uma boa documentação, mas também trabalhe com a hipótese de capacitações offline, além de que desafios de compreensão da aplicação pelo usuário, possam ser trabalhados através de UX/UI (User Experience/User Interface).

4. Contexto Local e dados geolocalizados

Além dos usuários, também verifique questões locais de onde você pretende utilizar a solução inicialmente e torne isto um parâmetro da sua aplicação, principalmente para que seja possível a replicação em outros locais. Sempre que puder, também adicione informações de geolocalização nos dados e trabalhe para que seu aplicativo possa lidar bem com a localização.

5. Alianças estratégicas para direcionamento e escalabilidade

Baseado em seus usuários, sua proposta de valor e o local onde você irá trabalhar inicialmente, busque identificar organizações e pessoas que possam trabalhar em conjunto com a aplicação para poder realmente gerar impacto. Um exemplo, se você esta trabalhando com uma solução sobre a saúde de crianças, busque uma ONG e um departamento do governo que trabalhe neste contexto para te ajudar a divulgar, desenvolver e atuar em cima do seu aplicativo.

6. Dados abertos gera integrações

É muito importante que os dados que você armazene sejam de fácil integração e reutilizáveis por outros. Mantenha o acesso através de uma API e download de dados em formato aberto para que todos possam criar novos aplicativos baseado no seu. Uma boa abordagem é basear a API em uma arquitetura RES, e os dados estarem em padrões estruturados e de preferência com semântica e documentação sobre o uso deles.

7. Cross-plataform para não gerar exclusão digital

Aplicativos têm de ser para todos. Eles não devem depender de uma plataforma específica para serem utilizados. Trabalhe com frameworks e metodologias onde seja capaz oferecer a sua aplicação para todas as plataformas (ou a maior parte delas), dessa maneira você não cria uma exclusão digital. Um caso típico é disponibilizar um aplicativo apenas para um sistema operacional de celular, e não oferecer suporte para outros e nem via web. Atualmente é interessante começar o projeto baseado em web e nos próximos passos passar para o desenvolvimento de aplicativos nativos para celulares.

8. Manutenção com colaboração

Facilite para que outras pessoas possam te ajudar no desenvolvimento e manutenção do software, por exemplo, trabalhe com os códigos fontes em um repositório público, disponibilize novas versões do seu aplicativo em períodos curtos, desenvolva um “ChangeLog” e um canal de comunicação simples para que novos desenvolvedores possam ajudar.

9. Licenças para facilitar a reutilização

É essencial que você deixe claro qual a licença que escolheu para sua aplicação. Existem várias disponíveis, então, verifique qual é a melhor para o teu caso através deste verbete no wikipedia. Não deixe de definir e mencionar qual a licença dos dados presentes na sua aplicação – veja algumas delas disponíveis no site da Open Data Commons.

10. Privacidade sobre informações pessoais

É importante deixar claro para os usuários quais dados você está armazenando, como você gerencia a questão de cookies e como você lida com as informações do usuário quando ele acessa seu aplicativo. Em alguns casos, você terá que lidar com dados sensíveis de pessoas, sejam eles dados pessoais ou informações que podem impactar na segurança do usuário e por isto é importante que você defina esta política e mantenha transparente como você garante a segurança do usuário.

11. Comunidade para colaboração constante

Reflita e faça um planejamento sobre como seu aplicativo pode desenvolver uma comunidade de usuários e desenvolvedores, para isto é interessante que você tente determinar desde do início qual seria o provável senso de comunidade, ou seja quem seriam as pessoas e organizações que participariam e quais as motivações delas em se juntarem para formar uma comunidade. Quando há comunidade, as chances de manutenção, expansão, desenvolvimento de novas alianças estratégicas e impacto são maiores.

12. Sustentabilidade financeira para continuidade

O desenvolvimento do aplicativo cívico poderá ser realizado e mantido com esforços e necessita de recursos. É importante a criação de um plano que você contemple os passos comentados até aqui. Esse, provavelmente, será um bom passo para encontrar uma maneira de ser financiado. Seja através das suas alianças estratégicas, fundações que trabalhem como investidores de impacto social, ou por atores que são responsáveis ou tem interesse em oferecer aplicativos cívicos.