Uso de IA aumenta demanda por recursos naturais, como a água, e acende alerta para sustentabilidade no setor tecnológico
A inteligência artificial tem evoluído rapidamente e já é utilizada em larga escala ao redor do mundo. No entanto, um aspecto pouco discutido envolve o uso de recursos naturais por trás dessa tecnologia, principalmente a água.
Para se ter uma ideia, ao utilizar o ChatGPT para gerar um e-mail de 100 palavras, são consumidos aproximadamente 519 ml de água. O dado faz parte de uma reportagem do Washington Post e integra um levantamento realizado pela Hostinger sobre o consumo de água nos data centers.
Considerando o uso diário por milhões de pessoas, o gasto acaba se tornando preocupante. Em resposta, surgem iniciativas que buscam conciliar o avanço tecnológico com a preservação ambiental, a partir da redução no consumo de recursos naturais.
Brasil está entre os países que mais utilizam IA
O uso de inteligência artificial cresce em ritmo acelerado no mundo todo, e o Brasil se destaca nesse cenário. Segundo uma pesquisa do Ipsos em parceria com o Google, 54% dos brasileiros utilizam IA, índice superior à média global de 48%.
O estudo considerou o uso da IA generativa, aquela capaz de criar textos, imagens e outros tipos de conteúdo, como faz o ChatGPT.
Os dados também revelam que os brasileiros são mais otimistas quanto ao papel da IA no dia a dia. Para 65% dos entrevistados, a tecnologia tem potencial para transformar diversas áreas. Já no restante do mundo, esse índice é de 57%.
Em relação ao uso prático, 81% dos brasileiros afirmam recorrer a sites de IA generativa para buscar informações. Além disso, 76% utilizam esses recursos como assistentes para tarefas pessoais, e 74% os empregam nos estudos.
Tecnologia precisa de água para funcionar
Somente o ChatGPT recebe cerca de um bilhão de mensagens por dia. Se cada uma tivesse, em média, 100 palavras, isso representaria um consumo de 518 milhões de litros de água diariamente.
Esse dado também faz parte da campanha divulgada pela Hostinger, que analisou o impacto ambiental dos data centers no Brasil e no mundo.
Com 92% das informações globais sendo produzidas em formato digital, os data centers se tornam essenciais para o processamento desses dados. No entanto, o funcionamento dessas estruturas gera grande calor, exigindo o uso de água para resfriamento.
Por ser mais complexa, a IA demanda ainda mais recursos. Um estudo do Google apontou um aumento de 20% no consumo de água nos data centers devido à adoção em larga escala da tecnologia.
Setor tecnológico busca alternativas sustentáveis
Apesar das preocupações, iniciativas para reduzir o consumo de água e tornar o setor mais sustentável estão em andamento.
A Hostinger já opera com 100% de energia renovável em seus data centers, segundo o relatório de sustentabilidade de 2024. A empresa, especializada em hospedagem de sites e com integração de IA aos seus serviços, realiza análises frequentes para alcançar suas metas ambientais.
O compromisso com a sustentabilidade ganhou força após um relatório anterior apontar que 60% da energia utilizada ainda vinha de fontes não renováveis. Rafael Hertel, gerente nacional da Hostinger, afirma que novas ações internas estão em andamento para ampliar esse avanço.
Outro exemplo é o Google, que adota uma política de desperdício zero em seus data centers e promove a economia circular, reutilizando e reciclando mais de 80% dos resíduos gerados nessas instalações.
Essas práticas, que buscam reduzir o impacto ambiental e compensar o uso intensivo de recursos, estão ganhando espaço entre as grandes empresas de tecnologia. Embora ainda existam desafios, o setor caminha para uma atuação mais consciente nos próximos anos.