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29 mar, 2017

Cientistas transformam células humanas em microrrobôs

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Uma equipe de cientistas da Universidade de Boston deu um grande passo para programar células para realizarem tarefas diferentes daquelas em que elas se especializaram. Em um estudo publicado nesta semana no periódico Nature Biotechnology, eles mostraram como conseguiram dar ordens lógicas a células humanas, transformando-as em microrrobôs.

Não foi a primeira vez em que uma técnica dessas foi colocada em prática: antes, cientistas já haviam conseguido “programar” bactérias Escherichia coli, mas o processo para manipular células humanas é mais complicado. Mesmo assim, os pesquisadores conseguiram fazer células de rins executarem 109 comandos diferentes.

Para fazer isso, a equipe de cientistas liderada por Wilson Wong usou uma enzima chamada de DNA recombinase, que é capaz de reconhecer dois “pedaços” de cógido de DNA, cortar tudo que estiver entre os dois e ligá-los. Com isso, os pesquisadores conseguiram “editar” o DNA das células da maneira como quisessem.

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Com esse método, de acordo com a Science, os cientistas foram capazes de criar 113 diferentes circuitos lógicos para as células – deles, 109 foram testados com sucesso. Esses circuitos dão às células uma série de capacidades diferentes: elas podem, por exemplo, se iluminar na presença (ou ausência) de determinada substância para facilitar o diagnóstico de determinadas doenças.

Entretanto, iluminar-se é apenas uma das possibilidades que essa técnica abre. Os “circuitos genéticos” podem ser usados até mesmo para terapias contra o câncer. A empresa estadunidense Juno Therapeutics, por exemplo, vem testando o uso desse método para criar células imunológicas que sejam capazes de detectar e combater tumores com mais precisão. Isso porque, por meio dessa “programação”, é possível fazer com que as células “ataquem” na presença de determinadas proteínas que apenas os tumores liberam.

A Ginkgo Bioworks, por sua vez, tem um uso mais estético para a tecnologia. Ela vem testando esse método para criar uma levedura que se alimente de açúcar, mas que, em vez de produzir álcool como parte de sua digestão, produza moléculas aromáticas.

Conforme o Olhar Digital, deve levar algum tempo para que essa técnica ganhe um uso mais amplo, pois ainda há alguns problemas a se resolver: algumas células, por exemplo, sofrem mutações ao se dividir, e isso faz com que suas modificações genéticas parem de funcionar. Além disso, algumas “instruções” do DNA das células aparecem mais de uma vez, por isso, simplesmente “desativar” um pedaço do DNA nem sempre funciona.