O mês de setembro é conhecido por comemorar o Dia da Programação (13) e, apesar de ser uma ocasião de celebração, também relembra algumas discussões importantes para a classe. O portal Empregos.com.br, por exemplo, aponta que o número de vagas no setor de tecnologia cresceu 34,3% entre janeiro e outubro de 2022; porém, outro levantamento do Google For Startups revela que o Brasil terá um déficit de 530 mil profissionais de TI até 2025, comprovando que o RH possui dores relacionadas aos talentos tech.
Para Adriano Almeida, cofundador e COO da Alura, além da criação de novos cargos, o aprendizado contínuo é fundamental para melhorar práticas de gestão dos times de programação. “Com o avanço tecnológico constante e a alta concorrência no mercado, a área de Pessoas precisa gerar ambientes de desenvolvimento que não apenas despertem o interesse dos programadores, mas também ofereçam um espaço para essas pessoas inovarem e se sentirem valorizadas por contribuírem com a construção de um futuro digital brilhante”, diz.
Com o objetivo de ajudar a entender melhor esse cenário, o executivo da escola de tecnologia listou os quatro maiores obstáculos sentidos pelo RH em relação à categoria tech:
- Atração de talentos
Com a falta de profissionais qualificados em um mercado de trabalho que sofre uma retração, fica cada vez mais difícil contratar talentos de programação e tecnologia; não à toa, o Infojobs aponta que 84% das companhias sofrem para fechar vagas.
Segundo Almeida, essa disparidade entre oferta e demanda de especialistas no setor tem sido chamada de “apagão tech”. “A carreira de programador está em alta, mas dentro de um contexto instável, já que há poucos profissionais que realmente estejam aptos para as funções”, afirma.
- Valorização dos profissionais com bons benefícios
A pesquisa Educação Tech & Eficiência Operacional das Empresas, feita pela própria Alura Para Empresas em parceria com a FIAP, mostra que 69% das empresas não estipulam políticas em que o desenvolvimento profissional é um critério para acesso a aumentos salariais, ascensão de cargo e outros benefícios. De acordo com o executivo da escola, essas ações deveriam ser mais valorizadas, uma vez que a retenção dos especialistas tech nas organizações é tão importante quanto as suas contratações:
“Programadores sabem que há oportunidades em grandes marcas esperando por eles com boas remunerações, flexibilidade na rotina e chances de crescimento, justamente por ser uma carreira muito demandada pelo mercado. Portanto, ao encontrar pessoas qualificadas para a vaga, as companhias devem mostrar que aquele é, de fato, o melhor lugar para se trabalhar e prosperar na profissão”, explica.
- Reconhecimento da importância do especialista tech para a empresa
O levantamento também revela que, apesar de 36,5% das empresas apresentarem ações para treinar e reconhecer talentos, outras 12% não contam com nenhuma ação nesse sentido. Almeida ressalta que essa última parcela demonstra que existe uma lacuna no mercado em criar ambientes de trabalho que ressaltem a importância dessas pessoas para o negócio.
“Para manter o profissional motivado a continuar na organização, o RH precisa compreender os seus desejos e expectativas. Com isso, é possível criar uma cultura que reconheça a relevância da criatividade e da especialidade dos colaboradores de tecnologia”, reforça.
- Engajamento dos times
Por fim, a mesma pesquisa ainda traz que 33,6% das empresas entendem que a maior dificuldade enfrentada por elas é o engajamento de profissionais de tecnologia nos treinamentos promovidos, sendo que 20% não disponibilizam de orçamento para promoverem ações nesse sentido. Isso significa que, mesmo em organizações que investem na capacitação tech, o RH possui uma grande dor em entender a eficiência desses programas.
“Quando o assunto é engajar equipes, não há outra alternativa a não ser encontrar maneiras inovadoras que associem o interesse dos programadores aos objetivos e valores da empresa. Em outras palavras, os treinamentos e soluções de desenvolvimento devem mesclar carreiras à respectiva identidade corporativa”, finaliza.