Oh Captain! My Captain! A frase é velha conhecida para aqueles que têm mais de 30 anos. O filme “A Sociedade dos Poetas Mortos”, com Robin Williams, trouxe a expressão Carpe Diem para as massas: uma celebração à vida.
No filme, passado em 1959, jovens estudantes de uma rígida escola americana foram sutilmente incentivados por John Keating, o professor transgressor (um antigo e certeiro chavão de Hollywood), a se reunirem para discutir poesia, falar sobre garotas e descobrirem-se como seres humanos completos.
Os tempos mudaram, a tecnologia mudou, porém, o espírito humano permaneceu praticamente o mesmo nos últimos 50 anos. O hábito de se reunir em grupos não arrefeceu ao longo das décadas, pelo contrário, só tem aumentado. Uma dessas reuniões aconteceu no fim do mês de janeiro de 2010 sob o nome, não mais de Sociedade dos Poetas Mortos, mas Campus Party – muito mais moderno e adequado aos novos tempos.
Em uma das palestras, Lawrence Lessig – professor de direito em Harvard e fundador do Creative Commons, proferiu uma frase que merece ser relembrada: “Antigamente, os jovens se reuniam pra falar sobre livros, música e filmes. Hoje, fazem isso online”. É a nova Dead Poets Society pós-moderna.
A reunião transcendeu as cavernas na escuridão e ganhou as ruas e as telas. Os jovens se reúnem em redes sociais, eventos abertos, salas de chat e em torno de ideias no Twitter. A reunião continua sendo em torno de ideias, mas, agora, sem a barreira geográfica.
A tecnologia, chamada tantas vezes ao banco dos réus como a vilã das relações humanas, se mostra dia a dia como uma catalisadora social, porém, sob uma nova ótica. A ótica de um mundo sem fronteiras.
Os jovens do século XXI, agora enigmaticamente chamados de geração Y, geração Z, geração digital e outras denominações – notadamente influenciados pelas novas tecnologias exatas – se voltam para um novo ser humano cibernético, o “homo cyber”. O ponto até então desconhecido entre o racional vulcaniano e o emocional bipolar.
O modelo de sociedade baseada na escassez e na restrição não serve mais para os nossos nativos digitais. A geração que passa o tempo todo plugada, discutindo, destruindo e reconstruindo suas identidades online, pensa sob uma lógica, diga-se de passagem, bem distinta de nós, que assistimos a Sociedade dos Poetas Mortos no cinema.
Repensar o modelo custa caro para o status quo. E enquanto essa discussão não acontecer de maneira eficiente, o choque de gerações ficará mais acirrado do que nunca. A nova ordem que se impõe de baixo para cima é a da cultura livre. Assim como a operadora “Oi” prega a liberdade, muito bem ambientada no pensamento que toma o mundo de assalto, o movimento do software livre, do Creative Commons, da pirataria online e tantos outros trazem à tona a causa nobre da liberdade.
Por meio da internet, o homem se libertou do tempo, se libertou do espaço e se libertou do modelo hierárquico baseado na assimetria de informações.
De Ícaro a Linus, o espírito humano, de fato, não mudou. A escola em que o filme se passa hoje é a nossa própria sociedade. Digamos todos “Oh Captain! My Captain!” e criemos um novo modelo de mundo baseado na escolha e não na imposição.