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25 set, 2023

Mulheres Programadoras: quebrando barreiras e transformando carreiras

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Diante de um cenário em que a presença masculina no setor de programação ainda é predominante, todos se perguntam: e a mulher programadora? Bem, igualdade de gênero dentro da área de tecnologia não é assunto novo, e não é para menos, segundo dados da Mastertech, mulheres representam menos de 1/3 da força de trabalho em TI. Mas o interesse pela área tem atraído cada vez mais o público feminino. Dados da última imersão da Alura, de Inteligência Artificial, apontam que dos mais de 62 mil respondentes, cerca de 40% são mulheres.

Outro estudo, desta vez conduzido pela Land, em parceria com a Alura para Empresas, aponta que 78% dos profissionais gostariam de migrar para TI. Mas não é só isso. Transitar de uma carreira para outra é também sobre se reinventar, redescobrir e encontrar propósito. A Alura conversou com 4 mulheres que deram um verdadeiro 360 na vida por meio da programação, conheça um pouco mais cada uma delas:

Angela Caldas | Da Construção Civil à construção de códigos e interfaces
Natural de São Luís, Maranhão, Angela, de 38 anos, migrou de uma sólida trajetória de 15 anos na Construção Civil. Arquiteta e pós-graduada em projetos luminotécnicos, teve a crise da Construção Civil, em 2017, como ponto de partida para uma reavaliação na carreira. Somada a insatisfações profissionais viu ali a possibilidade de traçar um plano B: programação, sua segunda paixão. Projeto que só foi realmente ativado em 2020, diante da pandemia. O lado estético encontrou prazer na compreensão das interfaces de Front End.

A transição trouxe obstáculos e aprendizados, mas com mentoria de carreira, prática intensa, reavaliação de currículo e perfil no LinkedIn, construiu uma nova trajetória. “Anteriormente me considerava até antissocial, mas acabei me tornando uma grande entusiasta de comunidades online, inclusive na Orange Juice – patrocinada e mantida pela FCamara -, onde me tornei moderadora. A verdade é que me sinto feliz em ajudar e me sentir ajudada e sinto que o ambiente é caloroso para isso”, explica.

Com disciplina diária, chegou a registrar 500 dias seguidos de estudos usando a plataforma GitHub – usada para testar códigos. Em abril deste ano, conseguiu o tão sonhado primeiro emprego tech, como Desenvolvedora Jr. da Opea. “O plano B se tornou, no fim, o plano A”, conclui. Atualmente, Angela espalha seu conhecimento como uma Alura Star, comunidade de pessoas desenvolvedoras que produzem conteúdos de tecnologia e inspiram pessoas,  além de ativa em portais devs como o dev to, onde escreve artigos.

– Nath Souza | Das pautas da redação à programação
Jornalista por formação e atualmente com 33 anos, Nath trabalhava na TV Mirante, afiliada da Globo no estado do Maranhão – natural do Rio de Janeiro, morou por cerca de 20 anos no MA -, mas se mostrava uma entusiasta da tecnologia desde a adolescência, quando s e envolveu com a criação de sites e blogs de notícias especializados. Em 2020, estagnada pessoal e profissionalmente, mudou-se para São Paulo em busca de algo novo. No início a ideia ainda era atuar como jornalista, neste caso, liderando um site esportivo, mas a pandemia mudou tudo, outra vez. O momento foi de reinvenção da profissão, mas também de sua verdadeira sexualidade.

Na época, desempregada, Nath se inscreveu no RecodePro, bootcamp de desenvolvimento no Rio de Janeiro voltado para pessoas em vulnerabilidade social. Diante das dificuldades, projetava tudo nos estudos, cumprindo jornadas de 12 a 14 horas por dia. “O início da transição não foi fácil, com várias rejeições. Mas foi por meio de um ‘não’ que consegui ter um primeiro contato com a área. Fui recusada em um processo seletivo mas indicada pela empresa para uma outra oportunidade, que enfim deu certo”, explica.

Em janeiro de 2021, mesmo com pouco tempo de experiência, finalmente, conseguiu seu primeiro emprego oficial na ThoughtWorks (TW). Em dois meses, passou de Jr. para profissional Pleno no Nubank. Atualmente, cria cursos, palestras, mentorias e novos negócios. “Sinto como se estivesse nessa área por 10 anos, pois experienciei muitas transformações”, reflete.

– Adriane Borsatto | Da indústria de alimentos à robótica infantil
Com uma carreira construída na na área de alimentos, onde atuava como engenheira, Adriane, de 41 anos, foi impulsionada a explorar novos horizontes após um desligamento profissional e a chegada do primeiro filho. Decidiu buscar um caminho mais alinhado com seus valores e necessidades. Sua jornada a levou de Caxias do Sul a Florianópolis, onde, após superar desafios e adaptar-se a uma nova vida e fincar raízes. Após alguns anos afastada do mercado de trabalho, decidiu que era hora de se reinventar.

