Marcou uma geração (talvez mais pelo lado Trash) as orientações e treinamento de karate que o Senhor Miagui dava em seu aluno no filme Karate Kid. Graças a isso o garoto, que não era nenhum exemplo de coragem, conseguia superar os adversários mais difíceis. Assim como no filme, o empreendedor sempre está lidando com a estrutura não-ideal para enfrentar os problemas do dia-a-dia e, muitas vezes, tem que improvisar e adquirir competências do dia pra noite sem ter tido nenhuma formação pra isso.
Tem que aprender RH porque a empresa dobrou de funcionários nesse mês, tem que fazer divulgação sem verba pra isso, sempre se tem dúvida se está na rota correta, mesmo porque a empresa está tentando encontrar a sua maneira de se firmar no mercado. Por isso tudo o empreendedor precisa de um Senhor Miagui. E antes que alguém comece a treinar socos e pontapés, poderíamos usar um conceito já muito difundido nas empresas: o coach. Que em inglês significa treinador (igual tem um time de futebol, por exemplo). São pessoas experientes em gestão e liderança, num mercado específico ou ainda em uma determinada competência, que treina uma equipe ou um executivo para alcançar as suas metas.
Nas grandes empresas, para resolver os problemas que o empreendedor enfrenta, normalmente são contratadas pessoas de mercado ou uma consultoria. Ambos caríssimos! O que para o empreendedor normalmente é proibitivo. Porém, com o coach a pessoa não põe a mão na massa, não cuida da execução, por isso o custo é bem menor. E usando-se de um coach não quer dizer que o empreendedor não tenha que ainda ter sua característica de polivalência, porém terá resultados muito melhores e mais rápidos se quando entrar em novas searas e desafios tiver a opinião de alguém experiente.
O coach de que o empreendedor precisa é para questões pontuais, como marketing, tecnologia ou vendas. Como um coach constante sobre o negócio que pode ser feito por um “padrinho” do negócio ou um Advisory Board (reunião de aconselhamento). No primeiro caso é bom até que seja de graça, tanto para evitar mais uma despesa como também porque normalmente há no caso do “padrinho”, ou “mentoring” para os mais chiques, um laço emocional de acreditar na causa do empreendedorismo de quem está fazendo. E no caso do Advisory Board, além disso, há o interesse do networking e de ter no currículo uma experiência dessa, que pode ser uma reunião mensal ou bimestral.
Talvez se todo empreendedor no Brasil tivesse o seu Senhor Miagui, os inimigos do empreendedor – concorrência com as grandes empresas, caixa baixo para investimento, gestão de pessoas e vendas – fossem mais facilmente derrotados e a taxa de mortalidade das empresas seria bem menores.