Diante do esgotamento dos endereços IPv4, a preparação das redes para a nova versão do protocolo Internet, o IPv6, é inevitável. Entretanto, o ritmo dessa mudança reflete a falta de entrosamento entre os diferentes atores que precisam se preparar, o que vem resultando no uso de gambiarras no sistema de endereçamento.
No Brasil, como em outros países, o remendo adotado é conhecido por NAT, acrônimo inglês para “tradução de endereços de rede” ou, mais recentemente, CGNs, ou carrier-grade NATs, que basicamente são NATs em uma escala maior. Basicamente, uma manobra de compartilhamento que permite o uso simultâneo de um mesmo endereço IP por diferentes conexões.
“Equipamentos tipo CGN são talvez necessários para a fase de transição, porque parte da Internet ainda está em IPv4, parte em IPv6, parte em IPv4 e IPv6 e precisam conversar. Só que custa caro. Para reduzir esse investimento, pedimos para que os provedores de conteúdo coloquem também em IPv6”, disse o diretor de projetos especiais do Nic.br, Milton Kashiwakura.
As operadoras de telecom, principais provedores de conexão no Brasil, sustentam que fazem uso do NAT a contragosto. “Há risco de acessibilidade, a latência aumenta, e há, claro, o custo. Não queríamos colocar. A gente achava que a melhor saída seria usar recursos de numeração de onde está sobrando, mas isso não avançou”, afirmou o diretor do Sinditelebrasil, Alexander Castro.
A ideia era “alugar” blocos de endereços IP da África, única região do planeta onde eles ainda estão disponíveis. Para isso, tentou-se um acordo com o Lacnic, mas o tema não conseguiu avançar no registro regional do sistema de endereçamento para América Latina e Caribe, a quem caberia intermediar a tratativa com o Afrinic, seu equivalente para os países africanos.
Para as operadoras, a medida daria fôlego ao IPv4 enquanto o ecossistema não estivesse totalmente preparado para o IPv6. O argumento aqui é que as redes de telecomunicações estarão prontas, ou bem encaminhadas, antes de 2016. Mas o mesmo pode não ser verdade para os ambientes dos usuários e de parte das aplicações na rede mundial.
Nesse cenário, as teles prometem conexões IPv6 nas principais cidades do País em meados de 2015. Onde não for possível, a primeira tentativa será de conexões IPv4 não compartilhadas. E, mesmo com o uso do NAT, o compromisso é de manter o compartilhamento na menor taxa possível – preferencialmente em 2 por 1, mas isso vai depender da estratégia de cada empresa.
Com informações de Convergência Digital