O mundo corporativo enfrenta um marco significativo em sua infraestrutura digital: o fim do suporte ao Windows 10, previsto para outubro de 2025. Este não é apenas o encerramento de um ciclo tecnológico, mas o início de uma nova fase que deve demandar decisões estratégicas de segurança, continuidade operacional e sustentabilidade para empresas de todos os portes.
Os números ilustram a magnitude desta transição. Segundo dados da Microsoft, existem 13,3 milhões de dispositivos Windows em uso comercial no Brasil, de um total de 33,4 milhões no país. A StatCounter aponta que, mesmo com o Windows 11 disponível há quase quatro anos, o Windows 10 ainda mantém 53% da participação de mercado global em abril de 2025.
O mais preocupante, porém, vem de um levantamento da Lansweeper: aproximadamente 43% dos computadores empresariais no mundo não atendem aos requisitos mínimos para o Windows 11, como o módulo TPM 2.0. Esta realidade técnica cria um obstáculo significativo para a atualização, exigindo, em muitos casos, a substituição completa dos equipamentos.
A análise é de Georgia Rivellino, diretora de Marketing, Produtos e Soluções da Simpress. A partir de outubro de 2025, dispositivos que continuarem operando com o Windows 10 sem suporte se tornarão progressivamente mais vulneráveis, abrindo brechas para ameaças cibernéticas. Para o ambiente corporativo, isso representa um risco substancial à integridade de dados, propriedade intelectual e estabilidade operacional.
De acordo com o relatório “Previsões de Segurança Cibernética” da Cybersecurity Ventures, o custo global do cibercrime deverá crescer 15% ao ano, atingindo US$ 10,5 trilhões anuais até 2025. Sistemas operacionais sem atualizações de segurança são particularmente vulneráveis, tornando-se alvos preferenciais para invasores.
A necessidade de atualização tecnológica ocorre em um momento de taxas de juros elevadas e restrições orçamentárias para muitas empresas brasileiras. O investimento necessário para a substituição ou atualização de hardware é considerável, especialmente para organizações de médio e pequeno porte que operam com margens reduzidas. A renovação não planejada de parques tecnológicos, segundo Georgia, pode elevar significativamente este percentual, impactando outros investimentos estratégicos.
Há também uma preocupação ambiental crítica. Segundo relatório da Canalys, o fim do suporte ao Windows 10 poderá gerar o descarte de até 240 milhões de computadores no mundo todo, equivalente a aproximadamente 480 mil toneladas de lixo eletrônico. Este volume adicional de equipamentos descartados representa um desafio ambiental significativo, especialmente em países com infraestrutura limitada de reciclagem de eletrônicos.
Georgia explica que, diante destes desafios, o modelo de outsourcing de equipamentos de TI emerge como uma alternativa viável para empresas que buscam previsibilidade financeira, transformando grandes investimentos iniciais em custos operacionais mensais previsíveis; suporte técnico especializado, reduzindo a pressão sobre equipes internas de TI durante o processo de migração; gestão do ciclo de vida, incluindo a destinação ambientalmente responsável dos equipamentos ao final de sua vida útil; e acesso a tecnologias atualizadas, permitindo às empresas manterem-se atualizadas sem comprometer o capital de giro.
Independentemente da estratégia adotada, o planejamento antecipado é essencial. Com poucos meses até o fim do suporte ao Windows 10, organizações precisam avaliar seu parque tecnológico, identificar equipamentos compatíveis com o Windows 11, estimar custos de atualização e estabelecer cronogramas realistas de implementação, segundo a diretora.
“A transição tecnológica é inevitável, mas seus impactos podem ser gerenciados com estratégia e planejamento adequados. Não se trata somente de substituir sistemas operacionais, mas de construir um modelo de negócio que una eficiência tecnológica, segurança da informação, responsabilidade ambiental e sustentabilidade financeira”, explica Georgia. “O desafio que se apresenta não é apenas técnico ou financeiro, mas também organizacional e ambiental — uma oportunidade para repensar como as empresas adquirem, utilizam e descartam seus recursos tecnológicos”, conclui.