Você vê de tudo em uma década. Basta olhar para trás (exato, estou falando com você!) e notar que dez anos é muito tempo para um século acelerado como o nosso.
Sabemos que acompanhar mudanças não é para iniciantes, embora nós, brasileiros, tenhamos talento nato para lidar com cenários que mudam a um piscar de olhos. O que ninguém – e neste caso, no mundo inteiro – ainda se acostumou (é difícil, mesmo) é lidar com o dia a dia e não se agarrar a certezas absolutas.
Viver em meio a transformações com humildade – ‘o ego pendurado atrás da porta’, como costumo dizer – é um desafio. Para mim não é nada fácil; imagino que o mesmo aconteça com você. Observar, apenas, tentando aprender será sempre um desafio.
Quando o cenário não é apenas uma década, mas duas, o cuidado a tomar deve ser ainda maior – no meu caso, todo o tempo de vivência no mercado digital.
Vi muitas marcas surgirem na web e desaparecerem em poucos meses. Empresas adotarem blogs corporativos que sairiam do ar em semanas. Companhias embarcarem nas recém-criadas mídias sociais só porque os concorrentes faziam o mesmo. E, mais recentemente, grandes corporações olharem para novas ferramentas como o Instragram Stories e cismarem que poderiam fazer o mesmo que os outros em seus perfis (nem sempre podem).
Em 20 anos, aprendi que os fracassos – não apenas os nossos, mas os dos outros, também, infelizmente – servem para mudar o curso que nos levam às vitórias (afinal de contas, é lá que queremos chegar, não é?).
Por isso, listei abaixo os pontos essenciais para lidar com um jogo de tabuleiro em eterna turbulência, em que as peças trocam de posição a todo instante. A estratégia principal – lembre-se! – é a humildade, e o primeiro passo é esquecer o ego por alguns instantes.
Boa sorte!
- Você é uma marca, não um adolescente que precisa fazer tudo o que seus amigos fazem. Portanto, se não sabe exatamente o porquê de estar no meio digital, não o faça.
- Perceba o momento certo de fincar bandeira no território online. Criar justificativas aparentemente ‘estratégicas’ é meio caminho andado para dar errado.
- O meio digital não é como uma lanchonete, em que você pede um combo tipo ‘fan page no Facebook + conta no Twitter + Instagram’. Nem sempre dá para abraçar o mundo com as mãos – aceite.
- Especialmente em momentos de crise, você precisa de uma equipe grande para cuidar de cada um dos canais digitais. Entenda: gente que produza conteúdo.
- Monitorar é bem diferente de cuidar. Quem cuida produz (conteúdo); quem monitora analisa (reações).
- Monitorar é interagir. Traduzindo: responder a ‘cada-uma-das-questões-que-cada-um-dos-usuários-levantou’.
- Não, não é moderno ou descolado deixar de responder a ‘cada-uma-das-questões-que-cada-um-dos-usuários-levantou’.
- Não, o usuário não precisa entender que você, por ser uma marca ocupada (insira um emoji com óculos escuros aqui), não pode interagir com ele.
- Se você não responde a ‘cada-uma-das-questões-que-cada-um-dos-usuários-levantou’, é porque você não tem dinheiro para colocar gente que possa interagir com o público, simples assim. Ou então não entende nada de presença digital – neste caso, volte duzentas casas.
- Produzir conteúdo para mídias sociais não é criar ‘carimbos’ pré-fabricados e meticulosamente agendados para entrar tal dia, em tal segundo. Sério: seu público reconhece um conteúdo sem alma. ‘Que tal um Chamanitto para enfrentar esta segunda-feira? #Tamojunto’ (não faça isso: existe vergonha alheia de uma marca, e multidões se divertem com esses micos; eu, por exemplo).
- A web não surgiu ontem. De certa maneira, todos os seus amigos e parentes são Analistas de Mídias Sociais. Hoje, todos querem que as marcas os surpreendam. Inclusive você.
- Sim, sites e portais ainda existem e são muito úteis e acessados.
- Um site (ou um portal) é um ambiente estruturado, perfeito para conteúdos fixos.
- Mídias sociais são ambientes não estruturados, feitos para conteúdos flutuantes. Não viu, passou, morreu.
- Os dois podem conviver, com televisão e web. Ou até se misturarem de vez em quando. Mas um não mata o outro (nem precisava dizer isso, mas a gente diz).
- Ter personalidade não é criar personagens para interagir no Twitter, apenas. O pinguim do Ponto Frio – um dos maiores clichês de papo de mesa de chope sobre mídias sociais de todos os tempos – não acontece todo dia, e isso não significa que você não pode inovar (duvida? releia o número 10).
- Tenha vergonha de fazer benchmarking antes de começar um projeto. É feio olhar para o que o coleguinha fez antes mesmo de você pensar no que vai fazer. Isso fala mal – bem mal – de você. Tenha coragem, gafanhoto, primeiro pense e depois (mas só depois) olhe para o lado.
- O mundo digital não será o mesmo daqui a três anos, assim como não era há três. Não pense que ‘entende o mercado’ apenas porque sua marca está inserida nele.
- Dinheiro aplicado pressupõe resultados. É fácil falar, mas difícil pensar no dia a dia. Imagine cada post precisando gerar retorno. É horrível, mas that’s life (não, a gente não pensa assim o tempo todo, apenas de vez em quando).
20. Parabéns! Você chegou ao final da primeira etapa do ciclo de 147 etapas para entender o meio digital. Força, foco e fé, você chega lá!