Segurança

3 mai, 2022

O grande risco para seus dados e para o seu bolso

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O que protege sua conta bancária, suas informações pessoais e mesmo as mensagens que você troca com seus amigos por sistemas de mensagem instantânea não é a sua senha; mas a criptografia. O embaralhamento dos registros e das informações trocadas de forma que, apenas com a chave correta, é possível se ter acesso.

Uma criptografia é, no fim, um meio de modificar uma informação de um modo que, só conhecendo a forma de reverter a sua codificação, torna-se possível interpretá-la. Por exemplo, converter uma palavra em outra apenas movendo cada letra para a que está a sua direita em um teclado convencional, destes que se iniciam com “qwe”, já impediria a sua imediata compreensão; sendo necessário que o destinatário saiba que é preciso ler o que foi escrito movendo cada letra obtida para sua equivalente à esquerda. Amor, por exemplo, passaria a ser sqpt.

Hoje a criptografia mais poderosa baseia-se na multiplicação de dois números primos, o que é fácil de ser realizado; porém difícil de ser fatorado. Tornando, quase impossível, que seja quebrada. Mas isso com a computação como a conhecemos hoje.

O problema é que, em teoria, o computador quântico, por sua forma de processamento não binário, conseguiria superar esse desafio com facilidade. Significando tornar obsoleta a forma como nós protegemos nossas informações. E, diga-se de passagem, essas máquinas não são mais ficção científica; elas já estão aí, na mão de grandes corporações do mundo do silício.

Talvez o que ainda esteja retardando vermos nossos segredos expostos seja, no fim, o custo de utilizar essas ferramentas. Estando, de longe, inacessível para a maioria dos governos, das demais organizações e dos hackers. Mas isso não ficará assim por muito tempo.

Nasci em meio ao desenvolvimento da indústria de computadores, e, quando criança, visitei grandes estruturas que eram os supercomputadores de outrora e, hoje, carrego mais poder computacional do que todo aquele edifício que visitei na infância, dentro do meu bolso. Meu smartphone é muito mais poderoso que aquela máquina fascinante que vi um dia.

O problema é que, o mesmo que ocorreu com os antigos supercomputadores, vai acontecer com os computadores quânticos. E, no futuro, ainda que na forma de aplicações específicas – como ocorre nas placas de vídeo – eles estarão ao alcance de qualquer pessoa. Destruindo o modelo atual de segurança.

Não está claro ainda como será a substituição da tecnologia usada hoje, não aparecendo em nenhuma projeção como um risco a ser antecipado. O que realmente constitui um problema.

A hipótese que se trabalha atualmente é a de que se desenvolva uma criptografia quântica, o que significa que está nas mãos de poucos a possibilidade de obtê-la. Concentrando uma vantagem em polos específicos da indústria atual, e de países específicos.

Talvez poucos tenham percebido, mas a corrida pelo domínio desta nova forma de computação poderá definir quem vai manter-se como potência no futuro. O problema é que, diferente dos supercomputadores do passado, que visitávamos em universidades e eram, em sua maioria, propriedade do Estado, hoje as mais promissoras destas máquinas estão nas mãos da iniciativa privada.

Aparentemente o futuro aponta para o domínio por monopólios tecnológicos, pela atual concentração de capital e inteligência – programadores, patentes, etc. – nas mãos de grandes conglomerados do vale do silício. E direitos, como o da privacidade dos dados pessoais, poderão ser ameaçados continuamente.