Esta semana, a gigante em tecnologia de conectividade, Cisco Systems, teve sua sede luxuosa em São Paulo vasculhada pela Polícia Federal e Receita Federal. A operação Persona (em referência às máscaras utilizadas nos antigos teatros gregos), iniciada há mais de 2 anos, investiga a multinacional suspeita de trazer mercadorias da matriz nos Estados Unidos através de empresas de fachada sediadas em paraísos fiscais, empresas estas, registradas em nome de brasileiros de baixo poder aquisitivo, vulgo laranjas. O nível de envolvimento chega às altas hierarquias, tendo o presidente e ex-presidente da Cisco do Brasil já presos pela polícia.
Estima-se que em um período de 5 anos, a Cisco tenha importado ilegalmente cerca de 50 toneladas de produtos de alta-tecnologia subfaturados e registrados em notas fiscais falsas. A Receita Federal alega que a empresa tenha sonegado uma quantia aproximada de R$1,5 bilhão em impostos.
Chama a atenção a complexidade do esquema, onde as mercadorias chegavam pelo aeroporto de Salvador, tinham a entrada facilitada através da corrupção de funcionários alfandegários que as encaminhava a São Paulo de onde eram distribuídas para todo o país.
A quantia envolvida, porém, não deve ser avaliada somente com base no montante sonegado, visto que a Cisco beneficiou-se tendo seus produtos com um preço competitivo no mercado quando estes não tinham em seu custo a carga tributária.
A nós brasileiros, que historicamente temos o hábito de associar corrupção exclusivamente a nossos empresários e políticos, esta notícia nos dá um tapa no rosto, mostrando-nos que mesmo nas empresas mais tradicionais no mercado mundial, os maus hábitos existem.