A Microsoft anunciou, na semana passada, que entrará
no mercado de antivírus ao fornecer um software próprio.
A notícia coloca a empresa em rota de colisão com
parceiras tradicionais, como a Symantec e a Network Associates.
Para quem acompanha os movimentos da empresa de
Bill Gates, a iniciativa já era esperada. Em junho de 2003,
a Microsoft comprou a software house européia GeCad, sem
explicar o motivo da aquisição.
O anúncio da nova estratégia foi
feito por Mike Nash, vice-presidente da unidade de Tecnologia
de Segurança da Microsoft, num jantar em Seattle, EUA.
Nash se pronunciou depois de questionado sobre
iniciativas no setor de antivírus pela Microsoft e como
elas afetariam a Symantec e a Network Associates – respectivamente
primeira e segunda em vendas do setor. Ele não informou
quanto o projeto custará e quando o antivírus será
lançado.
A Symantec domina o mercado de antivírus
para o consumidor, com 60%. Segundo analistas, a receita com os
softwares foi responsável por 85% da venda total da empresa,
que chegou a US$ 1,87 bilhão.
– A Microsoft é uma grande ameaça.
Eles têm grana para comprar um lugar nesse mercado – avisa
Thomas Norton, que administra US$ 1,1 bilhão de John Hancock
em Boston, EUA, incluindo 88 mil ações da Symantec.
A empresa ainda não se manifestou oficialmente
em relação à notícia.
– Quero que os consumidores tenham outra alternativa
– disse Nash. – Alguns deles continuarão a usar os produtos
da Symantec e outros, o nosso.
O executivo afirmou que existe a necessidade de
outro software antivírus.
– Embora a maior parte dos PCs venha com um deles,
poucos usuários atualizam o programa para que ele possa
combater as ameaças mais recentes.
A Microsoft tenta tornar o Windows mais seguro,
depois que vírus como o Blaster e o Beagle travaram a internet
e os computadores de milhares de usuários do sistema no
ano passado.
– A maior ameaça para a Symantec será
manter os preços se a Microsoft entrar no mercado – diz
Gene Munster, que acompanha a empresa para a Piper Jaffray &
Co, em Minneapolis, EUA. – Juntando todos os softwares que têm
o antivírus, ele equivale a 85% das vendas da Symantec.
A empresa tem conseguido aumentar seus preços a cada ano,
mas a Microsoft poderá impedi-los de continuar essa tendência.
Ele aposta que, em breve, a Symantec aumentará
em US$ 10 o preço do antivírus e em 25% o da assinatura
de suporte.
Para Rob Owens, analista da Pacific Crest Securities,
a questão é saber se as pessoas comprarão
softwares de segurança da Microsoft, dada a vulnerabilidade
histórica dos seus produtos.
– Eles podem capturar apenas uma fatia pequena
do mercado – sugere Owens.