Adriane mergulhou na área da ciência de dados, descobrindo uma paixão por machine learning e NLP, mas enfrentou algumas portas fechadas no processo de recolocação. Acumulou frustrações ao perceber que o impeditivo estava atrelado à idade e gênero, ela não se abateu, mas sim estudou ainda mais. “As empresas me aposentaram, quando eu estava em potência máxima e querendo muito trabalhar”, explica.

Encontrou entre mulheres e mãe uma grande rede de apoio no processo de reinvenção profissional. Foi dessas trocas que nasceu a NascerMaker, sua própria empresa. Como professora, oferece aulas de programação e robótica para crianças de 6 a 9 anos. Com seu entusiasmo e abordagem adaptada, ela integra tecnologia aos brinquedos que as crianças criam e utiliza a programação como ferramenta de aprendizado. “A escola já conta com cerca de 10 alunos, com turmas de 2 a 3 crianças e, ainda este ano, planejo expandir a faixa etária atendida e continua a inovando”, projeta.

Fernanda Degolin | Profissional “Global”, da atuação à programação
Natural do interior de São Paulo, em Mogi Guaçu,  Degolin, de 35 anos, aspirava ser atriz. Com uma formação em artes cênicas, seguiu sua ambição até a cidade grande de São Paulo, onde enfrentou desafios no mundo do entretenimento. Após seis meses de testes e buscas sem resultados, se voltou para sua outra área de formação, administração,  onde conseguiu trilhar uma carreira na área financeira. Foram 10 anos vivendo diversos empregos e testes, inclusive, na própria Rede Globo. Foi com a chegada da pandemia e, consequentemente, a perda de emprego que deu atenção para uma área que a intrigava: programação.

Ao mergulhar nos estudos de Front-End por meio da iniciativa Reprograma, que se conectou com uma comunidade de mulheres que compartilhavam o desejo de migrar para a área de tecnologia. “A jornada de aprendizado ao longo de oito meses me preparou para as mudanças. A repulsa que o mercado financeiro causava, foi completamente o oposto com a programação, onde me vi em um ambiente para criação. Sinto que estou ‘atuando’ e assumindo uma personagem ao desenvolver códigos”, explica.

Meses depois, após a busca pela primeira entrevista, encontrou seu lugar na área tech. Rapidamente superou as inseguranças com a nova carreira e  equiparou seu salário ao anterior, confirmando que o risco valeu a pena. “Incrivelmente a pandemia foi um momento de, inclusive, colocar seu sonho em prática, por meio de peças on-lines. Um verdadeiro momento de transformação pessoal e profissional, afinal, no fim, consegui dizer “mãe, to na globo” Fernanda atualmente trabalha na área de tecnologia da Globo e quem sabe futuramente na área artística.

– [extra] História invertida: Luísa Aguirra | Da programação ao RH, conectando pessoas e Códigos
Luísa teceu um caminho invertido, construindo uma trajetória única de transição de carreira. Desde cedo dividida entre o fascínio pelas exatas e humanas, Luísa embarcou em um curso de Computação e Sistema de Programação. Embora a faculdade não a envolvesse, a prática a cativou. Seu percurso a levou a um estágio na Alura como programadora, onde  percebeu que queria estar no meio de tecnologia, mas não fazendo exatamente aquilo.

No processo de repensar a carreira,  teve a oportunidade de explorar a criação do que viria a ser a área consolidada de RH da Alura, onde, atualmente, atua como gerente. Em uma primeira oportunidade de mostrar seus talentos, seu background em programação, usabilidade e experiência do usuário se revelaram cruciais na estruturação dos mecanismos de feedback. “A partir dessa experiência recebi o convite para atuar na área de Pessoas. Pude finalmente usar minha mentalidade analítica da programação com a abordagem ‘empática do RH, unindoo melhor dos dois mundos – exatas e humanas”, explica.

Assim como muitos profissionais da área de tecnologia, a transição de Luísa foi apoiada no empoderamento na busca por informação. Ou seja, baseada em leituras, estudos de gestão de pessoas e cursos pontuais para embasamento, ao invés de uma formação formal em Recursos Humanos ou psicologia. Sua história revela como diferentes conhecimentos podem criar uma perspectiva única e valiosa.

É ainda interessante observar que, no fim, as histórias se encontram: na estagnação – profissional -, na reinvenção – pessoal -, na crise – neste caso, da pandemia -, na necessidade – até financeira.