Desenvolvimento

10 mai, 2018

Red Hat Summit: A Red Hat e o mercado brasileiro por Boris Kuszka

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E nesse segundo dia de Red Hat Summit, tivemos a oportunidade de bater um papo com Boris Kuszka, Solution Architect Manager da Red Hat.

Nessa entrevista, ele fala sobre mercado brasileiro, relação da Red Hat com a comunidade de desenvolvedores e o crescimento assustador do OpenShift no Brasil e no mundo! De tudo o que estar por vir, ele repete uma frase que disse ter estudado no próprio evento: daqui a cinco anos eu só tenho a certeza de que estarei cinco anos mais velho. Porque de resto… Impossível prever!

iMasters: Quais os produtos da Red Hat são mais usados pelo mercado brasileiro?

Boris Kuszka: Bem, hoje temos alguns produtos que são muito procurados pelo mercado brasileiro. Definitivamente, o RHEL e o JBoss Enterprise Application Platform estão no topo desta lista.
Mas se falarmos em produto em crescimento, por certo é o OpenShift e a FUSE, nossa suíte de integração. O OpenShift por tudo que a gente viu aqui no evento desde ontem, afinal, o mundo está caminhando cada vez mais para os containers. Não tem como fugir.

Já a nossa suíte de integração, é pela facilidade que ele traz para as empresas, que estão sentindo cada vez mais pressão para serem ágeis e entregarem um produto ágil. O ambiente atual dessas empresas, hoje, não tem essa agilidade. Então, ele cria um outro que é o ideal. Mas é preciso integrar o legado com a nova versão. É aí que entra FUSE.

E uma das suas grandes vantagens competitivas no mercado é que ela suporta mais opções, devido ao fato de ser open source.

 

iMasters: E quais os produtos da Red Hat que teriam muita utilidade no nosso mercado, mas ainda são negligenciados?

Boris Kuszka: O Decision Maganer é um dos nossos produtos que vem crescendo muito fora do Brasil. Mas dentro, ele ainda está engatinhando. Ele, a grosso modo, implementa processos de negócio. E no Brasil, isso é muito difícil de fazer. É uma cultura do brasileiro ser avesso a processos.

Mas agora, a gente vem percebendo um interesse maior nessa automatização. Para que ele seja melhor aceito, foi, inclusive, remodelado. Já é possível rodar em cima do container e tem escalabilidade automática, por exemplo.

 

iMasters: Em que as mudanças no suporte/licença do Java, anunciados pela Oracle, afetam o JBOSS?

Boris Kuszka: O Java sempre teve, por merecimento, muita atenção da comunidade desenvolvedora. Mas como ele era suportado pela Oracle, uma empresa tradicional de licença, muita gente ficava com receio de que ele pudesse ficar engessado, ou que pudesse vir uma pegadinha no futuro dessa relação Java x Oracle. Tanto que existe o OpenJBK, que é versão aberta do Java. Uma opção.

Com a ida do Java foi pra a Fundação Eclipse, que é a mesma que faz a interface de desenvolvimento da Red Hat, a linguagem está no open source. Está acessível a qualquer um. Sem medos. Sem pegadinhas. Com colaboração. Com isso, o Java se desenvolve mais rápido e sem amarras.

Mas nós acreditamos que é preciso ir além do Java. Tanto que lançamos o Red Hat Aplication Runtime, que dá suporte em outras linguagens para plataformas que antes eram apenas Java. Nosso objetivo é deixar o trabalho do desenvolvedor menos engessado. É dar um leque maior de soluções. Para aumentar eficiência, usa-se outras linguagens e frameworks, que dão mais opções. E assim, o Java é a principal, mas não é a exclusiva.

 

iMasters: Como os lançamentos que vimos aqui na Red Hat Summit (relacionados a IBM e a Microsof) vão impactar o mercado brasileiro?

Boris Kuszka: Com a IBM e a Microsoft suportando os produtos da Red Hat, conseguimos abrir nosso leque no mercado e abraçar o legado que as empresas têm, vindo de empresas tradicionais.

A parceria da Microsoft é uma coisa mais antiga e que tem evoluído muito bem. Ano passado, chegamos a fazer uma demonstração do Windows Container convivendo com o Linux Container. Mas era algo conceitual. Agora, eles vão conviver no mesmo cluster, numa versão beta, homologada. Para o mercado como um todo, é algo muito bom, porque dá ao cliente opções. E é isso que importa.

 

iMasters: Vê-se muito que a Red Hat fala com as empresas. É uma empresa, vendendo para outra. Mas como vocês se comunicam com o desenvolvedor? Como fazer dele o advogado da Red Hat nesse mercado?

Boris Kuszka: Temos algumas ações voltadas diretamente para o desenvolvedor e cuidamos com muito carinho de todas elas, porque esse é um público muito importante para nós.

Há dois anos, nós criamos o Developers.redhat.com. Nesse site, os desenvolvedores têm acesso a todos os nossos produtos e na versão interprise. Ele pode utilizar à vontade, criar, experimentar… Só não pode ser usado para produção. Para o mercado.

Outra ação que estamos investindo pesado é no suporte e apoio a diversos hackathons em todo Brasil. É importante para nós estar perto desse público, ver o que eles estão fazendo…. O último que apoiamos foi o Woman Who Code, que tem um foco muito bacana, em trazer a mulher para o mundo do desenvolvimento, que é algo que nós também estamos empenhados, que apoiamos e queremos ver esse movimento acontecer. Fora que é uma ótima oportunidade para fomentar a tecnologia e fazer o open source ser conhecido.

Por fim, temos a Red Hat Academy, que é uma parceria que fazemos com diversas universidades em todo Brasil. Nós conversamos com as universidades, fechamos parcerias para que usem os nossos cursos, os códigos dos nossos produtos. E não é só “usem e acabou”, sabe? A gente cuida disso, acompanha… Assim, podemos ver o que aparece de insight, o que nós podemos melhorar, como podemos cooperar mais.

 

iMasters: Como está sendo a adoção do Openshift como PaaS nos últimos anos e o que você acha que motivou isso?

Boris Kuszka: A pressão do mercado motivou o crescimento do OpenShift como PaaS. Disso, não temos dúvida. Os bancos se viram ameaçados por fintechs, por exemplo, os táxis pela uber, hotéis pela AirBnB… O status quo foi ameaçado. E com isso, as empresas entenderam que um simples aplicativo pode mudar todo o seu mercado.

Mas não basta ser ter um app. É preciso entregar um bom produto, eficiente, ágil… E é aí que entra o OpenShift: na agilidade. No Brasil, temos empresas como Itaú e Sulamerica, que são grandes e tradicionais e que já entenderam que é preciso evoluir. E hoje estão conosco.

 

iMasters: Como eles olham o mercado doméstico com a Distro Fedora?

Boris Kuszka: O Fedora é a versão upstream da RHEL. Ela é ótima! Minha equipe inteira usa e nós incentivamos mesmo o uso por parte da comunidade. Ela fomenta a tecnologia e é ótimo para a pessoa conhecer e se familiarizar com o produto. Mas indicamos para testes, homologações etc. Se for para usar em empresas, indicamos sempre a RHEL, que é a nossa versão interprise, com suporte.
Afinal, é uma versão beta, ainda que moderna, mas não é a versão estável.