Você concorda que criar um sistema operacional do zero leva muito tempo e que uma vez criado você precisa de um complexo ecossistema de empresas parceiras e desenvolvedores para que ele obtenha êxito no mercado, certo? Pois tendo isso em mente, e aprendendo com o fracasso dos seus concorrentes (leia-se Windows Phone e Blackberry 10) que a Google começou sua jornada rumo à criação do substituto do seu já consagrado Android.
Talvez a pergunta que venha a mente nesse momento seja algo como “Por que substituir um cara que já é líder de mercado?”. Acredito que a resposta passe pelas seguintes questões:
- O Android completou 10 anos de vida e foi projetado antes que o mundo tivesse certeza de que os smartphones com tela inteira, multitoque, 60 FPS seriam o futuro;
- o Kernel Linux que alimenta o Android tem 27 anos e foi originalmente projetado para PCs;
- Há muito legado no Android;
- Se livrar de vez de inúmeras patentes do Java da Oracle.
E como no universo cinematográfico da Marvel, essa jornada tem sido desenhada através de capítulos ao longo dos anos:
- 2013 – Google lança a linguagem Dart, otimizada para o desenvolvimento client-side para Web e dispositivos móveis. (atualmente encontra-se na versão 2.1);
- 2015 – Google apresenta o Flutter, um SDK híbrido para Android e IOS ainda em fase experimental;
- 2016 – Finalmente o Fuschia, sistema operacional baseado no kernel Zircon da própria Google e voltado especificamente para aplicações escritas em Dart e Flutter começa a ser desenvolvido.
Tendo exposto isso, fica claro o plano de fazer com que os desenvolvedores construam aplicativos para o seu novo sistema operacional antes mesmo dele ser lançado, de modo que seja criada uma nova comunidade. Que, no presente, encontra-se focada em escrever uma base de código única tanto para iOS quanto para Android, mas que também esteja preparada para um futuro não tão distante. (Aproveito para registrar meu chute: Teremos o Fuschia em 2022! Anotou?)
Flutter Live
A primeira versão estável do SDK híbrido e de código aberto da Google foi anunciada no dia 04 de dezembro, na conferência Flutter Live realizada em Londres e transmitida ao vivo via streaming.
Segue abaixo os principais destaques do evento:
Flutter 1.0
- Suporte a Pixel-perfect no IOS (já era suportado no Android)
- Web browser próprio
- Suporte ao Google Maps
- UI com internacionalização para 50 idiomas
Flare
Ferramenta para design e animações de vetores 2D voltada para designers de aplicativos e jogos. O principal objetivo do Flare é permitir que designers trabalhem diretamente com os assets, eliminando a necessidade de refazer esse trabalho no código. As animações exportadas pela ferramenta são facilmente importadas no seu app escrito em Flutter.
Codemagic CI/CD
Uma nova ferramenta de entrega contínua que possibilita, através de um único processo de deploy, o empacotamento e a publicação do aplicativo na Google Play e na App Store.
Desktop embbeding
Como o flutter é um SDK leve e portátil, porque não executá-lo também nos desktops Windows, Linux e Mac, não é mesmo? Durante a live eles mostraram exemplos de apps rodando de forma experimental nesses sistemas.
Hummingbird
O Google também anunciou que está experimentando rodar o Flutter na web sob um projeto com codinome Hummingbird. Até agora, ele é capaz de renderizar a maior parte da paleta de componentes do Flutter, incluindo os widgets Material Design.