Carreira Dev

8 mar, 2019

Dev além do Código – Loiane Groner

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A área de tecnologia e desenvolvimento sempre foi dominada por homens. Embora, muitas mulheres tenham sido fundamentais para o crescimento e consolidação do setor, os homens sempre foram maioria. Com o passar dos anos, elas têm ganhado mais espaço e mostrado seu valor.

No “Dev Além do Código” especial do Dia Internacional da Mulher, conversamos com Loiane Groner, desenvolvedora com mais de 10 anos de experiência em TI. Ela trabalha como dev e analista de negócios nos Estados Unidos. Palestrante internacional, Loiane é referência e autora de livros que já tiveram alcance mundial, com tradução para chinês e coreano.

Loiane é Google Developer Expert em Web/Angular, Microsoft MVP em Developers Technologies e Oracle Groundbreaker Ambassador, além de ser entusiasta Java, JavaScript, Sencha, Angular, Ionic e programação reativa. Participa ativamente dessas comunidades, escreve para um blog pessoal (https://loiane.com) e publica aulas e cursos disponíveis em https://loiane.training

O Começo

Quem descobre sobre este extenso currículo, não faz ideia de como tudo começou. Quando se formou em ciência da computação na FAESA, no Espírito Santo, onde nasceu, ela era uma das poucas mulheres no curso. O ano era 2008. E se engana quem acha que ela sempre se interessou pela área de desenvolvimento.

Ela conta que entrou no ramo de tecnologia por acaso. “No ensino médio estudava para fazer vestibular para o curso de Direito, porém meu interesse maior era com exatas, então decidi fazer um curso na área de exatas. Escolhi ciência da computação por gostar de ‘ficar no computador’. Pensava que iria aprender sobre consertar computadores na faculdade, mas estava enganada. Hoje fico muito feliz de ter mudado a minha escolha.”

Mercado Dev

Para entrar no mercado, Loiane diz que foi beneficiada por meio de uma parceria entre a universidade e algumas empresas das cidades de Vitória e Vila Velha, que ofereciam vagas de estágios. Ela, um amigo e quase todos da faculdade conseguiram entrar no mercado por meio dessas iniciativas. “Quando me formei, todos os alunos de todos os cursos de computação (ciência da computação, sistemas de informação e tecnólogos) estavam trabalhando (até falei isso no discurso da formatura), o que foi incrível!”, relata Loiane.

Segundo Loiane, ela teve sorte de poder iniciar a carreira em uma empresa na qual recebeu muitas orientações e mentoria. “Nos deram treinamento das tecnologias que iríamos precisar para completar as tarefas e passaram desafios com complexidade gradual. Assim que conseguia completar uma tarefa mais simples, iam passando uma mais complexa” afirma Loiane.

Ela lembra que no início só sabia o básico de Java (OO, herança, getters e setters) e aprendi banco de dados, controle de versão, e a trabalhar em equipe. Hoje, Loiane diz que é comum enfrentar novos desafios na carreira: “Pela perspectiva de complexidade técnica, é normal sentirmos dificuldade quando temos que usar uma tecnologia ou framework novo, pois não está na nossa zona de conforto.”

“Mas, depois de um tempo, ficamos mais confortáveis por ter mais conhecimento na tecnologia em questão, e deixa de ser ‘difícil’ pois conseguimos passar pelo desafio”, completa. Ela diz que outro ponto que se pode considerar é afinidade com a tecnologia. Segundo, a desenvolvedora, “sempre que temos que usar algo que não gostamos muito é mais complicado, menos prazeroso. Já tive que trabalhar com tecnologias que não gostava, mas isso faz parte; não é sempre que teremos oportunidade de trabalhar com a última tecnologia da moda ou o framework que amamos.”

“Já tive que trabalhar mais de 12 horas por dia e ainda fazer faculdade e dar conta dos trabalhos da faculdade. Não foi fácil, mas foi um período de muito aprendizado”.
– Loiane Groner

Cotidiano

Loiane Groner, como todo profissional de desenvolvimento, já trabalhou mais de 12 horas por dia e passou madrugadas trabalhando. Ela diz que sempre é algo importante de se fazer, quando necessário, mas não recomenda, por não ser algo saudável. Atualmente, ela trabalha oito ou nove horas por dia e tem sido mais produtiva pela manhã, quando faz um check list “no papel mesmo, nada de app e ir riscando o que já fiz”.

