Tecnologia

20 fev, 2014

Proposta de postergar o esgotamento dos endereços IPv4 livres é levantada em reunião do NIC.br

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Há meses, o NIC.br tem conduzido várias reuniões para discutir a questão da transição tecnológica do IPv4 para o IPv6 na Internet. No dia 12 de fevereiro, aconteceu a mais recente.

ipv6

A transição é forçada devido ao esgotamento mundial dos endereços livres no protocolo antigo, o IPv4 (em uso desde 1983), e vem sendo anunciada amplamente desde o início da década de 1990. Apesar da solução estar disponível há anos, muitas empresas postergaram demasiadamente o início da mudança, o que leva à atual situação problemática.

Na última reunião, foi levantada a proposta para que o NIC.br tentasse postergar o esgotamento dos endereços IPv4 livres. Entretanto, isso não é simples, pois entra aí a questão da distribuição de recursos de numeração na Internet, que segue princípios comuns em todo o mundo e é realizada por um conjunto de instituições organizadas em uma hierarquia. Os blocos (no caso, de IPv4) distribuídos pelo NIC.br são repassados a ele pelo LACNIC, que é o Registro Regional para América Latina e Caribe. O LACNIC, por sua vez, recebeu seus endereços da IANA/ICANN. A distribuição dos endereços é sempre feita com base em necessidades justificadas.

É válido ressaltar que o LACNIC nunca se recusou a repassar blocos de endereços IPv4 ao NIC.br, que, por sua vez, nunca recusou alocações a operadoras ou provedores de acesso, quando justificadas adequadamente. Tanto que, em 2013, o Brasil foi o segundo país no mundo com mais alocações de endereços IPv4, atrás apenas dos EUA.

Também foi levantada a possibilidade de o NIC.br buscar endereços junto a empresas norte-americanas que receberam grandes conjuntos de IPs no início da operação da Internet. Mas o processo seria complexo, caro, e o número de endereços provavelmente faria uma diferença apenas marginal, dada a velocidade de crescimento da rede no mundo e, em particular, no Brasil.

Apesar de haver projetos nas empresas para a implantação do IPv6, existe uma grande dificuldade para que se comprometam com prazos bem definidos, mesmo considerando a proximidade do esgotamento dos endereços antigos. Um problema bastante sério acontece com os equipamentos utilizados por consumidores domésticos, como smartphones e roteadores wifi: boa parte dos equipamentos vendidos no mercado ainda não suporta IPv6.

Durante as reuniões, chegou-se à conclusão que o melhor caminho para resolver essa situação seria acrescentar o suporte ao IPv6 nos requisitos da homologação que já é efetuada nesse tipo de equipamento pela ANATEL. A equipe técnica do NIC.br tem colaborado com a Agência Reguladora na definição do conjunto de requisitos e em breve a ANATEL deverá publicar as novas regras.

Outro problema sério é que algumas das operadoras de telecom responsáveis pelo backbone da rede estão atrasadas na implantação do IPv6, o que atrasa toda a cadeia envolvida no fornecimento de serviços na Internet: pequenos provedores, datacenters e empresas não podem avançar se não houver oferta de trânsito IPv6 por parte das principais operadoras.

A última reunião também abordou pontos positivos, como a formação de um grupo de trabalho na FEBRABAN para tratar desse assunto, e ações da Câmara-e.net junto aos sites de comércio eletrônico, visando a acelerar a implantação do IPv6.

Uma das ferramentas utilizadas pelo grupo de entidades que se reúne no NIC.br é um termo de compromisso, que discute o problema, as soluções e as tarefas de cada grupo de empresas. O processo de elaboração do documento ajudou o grupo a compreender melhor a situação e os possíveis caminhos para sua solução. Quando pronto, o documento também será útil para a divulgação das ações necessárias. Por exemplo, o Ministério Público e a Polícia Federal poderão usá-lo internamente para explicar a todos o que mudará quando houver a necessidade de identificar um usuário da Internet junto a um provedor de acesso. Na última reunião, ele quase foi assinado, mas depois das intervenções da ANATEL e da Câmara-e.net, todos concordaram que seria melhor fazê-lo apenas quando todos apresentassem cronogramas claros de trabalho.

Com informações de IPv6.br