Carreira Dev

14 set, 2015

Estereótipo de que “matemática é para garotos” afasta meninas da tecnologia

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A crença no estereótipo de que homens têm mais habilidade em matemática do que mulheres pode ser absorvida por meninas mais cedo do que se imaginava – e contribuir para afastar mulheres de campos como engenharia e ciências da computação, segundo o psicólogo americano Andrew Meltzoff.

Meltzoff, Ph.D. em Oxford, é especialista em desenvolvimento infantil e codiretor do Instituto de Aprendizado e Ciências do Cérebro da Universidade de Washington, nos Estados Unidos. Suas descobertas sobre a memória e a capacidade de imitação de crianças nos primeiros meses de vida revolucionaram estudos científicos sobre o desenvolvimento da personalidade, do cérebro e das capacidades cognitivas humanas.

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Ele esteve no Brasil em julho para participar de conferências sobre estudos do cérebro e de uma mesa redonda da Academia Brasileira de Ciências sobre o aprendizado das disciplinas conhecidas pela sigla em inglês STEM – ciência, tecnologia, engenharia e matemática.

Meltzoff falou sobre o poder dos estereótipos culturais no aprendizado das crianças, o principal tema ao qual sua equipe de pesquisadores tem se dedicado nos últimos anos. “Nos Estados Unidos, as crianças só começam a aprender as operações de multiplicação e divisão no 3º ano. Mas nossas experiências mostram que, antes mesmo de começar a aprender matemática mais complexa, elas já ‘pegaram’ o estereótipo cultural de que matemática é para meninos”, disse durante a conferência.

De acordo com ele, a ideia de que os garotos seriam melhores nas ciências naturais e as meninas, nas ciências humanas, contribui para a baixa proporção de mulheres nos cursos universitários ligados à área e, principalmente, nas empresas de tecnologia. “Na Universidade de Washington, 46% do departamento de psicologia são mulheres, mas só 14% do departamento de matemática. Na Universidade de Stanford é semelhante, só 3% do departamento de matemática são de mulheres. Em Harvard e no MIT, os valores são ainda menores”, afirmou.

No Brasil, cursos de engenharia de computação nas principais universidades do País tiveram aproximadamente 11% de mulheres aprovadas nos vestibulares de 2015. Para Meltzoff, o caminho para impedir que estereótipos sobre homens e mulheres desestimulem meninas a seguir carreira nas disciplinas STEM é manter um diálogo aberto com os filhos desde o início da infância.

Com informações de BBC