Acessibilidade

27 jun, 2014

Pesquisa aborda ferramentas para aumentar acessibilidade e a interação de aplicativos para idosos

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O Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação (PPGCC-So) do Campus Sorocaba da UFSCar realizou um estudo com o objetivo de aumentar a acessibilidade de idosos às tecnologias e aplicativos computacionais por meio de interações que permitam a estes usuários utilizarem múltiplas formas de acesso aos sistemas, seja por meio de voz, gestos, caneta, movimentos e toque. Chamado de “Design de Interação em pequenos dispositivos para e com a Terceira Idade”, o levantamento foi conduzido pelo aluno do curso de mestrado Ricardo Leme, sob orientação de Luciana Zaina, professora do Departamento de Computação (DComp).

Apesar da baixa adesão atual, Ricardo vê grande potencial futuro para tecnologias e aplicativos direcionados aos idosos. “A participação no mercado de software de usuários de terceira idade ainda é bastante modesta. Se for considerada a participação no Brasil de usuários da terceira idade (pessoas com mais de 60 anos) na rede social Facebook, por exemplo, ela não passa de 1%. Porém, nos últimos anos, observa-se um crescimento na participação, e se forem observados os atuais usuários adultos acima de 50 anos que na próxima década farão parte deste grupo de usuários, será obtida uma participação superior a 4%. Embora esse percentual ainda não pareça expressivo, se for avaliado o número absoluto, ele representará mais de 2 milhões e 800 mil usuários apenas no Brasil”, destacou.

De acordo com as Nações Unidas, hoje existem quase 900 milhões de pessoas com 60 anos ou mais no mundo. A expectativa é que até o ano de 2050 esse número chegue a 2.4 bilhões de pessoas. No Brasil, esse crescimento não é diferente. Segundo o censo de 2010 do IBGE, a população de 60 anos ou mais de idade, que era de 4,8% em 1991, passou a 5,9% em 2000 e chegou a 7,4% em 2010. A estimativa do instituto é que no ano de 2025 a população da terceira idade no país chegará a 34 milhões de pessoas.

Para complementar a pesquisa, no dia 21 de junho, Leme viajou para Washington, nos Estados Unidos, para realização de intercâmbio cultural. O objetivo do estágio é identificar junto às universidades americanas as normas e as tecnologias utilizadas atualmente para o desenvolvimento de aplicações para dispositivos móveis com interação multimodal, e também descobrir a preocupação atual de desenvolvedores quanto ao grupo de usuários da terceira idade.

Ao falar sobre o trabalho, o pesquisador destaca que a abordagem que utiliza, o design de interação, não está voltada somente para o usuário, mas também busca o desenvolvimento dos aplicativos junto aos usuários. “O desenvolvimento de software com a interação multimodal direcionado a usuários da terceira idade deve aclarar os anseios, as necessidades e as dificuldades que esses usuários dão para as interfaces com as quais interagem. Os elementos da interface devem ser compreendidos pelos usuários da terceira idade e estar dispostos de maneira a possibilitar a realização das atividades da maneira mais transparente possível”, esclareceu.

O Design Centrado no Usuário é uma abordagem regulamentada pela norma ISO 9241-210, de 2010, que estabelece os padrões sobre a ergonomia de sistemas de interface. A principal função dessa abordagem é desenvolver o projeto de software ”para” o usuário, focando-o já nas fases de pesquisa, elaboração e avaliação.
Segundo Leme, a motivação para a escolha do tema surgiu a partir do “Desafio 4 – Acesso Participativo e Universal do Cidadão Brasileiro ao Conhecimento”, projeto proposto pela Sociedade Brasileira de Computação (SBC) como um dos grandes desafios em Computação no Brasil até o ano de 2016. A ideia está relacionada com maneiras de desenvolver interfaces de usuário que promovam o acesso universal, que não discriminem e que incluam o maior número possível de cidadãos. No retorno ao Brasil, Leme ministrará curso aos alunos da FATEC de Itu sobre o aprendizado adquirido no intercâmbio.