A IBM apresentou recentemente seu projeto de Inteligência Artificial chamado Project Debater. Durante a demonstração, realizada em São Francisco, foram feitas algumas encenações de debates entre o sistema de IA e debatedores humanos experientes, que mostraram o quão longe a tecnologia de IA chegou.
Durante a apresentação, a empresa que encenou debates caseiros entre humanos e o Projeto Debater por alguns anos, disse que a demonstração representou o primeiro debate público. Enquanto o Debater marcava alguns pontos em marshaling por seus argumentos em um curto período de tempo, algumas respostas eram vagas. Ainda assim, a tecnologia, que continua em seu estágio inicial, representa um passo a frente em IA conversacional.
Projeto Debater
O Debater é feito para entender uma única pergunta de debate e escanear bilhões de sentenças de documentos, desde a Wikipédia, até revistas e notícias para construir seus argumentos, refutações e declarações finais. O Debater forma seus argumentos de maneira calma e monótona, familiar aos usuários da Siri e Alexa.
A demonstração em São Francisco envolveu dois debates contra profissionais que estiveram trabalhando no projeto. As duas questões neste dia, foram: subsidiar a exploração espacial ou expandir o uso de telemedicina.
Ambos os tópicos foram escolhidos dentre uma longa lista de potenciais questões, e fora a breve introdução, nenhum dos argumentos do Debater foram pré-produzidos, disse a IBM.
O Debater e seus oponentes humanos tiveram quatro minutos cada para declarar seus argumentos, outros quatro minutos de refutações, e dois minutos para as declarações finais deles. Em contraste com um corpo quente em pé, atrás de um palanque, o Debater foi representado por um obelisco negro na altura de um humano, com três pontos que indicavam quando ele estava escutando ou preparando um argumento.
O programa estava de acordo com o formato do debate, delineando argumentos e respondendo diretamente a pontos que seus oponentes humanos apresentaram com fatos de pesquisas científicas e eventos mundiais. Em certo ponto, o Debater acusou um oponente – com certa precisão, ao que parece – de entender errado os fatos apresentados. Enquanto isso é comum em debates políticos, isso carregou um peso extra, vindo de um sistema de Inteligência Artificial.
Essas ações, juntamente com tentativas de humor, foram parte do design do Debater para aproximar as dinâmicas de debates humanos. Ele também foi capaz de antecipar contra-argumentos e refutá-los com antecedência, uma estratégia clássica de debate.
Por quase 70 anos, sistemas de IA desenvolveram em parte aprendendo jogos como damas e xadrez. Em 2011, o Watson da IBM ganhou o prêmio Jeopardy. Alguns anos depois, o Alpha Go da Google derrotou o campeão do jogo de tabuleiro Go.
Após o Watson ganhar o prêmio Jeopardy, pesquisadores da IBM fizeram um balanço de sua tecnologia de IA para determinar qual seria o próximo desafio. Noam Slonim, um pesquisador do laboratório Haifa, da IBM, em Israel, sugeriu um sistema de IA que pudesse debater um ser humano. Os desafios de tal projeto foram intimidadores.
“O desafio foi um ponto de partida da tradição de jogos onde, mesmo tão complexos quanto podem ser, no final você tem um universo contido. Existe um conjunto de regras. A ideia de trazer a IA para uma área onde, por sua própria definição, o problema era muito intrigante. A pergunta era: é ao menos possível?”, disse Dario Gil, vice-presidente de IA da IBM à Fortune.
Em 2012, Slonim e outros pesquisadores começaram a trabalhar no Debater com um protótipo inicial funcionando em Outubro do ano seguinte. Para ter sucesso, o Debater precisava cumprir três tarefas básicas, cada uma marcava um novo território em IA: identificar conceitos chave e reivindicações na língua falada; digerir uma quantidade massiva de documentações e extrair um argumento claro; e modelar dilemas humanos e controvérsias para criar argumentos com princípios.
Por exemplo, Gil disse, se o Debater está preparando um debate a favor do vegetarianismo, ele pode extrair um argumento de algo não explicitado, relacionado ao tema, como um estudo científico que sugere que animais podem sentir medo e outras emoções. O sistema de IA também poderia precisar eliminar palavras redundantes e apresentar seu argumento de maneira que pudesse ser persuasiva para humanos.
Um dos objetivos chefe da IBM com o Debater, era ajudar um sistema de IA a dominar linguagens humanas. Programas de ditados de fala, como o Dragon, transcrevem linguagens passivamente entre texto e fala sem análise. Assistentes de IA movidos pela voz, como a ALexa, por sua vez, engajam em interações limitadas que tipicamente duram poucos segundos por vez. Mas o Debater foi construído para compreender um argumento que pode durar vários minutos, e então respondê-los com seus próprios argumentos.
Com o tempo, a IBM planeja comercializar o Debater, afirmou Gil. A tecnologia poderia ter aplicações em uma variedade de áreas, desde a educação a lei, e desde o governo aos negócios. Equipes de vendas e advogados de julgamentos poderiam afiar seus argumentos através de um sistema de IA capaz de debater, enquanto pesquisadores e tomadores de decisão poderiam se beneficiar dos argumentos pro e contra que o Debater poderia gerar.
Outra aplicação possível pode envolver fake news, examinando o quanto uma evidência pode sustentar declarações falsas e revelar quanta credibilidade elas carregam, afirmou Slonim. “Não há dúvida de que a tecnologia subjacente que estamos desenvolvendo será valiosa contra fake news”.
Além disso, a IBM espera continuar desenvolvendo o sistema de IA que abastece o Projeto Debater para cravar feitos ainda mais ambiciosos.
***
Com informações de Fortune: http://fortune.com/2018/06/18/ibm-jeopardy-ai-debate/?linkId=53476978