Em processos criativos, a inteligência artificial (IA) vem ganhando força. Seja em big techs, tabloides ou produtoras audiovisuais, o uso da ferramenta aquece o mercado e aumenta a demanda cada vez que surge em uma nova plataforma. Recentemente, o diretor de “Invasão Secreta”, da Disney+, levantou debate sobre o assunto ao afirmar que a abertura da série foi gerada pela tecnologia.
Embora a adoção da ferramenta tenha crescido significativamente nos últimos anos, ainda existem desafios que podem limitar sua implementação em grande escala nas organizações, como revela o estudo “Antes da TI, a Estratégia”. Realizada pela IT Mídia – que entrevistou líderes de tecnologia de 517 empresas de grande porte no Brasil -, a pesquisa aponta que 56% das companhias devem investir na tecnologia em 2023, uma queda de 6 pontos percentuais em relação ao ano anterior, quando 62% indicaram aporte de capital em IA. A falta de know-how pode explicar esse pé no freio das empresas. Ainda segundo a pesquisa, 58% dos entrevistados concordam que falta conhecimento sobre o tema para investimentos significativos.
“A inteligência artificial é uma tecnologia complexa e em constante evolução, que requer compreensão sólida dos algoritmos, dos dados, de treinamentos, e das implicações éticas e legais envolvidas”, reforça Pedro Hagge, gerente de estudos e pesquisas da IT Mídia. “A falta de conhecimento desses pontos pode levar qualquer profissional a expectativas irreais, causando uma seleção inadequada de soluções ou falta de cumprimento dos requisitos necessários para implementações bem-sucedidas.”
Outros pontos importantes são os custos e recursos, que ainda segundo a pesquisa, estão entre as maiores barreiras para a implementação de projetos de inteligência artificial. A aplicação da tecnologia exige investimentos significativos em infraestrutura, hardware, software e profissionais especializados. Contudo, nem todas as organizações têm os recursos necessários para isso, e a falta de exemplos práticos ou dificuldade em apresentar o ROI (retorno do capital) podem tornar a adoção da IA ainda mais complexa.
Além de tudo, existe uma resistência cultural por parte das organizações e gestores que também influencia no aporte de capital e uso dessas ferramentas. “Toda semana, empresas demitem funcionários e anunciam, em seguida, novos investimentos em inteligência artificial. Isso assusta, mas não é uma regra. Por isso, é importante envolver os profissionais no processo de implementação dessa tecnologia e mostrar como ela pode complementar as atividades, e não substituí-los”, analisa Hagge.
Mas, embora existam desafios, há uma perspectiva positiva. Muitas organizações estão trabalhando para superar esses obstáculos e buscando maneiras de implementar a IA de forma moderada. Também de acordo com a pesquisa, 73% das empresas acreditam que a importância da ferramenta nos negócios será alta ou muito alta dentro de dois a três anos – um retrato disso é o crescente uso da tecnologia em diversos formatos, que deve gerar um aumento na demanda e, consequentemente, na adoção do mecanismo pelas companhias nos próximos anos.