Apesar de trabalhar com tecnologia, ela gosta de ser tradicional com alguns costumes, como ter um planner, que é um “novo nome gourmet para agenda”, brinca Loiane, onde anota as pendências semanais. Mesmo tentando de outras maneiras, diz que prefere e consegue se organizar melhor com o planner.

Curto trabalhar em projetos que sei que irão beneficiar os usuários. É bem legal ver que algo que você fez é útil para alguém e melhorou a forma do usuário trabalhar, ser mais produtivo.
– Loiane Groner, Desenvolvedora.

Ela afirma que já se decepcionou quando por não conseguir vencer algum desafio e ficar frustrada. “Pode ser que você escolha uma tecnologia só porque é a sua favorita (principalmente no início da carreira), mas não era a melhor escolha para a solução do problema, e quando você percebe, você gastou tempo com algo que não era o ideal, mas são os alto e baixos da vida, são lições que nos ajudam a aprender e a melhorar”, disse.

Ela revela que é “um pouco workaholic” e que precisa estar sempre estudando e tentando algo novo para se manter motivada: “Tenho a minha vida ‘corporativa’ e minha vida de comunidade. Quando não estou trabalhando, gosto de criar conteúdo para a comunidade (o que acaba me incentivando a estudar e me aprofundar mais nos assuntos). Tenho um canal no Youtube onde publico os vídeos que gravo. Tenho um blog, mas não é sempre que escrevo”.

Diz ainda que: “Sempre que tenho oportunidade, gosto de palestrar também – conhecer novas pessoas, trocar idéias e encher minha barrinha de motivação! E fora desse mundo de tecnologia, gosto muito de cozinhar, tentar fazer receitas novas. E curto ir em parques de natureza (trilha/caminhada) e parques temáticos!”

À medida que a indústria de TI evolui, nós temos que evoluir junto. É uma mudança constante junto com aprendizado constante.

Dicas

No bate-papo que o iMasters teve com Loiane Groner, ela falou sobre um item fundamental para qualquer profissional: o inglês. A falta de conhecimento na língua inglesa impede muitas oportunidade. “O profissional mais escasso é aquele sem inglês fluente para conversação principalmente (combo inglês + parte técnica). Existem muitas multinacionais no Brasil que tem dificuldade de encontrar profissionais para trabalhar diretamente com um time no exterior. Na parte técnica, a gente consegue facilmente preencher os gaps através de cursos, treinamento e mentoria. Mas aprender inglês leva mais tempo. Se pudesse dar um conselho é invista em aprender inglês (e existem várias maneiras de se aprender inglês online e gratuitamente)”, observou Loiane.

“À medida que a indústria de TI evolui, nós temos que evoluir junto. É uma mudança constante junto com aprendizado constante”.
Loiane Groner, desenvolvedora

iMasters – O que você falaria para quem quer entrar na área ou já está começando?

Loiane – “Dê uma olhada na vitrine de tecnologias e áreas diversas de TI. Escolha algumas, veja se gosta, e assim que encontrar uma que goste, foque nela. Hoje em dia tem diversos cursos e material gratuito e é muito fácil perder o foco e querer aprender tudo. Ninguém sabe tudo. E aprenda a base. Sim, é chato estudar teoria, mas para se destacar mesmo, aprender como funciona e o porquê que funciona daquela maneira, não foque apenas em saber usar um framework, mas como o framework/linguagem funciona. Frameworks vem e vão, mas com uma base sólida, é mas fácil de aprender algo novo depois.

Estude inglês. Tem bastante material gratuito na internet pra ajudar a começar. Tem muita oportunidade legal no Brasil, ou quem sabe, trabalhar no exterior também (caso seja o objetivo).
E não se esqueça das soft skills. A parte técnica te leva até certo ponto, depois as soft skills irão ajudar, como Comunicação e relacionamento com pessoas. Apesar de falarmos, em TI, sobre tecnologias, no final tudo se resume às pessoas”.

“Participem de comunidades! É muito legal e quem sabe você também não pode começar a contribuir de alguma forma!?”
Loiane Groner, Desenvolvedora.