A explosão no valor do dólar ao longo dos últimos tempos atingiu o mercado brasileiro de tablets. Segundo números do IDC, o setor teve uma queda de 35% no período entre abril e junho de 2015. No trimestre, foram vendidos 1,3 milhão de aparelhos por aqui.
Como boa parte desses produtos é importada para cá, o mercado é extremamente sensível a flutuações de moeda. E, de acordo com o estudo, a alta do dólar fez com que mais de metade das importadoras atuantes no Brasil deixassem o País e seguissem para outros também emergentes, mas que possuam uma situação econômica melhor.
Para os especialistas responsáveis pelo levantamento, apenas uma normalização da situação brasileira pode reverter esses resultados. Como boa parte das empresas que trabalha no setor tem sua receita oriunda de importações, elas podem fazer pouco diante da alta do dólar. As opções são sair, aumentar o preço dos dispositivos (e vê-los encalhados nas lojas) ou assumir o prejuízo. Não é muito difícil imaginar qual foi a escolha feita por elas.
Ainda segundo os responsáveis pelo estudo, a explosão da moeda americana está sendo capaz de reverter um movimento de franco crescimento que aconteceu entre os anos de 2013 e 2014, período em que os tablets começaram a explodir por aqui. Foi nessa época que começaram a surgir nas prateleiras os modelos mais baratos e de entrada, que propiciaram um grande movimento de alta nas vendas e trouxeram para o Brasil muitas das importadoras pequenas que, agora, estão deixando de trabalhar por aqui.
Mesmo com a crise, a ideia era de que o mercado de tablets iria resistir, pelo menos por mais algum tempo. Isso deixou de ser o caso quanto o dólar começou a se aproximar da barreira dos R$ 4. A queda de 35% foi obtida em comparação com o mesmo período do ano passado. Em relação ao primeiro trimestre de 2015, a redução é de 29%.
O resultado coloca o país na oitava posição no ranking mundial de maiores mercados para o tablet. Os números obtidos no segundo trimestre de 2015 ainda são equivalentes a 3% do setor em todo o mundo, uma demonstração de que, enquanto por aqui as coisas começam a desacelerar, lá fora o movimento ainda é de vento em popa.
De acordo com o IDC, esses números poderiam ser ainda menores não fosse o fato de a empresa levar em conta também os notebooks conversíveis, que fazem as vezes de computador e tablet. Do total de 1,3 milhão de dispositivos vendidos, 34 mil são dessa categoria, um número ainda baixo, mas que reflete o valor mais alto cobrado por tais produtos.
Somam-se à alta do dólar os sinais de saturação e perda de interesse por parte do consumidor. O lançamento de celulares de tela grande com preços mais em conta, por exemplo, acaba canibalizando um pouco do mercado de tablets, ao mesmo tempo em que se reduz cada vez mais o número de pessoas que estão comprando um aparelho do tipo pela primeira vez.
O mercado, então, passa a depender de upgrades e substituições, algo que, por si só, já é suficiente para causar uma queda nas vendas. Quando se inclui o fato de um tablet não ser considerado um aparelho fundamental, então a perspectiva é ainda mais negativa e pode servir como um fator para frear a primeira compra e também a troca de um dispositivo antigo por um novo.
A estimativa do IDC é de que 6,5 milhões de tablets sejam vendidos ao longo de todo o ano de 2015. O total representa uma queda de 29% em relação ao ano passado, mas essa previsão ainda é passível de mudança se a situação econômica do Brasil continuar negativa. Nesse caso, os resultados, que já parecem ruins, podem se tornar ainda piores.
Com informações de Canaltech