O Android é popularmente conhecido pela sua fragmentação de versões e devices. Ou seja, versões mais recentes do Android possuem recursos que não existem em versões mais antigas, além de que temos mais de 4 mil smartphones diferentes rodando Android atualmente (fonte: Google Play Developer Console).
A grande divisora de águas no Android atualmente é a versão 3.x – ela marca um antes, um durante e um depois. Antes dela, todas as versões foram desenvolvidas unicamente para smartphones, apesar de alguns tablets também usarem. Durante, as versões 3.x foram desenvolvidas unicamente para tablets. E a partir da versão 4+, esses dois mundos foram unificados para rodarem em ambos, smartphones e tablets.
Essa característica traz à tona uma dúvida muito comum para desenvolvedores e empresas: ”A partir de qual versão do Android devemos suportar em nossos aplicativos?”. Apesar de aparentemente trivial, essa decisão é muito importante e pode representar o sucesso ou o fracasso do seu app, portanto deve ser muito bem embasada.
Veremos aqui uma estratégia possível para se tomar essa decisão. Os parágrafos a seguir são baseados na minha experiência pessoal e conhecimento sobre o mundo mobile e Android. Cada um deve pensar sobre eles, considerar outros que achar pertinentes e aplicá-los ao seu contexto para tirar conclusões.
Existem duas situações em que podemos precisar decidir qual versão do Android suportar: quando iniciamos o desenvolvimento de um app novo ou quando já temos um, mas nunca se pensou realmente sobre isso. Acredito que os itens a seguir podem se encaixar em ambos os casos.
Passo 1: Inicie suportando a menor versão possível
É importante conhecer os recursos disponibilizados pelas versões e, a partir disso, pensar se realmente é necessária aquela versão mais recente ou se uma mais antiga já é suficiente para o projeto. Opte pela menor versão possível que atenda às funcionalidades primordiais do seu app, as que definem seu negócio.
Na maior parte dos casos, versões mais antigas o atenderão, principalmente levando-se em conta que desde 2009 o Google mantém o Support Library, que leva novas funcionalidades para versões mais antigas do Android.
Este passo é muito importante para aumentar ao máximo os insumos para irmos para o próximo, pois quanto menor for a versão que você decidir suportar, maior será o público que seu app irá atingir.
O objetivo deste primeiro passo é ampliar nosso leque de informações para que decisões mais estratégicas, como “suportar a partir de versões mais recentes” ou “não dar suporte especializado para determinada configuração que existe em poucos devices”, dentre outras, possam ser tomadas. Dessa forma, torna-se possível, mais tarde, estreitar seu suporte de forma consciente.
Passo 2: Analise em quais versões seus usuários estão distribuídos
Este passo tem como objetivo lhe dar informações sobre seus usuários atuais, ou seja, pessoas que já decidiram e instalaram seu app. Com essas informações, você conseguirá saber qual versão deve suportar para manter esses usuários.
O Google disponibiliza uma ferramenta de gerenciamento do app (deployment, test A/B, estatística e outros) muito poderosa, que é o Google Play Developer Console. Com ela, é possível visualizar quantas instalações foram feitas (mesmo que desinstaladas posteriormente), quantas instalações ativas (que o app permanece instalado), qual a distribuição dessas instalações entre as versões do Android, os devices e muito mais.
Passo 3: Analise em quais versões o mundo está distribuído
Com este passo, será possível obter dados de como expandir o app. Ou seja, qual versão do Android seu público-alvo, que não é um usuário ativo (target), pode estar usando. Assim, é possível tirar conclusões sobre quais versões continuar suportando para que no futuro ainda mais usuários tenham acesso a seu app.
O Google mantém estatísticas como essas. Periodicamente, ele analisa os usuários da Play Store, webstore do Google, e gera alguns gráficos e tabelas que contêm informações sobre qual distribuição do Android esses usuários utilizam e outras. Essas estatísticas podem ser acessadas nos Dashboards do site Android Developer.
As informações mais atuais, até a escrita deste texto, disponibilizadas pelo Google mostram que apenas 1,7% dos devices estão em versões 2.2 ou inferior. Que as verões 2.3.3 e 2.3.7 representam 26,3% . E 72,0% dos devices estão rodando a versão 4.0.3 ou superior. Ou seja, 98,3% dos aparelhos analisados pelo Google rodam o Android 2.3.3 ou superior.
Conclusão
No passado, essa decisão já foi muito mais difícil, pois os devices com Android usavam versões de forma muito mais pulverizada. Nos dias atuais, a fragmentação está concentrada em dois grandes grupos: versões 2.3.3 e 2.3.7 e versões 4+.
As funcionalidades disponíveis para esses dois grandes grupos estão relativamente bem niveladas. Além desse nivelamento, para nos ajudar nas implementações de funcionalidades mais complexas, podemos contar com o Support Library, mencionado no início deste texto, e bibliotecas disponibilizadas pela comunidade do Android.
No entanto, ainda assim é interessante analisar essa questão de qual versão do Android suportar e considerar os pontos levantados, além de outros que forem pertinentes para encontrar a melhor opção no contexto de cada um. Dessa forma, será possível tomar a melhor decisão de forma consciente e tirar mais proveito das oportunidades que surgirem com ela.
E você, considera outros critérios? Compartilhe aqui sua opinião adicionando um comentário.