Carreira Dev

14 jul, 2010

Tecnologia – um grande aliado na luta contra a criminalidade

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“As organizações políticas, como os Estados e os Municípios, não atingirão seu pleno desenvolvimento se não contarem com informações atualizadas, precisas e rápidas sobre os melhores meios de distribuírem seus recursos gerados por seus povos.”.

Começo este artigo citando uma frase de Cezar Henrique Rocha, 2000. A alusão a esta frase não apenas se enquadra neste artigo, mas também é uma crítica a todos o órgão públicos e seu pequeno investimento em tecnologia.

Notoriamente a tecnologia aos poucos passa a fazer parte de políticas públicas, auxiliando nos processos de organização e distribuição. Fato que há pouco tempo temos acesso a notícias como a integração da base de dados de setores públicos de diversos estados, o que, convenhamos, não é uma tecnologia muito atual, apesar de que muitas vezes vemos repartições ainda com arquivos em papel.

Quando tratamos de criminalidade no Brasil, nos deparamos com uma forte falta de transparência nas informações. As poucas estatísticas que existem são genéricas, e o que mais se vê é o pleno senso comum dos locais onde existe o considerado “maior risco”. A falta de transparência nos faz pensar que a forma como as informações são tratadas soam de forma precária e nenhuma ação é realizada em cima das mesmas.

Penso que não só a redução da criminalidade, mas outras tomadas de decisão são possíveis se houver a implantação de políticas com o objetivo de prevenir e reduzir as ações criminais, fundamentalmente utilizando pesquisas que permitam avançar no entendimento das causas destes fenômenos, gerindo uma base de dados espacial e temporal dos atos ocorridos. 

O cruzamento destas informações com dados estatísticos (dados censitários, imagens de satélite, cadastros urbanos, etc.) tendem a explicar algumas ações e determinar as principais áreas onde existe a necessidade de maior atenção. Estes dados, aliados a tecnologias como sistemas de informação geográfica, possibilitam a criação de diversas análises como, por exemplo, a identificação de territórios criminais, a determinação de fronteiras, a recuperação de bens roubados e a análise de zonas quentes, entre outros.

A criminalidade é um fenômeno social e depende apenas de ações sociais para reduzi-la. Ou seja, apenas os dados sobre atos criminosos não são tomadores de decisão e não justificam as ações a serem executadas, mas sim o cruzamento com dados de fatores sócio-econômicos, ocupações desordenadas, falta de infra-estrutura, desemprego, tráfico e consumo de drogas, aumento desenfreado da população etc., com o objetivo de entender o que resulta neste aumento da criminalidade e possíveis atos sociais a serem executados para uma redução a longo prazo.

A importância da qualidade dos dados juntamente com a espacialização da informação relacionada ao tempo, aliada a dados públicos existentes, tende a ser não a resposta, mas a pergunta que falta nos meios de hoje: “o que fazer? Onde fazer?”.

Funciona em outros países?

Alguns países têm já bem desenvolvidos sistemas de informações sobre a criminalidade.

  • Reino Unido: http://maps.police.uk/ – Sistema de informação geográfica mantido pelos órgãos públicos da Inglaterra.

Los Angeleshttp://www.lapdcrimemaps.org/ – Sistema de informações geográfico mantido por órgãos públicos de Los Angeles, muito bom.

USA – Mapping Crime, US Departament of Justice, Keith Harries, Ph.D., 1999.

E no Brasil?

O que fazemos?

A falta de recursos faz com
que a sociedade desenvolva serviços de utilidade pública mesmo antes do Estado.
Parti deste princípio quando desenvolvi o MapaCrime, baseado
em muitos outros sistemas existentes, com mais ênfase aos citados acima.

São geralmente sistemas
voltados à sociedade, sem fins lucrativos e com baixa credibilidade, visto que
qualquer pessoa pode entrar e cadastrar a informação que queira, mentirosa ou
não.

“Um site que muitos esperam
não utilizar”, acredito que é o melhor slogan que podemos dar. Além de tudo, o
retorno do usuário ao site é quase zero. Quantas vezes por dia você irá visitar
este site? Mesmo assim, a sociedade se mexe e busca soluções capazes de trazer
à tona os principais problemas.

O grande diferencial do site é tornar públicas
também as ocorrências não notificadas aos órgãos municipais ou estaduais
responsáveis pela segurança, já que muitas vezes nem boletins de ocorrência são
abertos. Porém, é preciso salientar que hoje existem
delegacias online, onde os BOs devem ser realizados para ao menos contabilizar
e cobrarmos ações dos órgãos públicos responsáveis.

Delegacias Online

Concluindo

A falta de transparência aliada ao aumento da criminalidade e aos avanços tecnológicos da sociedade demonstram o enfraquecimento dos Estados e Municípios nas ações do dia-a-dia. Enquanto empresas privadas se utilizam de tecnologias de ponta para aumentar a sua carteira de clientes e buscam insaciavelmente a qualificação de seus processos, o setor público sofre com o seu atraso tecnológico e falta de investimento.