A Psyche Aerospace, conhecida por suas inovações em tecnologia para o agronegócio, anunciou no último dia 28 de janeiro, na Experience House, em São Paulo, o lançamento da inteligência artificial “Turing”, considerada pela empresa uma espécie de “ChatGPT do agro”.
Conduzida por Anderson Rocha, professor de Inteligência Artificial da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e AI Advisor da Psyche, a iniciativa reúne dezenas de PhDs que desenvolvem soluções de machine learning, robótica, IoT, biotecnologia e nanotecnologia, tudo voltado à otimização das operações agrícolas.
“Com a Turing, queremos elevar o patamar da agricultura de precisão no Brasil”, explica Gabriel Leal, CEO da Psyche Aerospace. “Nosso objetivo é transformar o agronegócio brasileiro por meio da tecnologia, tornando a produção mais inteligente e sustentável. Isso inclui trazer soluções que monitorem as lavouras em tempo real e automatizar decisões que impactam diretamente na produtividade e na redução de custos.”
Inteligência Artificial
A proposta da Psyche gira em torno de um ecossistema amplo, composto por drones e robôs capazes de mapear e analisar propriedades rurais com altíssima precisão — chegando a 4 cm, muito acima da resolução obtida por satélites convencionais.
Modelos como Sabiá (que mapeia 125 hectares por hora), Carcará (400 hectares por hora) e os pulverizadores autônomos Harpia e Harpia Hexa (que chegam a cobrir de 40 a 50 hectares por hora) geram dados que são processados pela plataforma Turing, integrando informações de solo, clima, estresse hídrico, deficiências nutricionais do solo, da plantação, pragas e outros.
Essa abordagem possibilita análises mais completas, permitindo intervenções antecipadas e personalizadas a cada propriedade.
“Acreditamos que tecnologias convergentes são a chave para a evolução exponencial do setor agro”, destaca Anderson Rocha, que lidera a concepção da plataforma Turing. “No caso da Psyche, o ecossistema já nasce com uma perspectiva disruptiva, pois integra inteligência artificial, robótica, nanomateriais, biotecnologia e Internet das Coisas. Em qualquer um desses pilares que haja avanço, todo o sistema se beneficia.”
Além do lançamento da IA Turing, a Psyche anunciou a construção de uma nova fábrica no interior de São Paulo, considerada o ponto central de seu plano de expansão.
A unidade, que terá 100 mil metros quadrados, deve reforçar a produção de equipamentos voltados à pulverização e ao monitoramento de lavouras.
Para viabilizar este projeto, a empresa também deu início a uma nova rodada de investimentos Série B, considerada essencial para a execução do plano de expansão.
De acordo com a Psyche, o objetivo é democratizar o acesso à tecnologia e posicionar o Brasil como referência mundial em soluções para o agronegócio, consolidando o país como um polo de inovação.
App Turing
Como parte do plano de ampliar o acesso à tecnologia, o aplicativo Turing será disponibilizado gratuitamente aos produtores, o que, segundo a empresa, pode elevar de forma significativa a produtividade agrícola.
A iniciativa prevê a oferta de ferramentas de alto desempenho a agricultores de diversos portes, além de formar uma extensa rede de dados em nível nacional.
Para viabilizar o projeto, a Psyche negocia com parceiros estratégicos que devem financiar a implantação de bases operacionais em diferentes regiões do Brasil.
A monetização, de acordo com a empresa, será impulsionada pela demanda de grandes agentes da cadeia produtiva — como instituições financeiras, seguradoras, fabricantes de insumos e cooperativas — em busca de informações confiáveis para embasar decisões, mitigar riscos e otimizar investimentos.
“Queremos criar uma cadeia virtuosa no agro brasileiro que dará resultados em todas as esferas, gerando uma economia mais forte, sustentável e trazendo mais comida na mesa das pessoas”, destaca Leal.
Agro é tech
A estratégia coincide com um momento de destaque do setor agropecuário brasileiro, que conseguiu multiplicar a produção de grãos por cinco vezes desde o final dos anos 1970, ampliando a área cultivada em uma proporção muito menor.
Isso foi possível graças a novas tecnologias, fertilizantes mais eficientes e cultivares adaptadas ao clima tropical. Agora, com o Turing e a atuação convergente de drones, robôs e softwares de análise preditiva, a Psyche busca levar o país a um novo patamar de competitividade global, aliando sustentabilidade, rentabilidade e acesso a dados de alto valor agregado.
“Acreditamos que a agricultura vai passar por uma grande transformação digital nos próximos anos, e nosso papel é garantir que o Brasil esteja na vanguarda desse processo”, afirma Gabriel Leal. “Queremos que pequenos, médios e grandes produtores tenham acesso a soluções tecnológicas de ponta, pois cada avanço local fortalece toda a cadeia global do agronegócio.” ♦